IDEIAS DO TÉCNICO : “O Pelotas precisa ser pragmático”
Rospide fala da necessidade de uma espinha dorsal com jogadores experientes para jogar a Divisão de Acesso
O técnico Marcelo Rospide valoriza as ideias para, com criatividade, buscar solução a fim de que o Pelotas tenha as condições necessárias para alcançar o acesso à primeira divisão. Ele passou dois dias (quarta e quinta-feira) na Boca do Lobo – acompanhado de seu auxiliar Caco Espinosa – tratando da pré-temporada, que vai começar no dia 23 de janeiro. A preparação será de 40 dias para a estreia na Divisão de Acesso, que ocorrerá em 5 de março, diante do Avenida, em Pelotas.
“O futebol moderno exige ideias corretas. Se não temos as melhores condições, nós precisamos ter o entendimento do que é preciso fazer. E a partir daí vamos buscar a garantia dessas condições necessárias”, diz o treinador, que tem uma carreira (na maior parte do tempo) de trabalho em clube grande. Numa outra realidade financeira. “No Pelotas, a estrutura mostra uma realidade humilde, mas suficiente para o nosso trabalho”, afirma Rospide.
O treinador antecipa a necessidade de contratar uma “espinha dorsal” de jogadores experientes, os quais possam dar a base emocional ao grupo, considerando que a Divisão de Acesso se tornou uma competição mais curta e decisiva. O restante do elenco será complementado por jovens (inclusive, os que estão se destacando na categoria sub-17). A ideia de Marcelo Rospide é trabalhar com 28 jogadores. “Vamos de contratar de 15 a 20 atletas”, completa.
Quanto ao modelo de jogo, Rospide promete uma equipe “pragmática”, que proponha o jogo quando for possível, especialmente jogando dentro de casa; e postura eficiente como visitante. “Vamos recorrer a palavra comum no futebol que é equilíbrio, mas sem deixarmos de ser protagonistas”, afirma.
Ansioso para voltar ao campo
Depois de ficar quatro anos trabalhando na superintendência das categorias de base do Corinthians, Marcelo Rospide admite estar ansioso com o retorno às atividades de campo. Essa volta ao comando de treinos e preparação da equipe vai demorar exatamente mais um mês. Enquanto isso, a rotina será desenvolvida nos bastidores, junto com a direção, buscando jogadores para compor o elenco do Pelotas.
“Estou vendendo uma ideia aos atletas, com a perspectiva de acesso e de jogar num time que tem torcida”, afirma o treinador. Sua avaliação é positiva do sucesso nesta empreitada – tanto que na próxima semana, o Pelotas deverá estar anunciando os primeiros contratados. A promessa é que serão jogadores experientes e conhecedores da segunda divisão.
Rospide diz que sua ideia tática parte do 4-4-2, com variações de acordo com a característica dos jogadores. Também o elogia o 4-1-4-1, que considera um “sistema seguro”. Mas alerta que análise não pode ser pretender aos números. “Às vezes, os números são usados para enganar. Se fala de uma maneira de jogar, mas quando se olha no campo se vê outra coisa diferente”, ressalta.
No Corinthians, Rospide era responsável pela coordenação de seis categorias. “Um trabalho muito desgaste físico e mental, com carga horária das 8h às 20h diariamente. O treinador tem mais desgaste emocional. Mas do que eu mais senti falta foi do trabalho de campo”, revela.
Uma situação mal resolvida
“Uma situação mal resolvida”. É desta maneira que Marcelo Rospide define sua passagem relâmpago pelo Brasil em 2012 – justamente, seu último trabalho como treinador de campo. Ele comandou a equipe rubro-negra em apenas seis partidas – duas vitórias, um empate e três derrotas -, ficando menos de um mês na Baixada. Foi demitido, após derrota de 2 a 0 para o Brasil de Farroupilha, no Bento Freitas.
“Eu estava conhecendo ainda o grupo e tirando as conclusões sobre a melhor maneira de jogar. Mas não houve tempo”, recorda o treinador, que foi contratado pelo Xavante após uma vitória de 2 a 1 no Bento Freitas, dirigindo a equipe do Guarani de Venâncio Aires. Essa foi a outra experiência (também rápida) de Marcelo Rospide no interior gaúcho.
No Pelotas, o treinador pensa em ficar bem mais tempo – até porque entende que a continuidade é o caminho mais seguro para a conquista de bons resultados. O presidente Luiz Antônio Aleixo justificou a contratação de Rospide, apontando que o treinador se enquadra no projeto do clube, que é de formar uma base de jogadores jovens para o futuro. Antes disso, porém, existe uma situação emergencial, que é subir para a primeira divisão.
“Estamos sim plantando uma semente para o futuro. Entendo que é preciso ter a categoria sub-20, que é a categoria de transição do atleta para o profissional neste processo de fomento do atleta”, afirma. O futuro passa, no entanto, pelo presente. O projeto só será viabilizado se o Pelotas encerrar seu período de penitência na segunda divisão – sacrífico que já se estende por dois anos.
Carreira
Natural de Porto Alegre, Marcelo Rospide, 45 anos, começou sua relação com o futebol no Grêmio. Primeiro como jogador da base tricolor. Entrou na escolinha e ficou até os 19 anos, quando reconheceu que para continuar no futebol teria que estudar. Ingressou no curso de educação física e retornou ao clube em 1993. Passou por todas as divisões da base até chegar à condição de auxiliar-técnico do grupo principal.
Foi auxiliar de Cléber Xavier, Mano Menezes, Vagner Mancini, Celso Roth, Paulo Autuori e Silas. Assumiu interinamente a equipe gremista em alguns momentos – destaque para a campanha na primeira fase da Libertadores de 2009, quando dirigia o time do Grêmio antes da chegada de Autuori.
Na carreira solo, Rospide treinou o Grêmio Prudente, Porto Alegre, Guarani/VA e Brasil. Desde 2012, ele desempenhava a função de superintendente da base do Corinthians.