Diário da Manhã

terça, 24 de dezembro de 2024

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HUSFP realiza mais uma captação de órgãos

23 novembro
09:15 2021

O Hospital Universitário São Francisco de Paula realizou neste mês a terceira captação de órgão do ano. As outras duas ocorreram em julho e agosto. Assim como nas demais, esta também foi de múltiplos órgãos e tecidos, resultando na captação de dois rins, fígado e duas córneas.

É o terceiro procedimento feito neste ano na casa de saúde

Com a pandemia da Covid-19 os procedimentos que já eram escassos, especialmente pela falta de diálogo familiar, ficaram ainda mais raros em razão do vírus. Conforme dados da Central de transplantes do Rio Grande do Sul, só no estado são mais de 2,7 mil pessoas à espera de um órgão. Na esfera federal esse número ultrapassa 50 mil brasileiros.

“O país tem 1,5 milhão de óbitos ao ano, segundo dados do IBGE. E é por isso que a discussão e esclarecimento sobre morte encefálica/doação de órgão é tão importante”, analisa Luciano Teixeira, médico, presidente da Comissão Intra Hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott) do HUSFP.

Conforme Teixeira, um único doador tem potencial de ajudar até mais de uma dezena de pessoas. “É claro que a dor da perda não é extinta ou substituída quando da doação, mas saber que o paciente efetivamente ajudou muitas outras pessoas a deixarem as listas de espera, a terem uma possibilidade de prosseguir com suas vidas, seus projetos, suas aspirações, faz com que a caminhada dos que permanecem seja um pouco mais leve”, comenta.

 

A COVID E SUAS REPERCUSSÕES

Há cerca de 15 anos o hospital conta com uma Cihdott. Em 2020 e neste ano o trabalho da Comissão tem sido fortemente impactado pela pandemia. No ano passado oito famílias disseram sim à doação. Em anos anteriores os números eram superiores.

Os reflexos da crise sanitária não são exclusividade do HUSFP. Conforme dados da Central de Transplantes do Estado, até outubro deste ano foram efetivadas 381 doações de órgãos no Rio Grande do Sul, enquanto em 2019 esse número chegou a 551 em igual período.

De acordo com o presidente da Cihdott do HUSFP nesses quase dois anos de crise sanitária ocorreu uma redução substancial no número absoluto de pacientes em quadro de morte encefálica, explicada pela superlotação das UTIs, ocupadas por pacientes com Covid ativo ou por sequelas graves deixadas pelo vírus que requerem internações bastante prolongadas.

“Durante vários meses um aumento de contra-indicações à doação, quando da morte encefálica confirmada, por risco de contato com a Covid”, recorda Teixeira

 

DEIXE CLARO SEU DESEJO !

De acordo com a última atualização do relatório da Central de Transplantes gaúcha, foram realizadas 555 notificações, destas, apenas 23% foram efetivadas. No topo da lista, perdendo apenas para a contra-indicação médica por conta da Covid-19, está negativa da família.

Só neste ano, 128 famílias não autorizaram a doação. O dado reforça a necessidade de que o assunto deixe cada vez mais de ser tratado como tabu e seja debatido nos lares dos brasileiros. Depois de esgotadas todas as análises e atestada a morte encefálica, quem decide pela doação é a família.

“Por isso é de suma importância a discussão prévia do assunto. Se já houve uma conversa, decisão e entendimento prévio por parte do núcleo familiar, se já há o desejo de doar, se já estão claras grande parte das dúvidas que sempre surgem, esse momento de perda e perplexidade passa a ser, ainda que minimamente, um pouco menos penoso, e, certa forma, até reconfortante, uma vez que os desejos da pessoa em morte encefálica possam ser respeitados, no caso, com a possibilidade de auxiliar várias outras pessoas”, pontua Teixeira.

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