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segunda, 06 de maio de 2024

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HIP HOP : Som para abrir as portas da percepção

HIP HOP : Som para abrir as portas da percepção
06 maio
09:54 2015

Por Carlos Cogoy

Quinta novamente em Pelotas. No evento com a produção do Vaguinho “No Treta”, riograndino Michael Costa do Amaral – DJ “Micha” como é conhecido no Hip Hop -, estará ao lado de Nitro Di (Da Guedes/PoA), e o rapper  Zudizilla. Em visitas semanais, o vínculo com Pelotas remonta há dez anos. Na trajetória, “Micha” tem sido o DJ de grupos como a Banca CNR, trabalho solo do rapper Guido CNR e também Zudizilla. DJ talentoso, sua habilidade e criatividade tem proporcionado novas perspectivas. Assim, motivando-se pelo apelido “Micha”, salienta que tem aberto portas artísticas na região e também fora do Estado.

Do Loteamento Dunas a festas de formatura, de encontro internacional de grafite na capital gaúcha à casa “Sintonia DJ Club” em São Paulo. Profissional da sonorização, “Micha” salienta que o trabalho é muito mais do que apertar o “play”: “Ser DJ vai bem além de pressionar o play. Quando comecei a subir no palco, sentir a energia e ver que as pessoas estavam observando, então passei a me cobrar aprendizado. A evolução ocorreu naturalmente, porém no início a internet não era fácil. O acesso não era como hoje, então eu buscava informações com aqueles que já eram da cultura. Nas revistas, vídeos e discos, acompanhava e aprendia. Como residia em Rio Grande, as informações também demoravam, então o jeito era aprender com os amigos. Eu tinha apenas um aparelho, três em um, e a motivação pelo Hip Hop”. O ingresso antecipado para a festa na Follow, pode ser adquirido na Marola Core – rua Voluntários da Pátria 828.

EQUIPAMENTO – Sobre os equipamentos, Micha menciona: “O maior desafio aos DJs no Brasil, é conseguir os equipamentos do sonhos. É uma parada de alto valor. Como é importado, muitas vezes não encontramos no interior. Então é preciso ir numa capital e buscar. Isso é bem complicado às vezes, tornando-se um teste de sobrevivência. Também define se é o que realmente se deseja. O meu primeiro equipamento foi ‘três em um’, depois o toca-disco Garrard. Era comum encontrar em qualquer sala, eu não tinha noção e queria fazer os efeitos que via e ouvia.

Também houve fase que usei equipamento emprestado, e também alugado. Enfim, uma grande luta. Mas o fato de ir pra Pelotas e tocar com a Banca CNR, grupo de destaque, exigiu que trabalhasse bastante e corresse atrás de equipamentos profissionais. E existem várias plataformas de trabalho. Eu sempre utilizo o toca-disco, vinil, e um simulador que permite trabalhar com LP as músicas do computador. Então, está cada vez mais viva a resistência  pelo trabalho com o vinil e toca-disco. Tenho muitos amigos DJs, inclusive que tocam outros estilos, alguns gostam de CDJ outros apenas de computador. Respeito cada um deles, assim como respeito a música em geral. Mas, quero evoluir, então tenho que mixar, conhecer sobre música, estudar, pesquisar e sempre estar informado. Além disso, é fundamental o compromisso do DJ com o grupo, pois é quem carrega o instrumental. Então, o DJ é o coração da banda. Se falhar, a culpa é dele”.

Micha considera que a essência do Hip Hop é “salvar vidas”

Micha considera que a essência do Hip Hop é “salvar vidas”

HIP HOP SALVA – Sobre a cultura de rua: “Em Rio Grande a música sempre teve presente nas casas que freqüentava. Mas quando comecei a acompanhar o skate e grafite, então conheci o Hip Hop. Foi o início de uma grande paixão. Tinha amigo que era rapper, mais experiente, daí eu perguntava sobre várias coisas. Sou da política de manter a mente ocupada pois, com bons objetivos, não terei tempo pra pensar bobagem ou seguir caminhos errados. Vim da periferia e sei o quanto é importante manter a molecada ocupada com coisa boas. Por isso, sempre que tenho tempo ministro oficinas. O objetivo é manter viva a essência do Hip Hop. Trata-se de salvar vidas, assim como ele salvou a minha”. E Micha tem levado sua arte a públicos diferentes. Ele cita desde projetos sociais e escolas até universidades. Em atividades da “Casa Fora do Eixo”, participou de eventos em Pelotas e Santa Maria. Além dos palcos, Micha mantém-se integrado a atividades do Hip Hop nas ruas dos bairros.

DISCO está entre os projetos de Micha neste ano. A ideia é produzir coletânea com um pouco da sua criatividade sonora. Sobre o frágil limite entre recriar e copiar, o DJ acrescenta: “Estudar e pesquisar sobre música, proporciona a visão acerca de muita coisa que inicialmente soaria apenas como inspiração. Tenho planos para me dedicar à produção de instrumental e trabalhar com sampler. Acredito que cada DJ dá seu toque mágico no trabalho. Isso faz com ele se destaque pela sua personalidade. Então, é relativo quando se fala em cópia. Considero que, assim como tudo na vida, é uma inspiração. Tem que ter inspiração para ser realizado”.

APELIDO – Micha explica: “Como é comum na periferia, os caras adoram colocar apelido. E ‘Micha’ veio do nome Michael. Aí começou Micha pra lá, Micha pra cá. E quando não se gosta, daí é que pega mesmo. Então já era, ficou. Eu brinco com os caras que micha abre todas as portas, e eu quero abrir mesmo. Tô correndo pra isso”.

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