JAIRO JORGE : Pré-candidatura ao governo do Estado
Nesta sexta às 19h na Câmara Municipal, pré-candidato Jairo Jorge estará debatendo a crise e apresentando propostas
Por Carlos Cogoy
Ele já visitou 250 cidades gaúchas. Nesta semana está em Pelotas, mas a meta é percorrer os quase quinhentos municípios do Estado. A ideia é dialogar com a população, ouvindo reivindicações e compartilhando ideias. Para o jornalista Jairo Jorge, pré-candidato ao governo pelo PDT, a crise existe mas o “Estado tem solução”. Preparando-se para a convenção que, a 5 de outubro, definirá a candidatura do trabalhismo ao Palácio Piratini, apresenta dados sobre as duas gestões na prefeitura de Canoas, bem como avalia o governo Sartori, e critica a ruptura institucional que guindou Temer à Presidência da República.
ESTADO – Sobre a cenário estadual, o pré-candidato afirma: “Respeito o governo Sartori, mas não concordo com a tese que considera a crise como insolúvel. O Rio Grande do Sul tem solução, o que não é fácil diante de um contexto complexo. Porém, não há solução que não passe pela valorização dos servidores, especialmente em áreas como educação e segurança. O governador é eleito para governar, e não se tornar um ‘leiloeiro’, dilapidando patrimônio e serviço público. Foi o que Antonio Britto tentou, e não deu resultado. A mudança deve ser na gestão das empresas públicas, com mais foco no cidadão.
Na proposta que apresentamos, entre os eixos estão educação, segurança, saúde e fomento ao desenvolvimento, através da parceria público-privado. Na renegociação da dívida com o governo federal, nem Tarso diante de Dilma, ou Sartori perante Temer, tiveram altivez para o acerto de contas. Sartori vende ativos, e mesmo assim houve acréscimo de R$11 bilhões na dívida do Estado. No entanto, conforme a Lei Kandir, a União também deve ao Estado e, havendo abatimento, teríamos menos R$30 bilhões. Mas a negociação foi estabelecida num péssimo patamar, e o que vemos é a injustiça, pois professores e brigadianos são considerados como culpados. No entanto, levantamento mostra que, a média salarial de 94 mil servidores, é de R$2.500,00. Na verdade, estão abusando da inteligência dos gaúchos. Então, o que é possível fazer? Ora, nossa arrecadação é frágil, enquanto o Paraná tem o dobro de auditores fiscais. Precisamos seguir o exemplo do Paraná e Santa Catarina, que têm combatido a sonegação com redução nos impostos. Estima-se que a sonegação no Estado beire os R$7 bilhões”.
TEMER na opinião de Jairo Jorge: “As leis podem mudar, mas a reforma trabalhista que observamos é a precarização. Não houve diálogo e participação, e muitos direitos foram jogados no lixo. A Organização Internacional do Trabalho (OIT), advertiu sobre os riscos. Então, notamos que o governo tem mostrado sua face, que é perversa, com corrupção e subserviência. Mas vai pagar seu preço. Vamos aguardar as denúncias que serão apresentadas. A melhor saída para o Brasil é a democracia”.
A saída do PT
Divórcio amigável. Expressão de Jairo Jorge, para explicar a saída do Partido dos Trabalhadores (PT). Como liderança petista no Estado, notabilizou-se em Canoas, e chegou a secretário executivo do Ministério da Educação. Ele explica sobre a mudança partidária: “Minhas ideias já não cabiam no PT, e encontrei mais identidade programática no PDT, um partido de centro-esquerda”. Manifestando respeito pelo PT, salienta que procurou renovação, e no PDT suas ideias foram bem recebidas.
Jairo Jorge acrescenta: “Sou de famílida humilde e, através da educação é que pude encontrar perspectivas. Mas foi no Ministério da Educação e, como pró-reitor na ULBRA, que fui verificando o quanto o PDT está comprometido com a área da educação. Então, intensificou-se a aproximação com o trabalhismo”.
