Diário da Manhã

Uma mistura de técnica e criatividade são os principais ingredientes da oficina de Histórias em Quadrinhos (HQ) que acontece até amanhã (14), no IFSul-câmpus Pelotas. A atividade integra a programação oficial da segunda edição do Tô Dentro IFSul, evento de acolhida criado pela escola para integrar os estudantes, criando uma relação de identidade e pertencimento com a instituição.

Pela primeira vez na programação, a oficina tem como objetivo oferecer aos estudantes a oportunidade de conhecer um pouco sobre a trajetória das HQ, seu processo de produção e, principalmente, de publicação. Entre os 14 inscritos para entrar neste mundo, 11 são meninas, o que não surpreende.

Albert e a namorada Franciele
Foto: Elise Souza

De acordo com Wagner dos Passos, ministrante da oficina, a participação das mulheres no mundo dos quadrinhos vem aumentando. “Os quadrinhos estão sendo muito disseminados nas redes sociais, o que torna o acesso mais fácil. A inspiração para que as mulheres entrem nesse mercado vem a partir do momento que elas conhecem outras mulheres fazendo isso e se sentem mais à vontade para trabalhar com essa forma de se expressar”, ressalta.

Uma das oficineiras inscritas, Lóren Cruz é aluna do curso técnico em Design de Interiores e conta que tem o desenho como hobby. A garota de 13 anos, que esboça ideias no papel desde pequena, já fez um curso rápido de desenho, mas resolveu participar para conhecer uma nova área. “Me considero uma boa desenhista e costumo desenhar com modelo vivo, mas uma área que eu nunca explorei foi a dos quadrinhos e queria aprender”, relata.

Já Albert de Souza, de 16 anos, é um apaixonado por desenho. Tanto que já decidiu o que quer para sua vida: ser cartunista. O estudante do curso técnico em Comunicação Visual já fez curso de desenho, participou de outras oficinas e até já expôs suas produções na escola de música do tio, mas nunca perde a oportunidade de se aperfeiçoar e colecionar mais algumas experiências em seu currículo.

“Minha expectativa é trabalhar em uma grande editora de quadrinhos. Ganhar meu sustento com isso é o que eu quero desde sempre. Decidi participar porque acredito que é uma oportunidade única, já que além de enriquecer o currículo, é uma forma de aprender como fazer HQ”, conta o estudante, que sonha em cursar Cinema de Animação na UFPel.

E o jovem não foi sozinho. Ele também levou a namorada. Francieli dos Santos, também de 16 anos, tem gosto pelos desenhos e decidiu participar quando soube que dividiria a experiência com o amado. A aluna, que desenhava muito quando pequena, retomou o hábito quando entrou para o curso técnico em Comunicação Visual.

“Estou aqui para ouvir a opinião de alguém que faz HQ e que pode passar dicas práticas. Também gosto muito de escrever e decidi me inscrever quando vi que na oficina trabalharíamos com roteiros” diz.

Oficina faz parte da programação do ”Tô Dentro IFSul” e ocorre até amanhã
Foto: Elise Souza

Fazer muito com pouco – Produzir um bom material com poucos recursos é o objetivo da oficina de HQ, de acordo com Passos. Da teoria à prática, os alunos inscritos passarão de um panorama histórico, conhecimento de técnicas e possibilidades de desenho e publicação, no primeiro dia, para produção de roteiro e desenhos para histórias em quadrinhos no segundo.

“A proposta é utilizar e otimizar os materiais mais simples, que qualquer pessoa possa ter disponível, como folhas, lápis e canetas. Em termos de desenho, o material mais tecnológico será o pincel e o nanquim. A ideia é mostrar que é possível fazer muito com pouco, qualificando detalhes na narrativa, detalhes do desenho e imprimir em casa ou em xerox, possibilitando que o estudante conheça todo o processo de produção e possa se motivar a fazer suas próprias publicações”, explica o ministrante.

Envolvido há mais de 15 anos com desenho, ele acumula experiências em histórias em quadrinhos, cartuns, ilustração, livros infantis, street art, fotografia, animação e produção de videodocumentários.

Como resultado da oficina, será editado um fanzine com os desenhos produzidos pelos oficineiros, apresentando as possibilidades de edição e publicação independente. A produção final poderá ser apreciada pelo público na sexta-feira (15), em uma exposição montada no saguão da escola, onde também serão distribuídos exemplares do material.

Encerramento em grande estilo – A exposição dos fanzines é apenas mais uma entre as atrações de encerramento do Tô Dentro. Também na sexta-feira, a segunda edição da Invasão Atlântida no IFSul chega à escola para divertir veteranos e novatos. Com apresentação da banda Mister Dom e interação com os comunicadores da rádio, a promoção da Rádio Atlântida irá balançar o câmpus Pelotas das 16h às 18h.

Realizado pela primeira vez na final dos Jogos Intercursos 2014, em maio, o evento caiu no gosto dos alunos e promete fazer tanto sucesso quanto na edição anterior, quando a quadra poliesportiva do câmpus ficou tomada de estudantes ao som da banda Champagnota.

Fotos/crédito: Elise Souza