João Simões Lopes Neto para sempre na praça
Maior escritor regionalista do País é perpetuado em estátua na Coronel Pedro Osório
“Que momento!” “Que biênio!” Estas foram as exclamações mais proferidas, na manhã desta sexta-feira (16/12/2016), na praça Coronel Pedro, por simoneanos, por autoridades e pelo público que prestigiou a inauguração da estátua em bronze, em tamanho natural, do escritor pelotense João Simões Lopes Neto sentado em um banco, instalada no canteiro da praça pela rua Lobo da Costa, perto da esquina com a 15 de Novembro.
A criação de uma escultura em tamanho real, de João Simões Lopes Neto, faz parte dos projetos do Biênio Simoneano (2015/2016), instituído pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através do Decreto nº 52.278/20-15, com o objetivo de homenagear a vida e a obra do escritor.
“A obra cria um novo ponto de atração cultural em Pelotas, identifica a cidade o orgulha os pelotenses”, afirmou o prefeito Eduardo Leite, concordando com a posição dos que afirmam ser um resgate à importância do escritor e uma valorização patrimonial. “Procuramos, apesar da crise, preservar recursos para a Cultura – ela faz parte da personalidade do Município.”
A vice-prefeita e prefeita eleita Paula Mascarenhas, primeira presidente do Instituto João Simões Lopes Neto (IJSLN), de 1999 a 2008, contou que simoneanos e o Poder Público chegaram à conclusão que era preciso algo muito especial para homenagear Simões. “O biênio teve esses momentos especiais, e a inauguração da escultura o encerra com chave de ouro. Simões não está aqui estático. Ele está sentado, à espera de companhia, de leitores, de admiradores de sua obra. Pelotas deve se tornar conhecida como a cidade de João Simões Lopes Neto. É assim que deve ser”, ponderou Paula.
A escultura foi confeccionada pelo artista plástico mineiro Léo Santana – também formado em publicidade e propaganda e em desenho industrial. Santana é autor de outras obras importantes, como o busto de Juscelino Kubitschek de Oliveira, as estátuas de Tiradentes, de Graciliano Ramos, de Tancredo neves e a famosa de Carlos Drummond de Andrade, que fica no calçadão de Copacabana, no Rio de Janeiro. A de João Simões Lopes Neto exigiu quatro meses de trabalho e pesa 230 quilos. O banco de praça em que está sentado o escritor também faz parte do monumento.
Escolas
A cerimônia foi acompanhada pela banda da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Independência. Representando as instituições educacionais da rede, diretores receberam um kit com o catálogo da mostra que está aberta até domingo (18/12), no Santander Cultural, em Porto Alegre, intitulada “Onde não chega o olhar prossegue o pensamento”, mais o livro infantil Negrinho do Pastoreio e livrinhos com obras de Simões em cordel. Ao todo, 60 kits serão repassados a escolas pelo Instituto João Simões Lopes Neto. O secretário de Cultura, Giorgio Ronna, entre outras autoridades, fez a entrega do material.
Manifestações
O escritor Aldyr Garcia Schlee – orador da Feira do Livro deste ano – disse que a escultura veio para “apagar a ideia de que João Simões Lopes Neto teria sido um velho e bom sujeito. Pelotas resgata uma dívida com a memória literária, com incomparável criação estética marcada pela regionalidade. Trata-se de um patriarca da Literatura e das Letras, que deu voz e vez ao gaúcho Blau Nunes” – personagem narrador de grande parte da obra de Simões.
Para o Banrisul, o patrocínio da estátua foi uma retribuição a Pelotas, onde o Banco teve sua origem (antigo Banco Pelotense). “O Banrisul, como agente econômico, também tem papel social, de sustentabilidade e cultural a cumprir. Na cultura, procuramos participar de causas perenes, e a escultura é uma delas”, afirmou o presidente Luiz Gonzaga Veras Mota.
O presidente do IJSLN, Antônio Carlos Mazza Leite, afirmou que o escritor muito frequentou o Centro Histórico de hoje. “Ele fez parte da Intendência (prefeitura), era assíduo na Bibliotheca e na praça, onde permanecerá perpetuado. A escultura, além de preservar sua memória, será mais um ponto de atração turística de sua terra natal.”
Representando o Governo do Estado, o secretário da Cultura do RS, Victor Hugo Alves da Silva, manifestou reconhecimento e agradecimento. “Reconhecimento aos parceiros de caminhada; às jovens lideranças de Eduardo e Paula, que significam exceções mas deveriam se multiplicar no País. Agradecimento à política cultural do Banrisul, com gestão profissional e sensível à responsabilidade social.”
A sobrinha-neta de escritor, Lucinha Simões Lopes, foi a primeira a sentar-se no banco, ao lado da estátua do escritor, para ser fotografada. Depois, as autoridades e o público. O evento foi acompanhado por secretários e diretores do Município e por pessoas envolvidas no processo.
No Instituto
Após a cerimônia de inauguração da estátua, autoridades foram à sede do IJSLN, localizada à rua Dom Pedro II, 810, para descerramento de uma placa registrando a data marcante de homenagem à vida e obra do escritor.
“Depois de uma cerimônia linda e emocionante, não poderíamos deixar de marcar a data na casa que pertenceu ao escritor”, afirmou a vice-prefeita Paula, enfatizando que “tudo que o Instituto faz dá certo. Criou-se uma energia em torno de Simões Lopes que aproxima e une pessoas de bem, de caráter e que querem construir coletivamente”.