Brizola almejou a Presidência. Em 2002, no seu último voto para Presidente da República, optou pela candidatura de Ciro Gomes. Em 2018, conforme Jairo Jorge, poderá se cumprir o sonho de Brizola, com Ciro Gomes vencendo a corrida ao Palácio do Planalto. “A democracia sempre será a solução, a única verdadeira diante de qualquer crise”, diz o pré-candidato do PDT.
Fundo para a educação
A educação pública estadual, é uma das áreas que mais tem sofrido na atual gestão no Palácio Piratini. Com experiência no Ministério da Educação – chegou a comandar a pasta interinamente -, Jairo Jorge observa que apenas a sua trajetória na área, não é suficiente para a gestão eficaz. Para o êxito, diz que é necessário conciliar “experiência e energia”. Assim, além da vivência, também é essencial a iniciativa para buscar alternativas. Como pré-candidato que foi um dos autores do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), enfatiza a forte ligação do PDT com a área da educação, e esboça a criação de Fundo para a Educação.
IDEIA – De acordo com o pré-candidato Jairo Jorge, Banrisul e CEEE são instituições estratégicas aos gaúchos. No entanto, necessitam de outro “nível organizacional”. Com a retomada do padrão de atendimento do Banrisul, avalia Jairo Jorge, perspectiva de duplicação do faturamento. O lucro que for acrescido com a nova gestão, assegura o pré-candidato, será investido em educação. Como fonte para o fundo da educação, também serão canalizados os recursos da venda de ativos, como prédios e terrenos.
Regionalização da saúde
Ações do governo Sartori, têm prenunciado a possibilidade de privatização do plano de saúde dos servidores. De acordo com Jairo Jorge, como alternativa ao desmantelamento de órgãos como o Instituto de Previdência do Estado (IPE), trata-se de “recuperar a área da saúde, com capacidade de gestão que seja respeitada. Assim, com viés que honre compromissos”.
REDE – O representante do PDT, observa que o Estado possui perfil peculiar em relação à saúde pública. Diante da ausência do poder público, foi se estruturando rede com hospitais filantrópicos. Noutros Estados, afirma Jairo Jorge, não se tem essa realidade. “Atualmente, com estrangulamento financeiro, os hospitais estão à míngua, na iminência de fechamento. A saída poderia ser um consórcio, com regionalização que viabilize a manutenção e continuidade. Como exemplo, na Zona Sul, diante de situações como a asfixia de recursos, decorrente do crônico atraso nos repasses do governo estadual, hospitais de Canguçu e São Lourenço do Sul, estiveram a ponto de encerrar o atendimento. A alternativa seria definir uma rede que não deixe a população sem a acolhida e cuidados médicos”, sugere o pré-candidato.
Segurança pública
Após a vitória eleitoral à Prefeitura em 2016, Paula Mascarenhas esteve visitando o então prefeito Jairo Jorge em Canoas. Entre os temas abordados, conforme recorda o pré-candidato, estava a área da segurança pública. Afinal, conforme enfatiza, no município – sob gestão de Jairo Jorge entre 2009 e 2016 -, enquanto no Estado ocorreu aumento de 60% no número de homicídios, em Canoas houve redução para 20%. Entre as causas para o êxito, afirma o ex-prefeito, a busca por inovação e tecnologia.
EQUIPAMENTOS – Jairo Jorge esteve em Nova York, e Medellín na Colômbia, para conhecer ações e equipamentos de segurança pública. Ele adaptou inovações, e instalou quase duas centenas de câmeras de segurança em Canoas, bem como sistema que agilmente detecta aonde foi efetuado tiro. Como pré-candidato ao governo do Estado, Jairo Jorge compara que, na gestão de Collares, eram trinta mil policiais militares. Atualmente são dezoito mil. Como causas para a redução, aposentadoria de quatro mil brigadianos, em decorrência da política de retirada de gratificações, bem como das horas-extras. Ele frisa: “A violência cresceu, e não é por acaso”.