Incra identifica território quilombola em Piratini
Foi publicado no Diário Oficial da União de ontem, edital dando publicidade ao Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) da comunidade quilombola da Fazenda Cachoeira, em Piratini. Após a elaboração de estudo sócio-histórico-antropológico e de levantamentos técnicos, entre outras peças exigidas, o Incra identificou uma área de 339,7 ha como território a ser regularizado, beneficiando as sete famílias da comunidade.
“O território é importante porque nos devolve o que é por direito da gente. Nascemos e vivemos como quilombolas nas terras” afirma Gesiane Rodrigues da Silva, da Associação Serra das Asperezas, que é presidida pela avó Islair Rodrigues da Silva e reúne as famílias da comunidade da Fazenda Cachoeira.
MEMÓRIA – O nome escolhido pela associação faz referência à geografia da região. O relatório antropológico elaborado por pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel em 2013) aponta a presença da parentela Rodrigues da Silva, da qual descendem as famílias, nas imediações do Passo do Alfaiate e Serra das Asperezas na passagem do século 19 para o século 20. O estudo é um registro da memória da comunidade, como assevera Gesiane, que se emociona ao ler sobre o pai Manoel Rodrigues da Silva, falecido em 2018, e sobre seus antepassados: “a gente resgata a nossa história”.
A comunidade foi certificada pela Fundação Cultural Palmares em 2006 e abriu o processo de regularização do território no Incra em 2007. Com a publicação do RTID, o processo avança. Após notificações, interessados terão prazo de 90 dias para apresentar contestações ao relatório.
Este é o 24º RTID publicado pelo Incra/RS – o primeiro deste ano. No Rio Grande do Sul, quatro comunidades quilombolas foram tituladas integral ou parcialmente: Casca (Mostardas), Chácara das Rosas (Canoas), Família Silva (Porto Alegre) e Rincão dos Martimianos (Restinga Seca).