Imigrantes senegaleses pedem ajuda da Câmara
Jovens senegaleses que tiveram o material de trabalho apreendido pelos fiscais da Prefeitura, na quarta-feira, no centro de Pelotas, estiveram na Câmara Municipal, para pedir ajuda dos vereadores.
Eles estavam acompanhados de Flávio Souza, que integra o movimento negro de Pelotas. Flávio explicou aos parlamentares a necessidade de recuperação dos objetos apreendidos, única fonte de renda dos jovens para comprar alimentos, pagar aluguel e enviar dinheiro aos familiares que ficaram no Senegal.
Eles foram recebidos pelos vereadores Ricardo Santos (PDT) e Ivan Duarte (PT) e pela assessoria do deputado estadual Catarina Paladini.
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, Catarina já havia agendado reunião, na próxima segunda-feira, à tarde, com o secretário municipal de Justiça Social, Thiago Bündchen, para que seja encontrada uma solução. Os vereadores e os jovens senegaleses também estarão presentes.
Dame Gueye, que morou em Porto Alegre, e ajudou a fundar a Associação de Senegaleses da capital, era intérprete do grupo. Ele disse que a situação dos companheiros é muito difícil. Apesar de muitos terem curso superior, falarem diversos idiomas e terem disposição para trabalhar, têm sido constantemente recusados nos lugares onde se apresentam.
Em outros, as propostas chegam a ser vexatórias. Um deles, convidado a lecionar francês em um conhecido curso da cidade, recebeu a oferta de R$ 10,00 a hora. “Melhor trabalhar na rua do que ser explorado”, afirmou Dame Gueye, que é garçom e segurança particular.
Emocionado, Dame desabafou sobre sua experiência num restaurante em Porto Alegre que, num dia ruim, chega a receber 700 clientes: “falo quatro idiomas. Não é fácil um restaurante ter um garçom poliglota. Mas o dono não queria assinar minha carteira e queria me pagar R$ 200,00. Quando disse que assim não me interessava, ele me ofereceu R$ 300,00”.
No olhar de cada um, o medo pela incerteza do que virá. Sem condições de trabalhar, onde vão morar? Como se alimentarão? E como vão ajudar as famílias que esperam pela ajuda financeira que eles prometeram enviar quando se separaram de pais, esposas e filhos em busca da terra prometida?