Jovem autora pelotense Rauita Garcia escreve sobre o amor e causas sociais
Por Carlos Cogoy
Com a quarentena e a mudança na rotina, durante a pandemia, a estudante de psicologia Rauita Garcia (25 anos), encontrou na criação literária, uma forma de expressão que, através das redes sociais, foi cativando leitores. Publicando poemas, aldravias – ideia condensada em seis versos -, minicontos e tautogramas – versos que iniciam com a mesma letra -, ela tem compartilhado abordagens sobre sentimentos amorosos, causas indígena e antirracista, questionamentos sobre o machismo, críticas à homofobia, e o anseio por equidade ás pessoas com deficiência. A produção, ainda em 2020, proporcionou a publicação do livro de estreia “Presente” (87 páginas), lançado pela editora Pindorama. Já neste ano, a obra ganhou versão virtual, que está com valor promocional. O e-book do livro “Presente”, pode ser adquirido na Amazon, por R$4,00 até o fim deste mês. Informações no Instagram: @poetarauita.
LIVRO impresso de Rauita, que reside no bairro Areal, e cursa psicologia na UCPel, pode ser adquirido diretamente com a autora. Ela menciona que houve surpresa, após a divulgação do lançamento online, e o volume já chegou a vinte Estados do País. Ainda restam alguns exemplares, e o valor é acessível. Além disso, a escritora observa que oferece, mediante a sugestão do leitor, um poema personalizado, bem como dedicatória e marca páginas. Também o embrulho é artesanal, agregando atenção ao pedido. A escritora ainda divulga o canal no Youtube Rauita Garcia.
ESCREVER – Admiradora do grupo de Rap Racionais MCs, e da rapper Mari Félix, cuja poesia narra as lutas feminista e antirracista, Rauita recorda que não foi grande leitora na escola, mas ficava empolgada quando havia a possibilidade de escrever. Há dois anos, dedicando-se à literatura, ela reflete: “Inicialmente, comecei falando de temas mais atemporais, como o amor, términos de relacionamentos, e questões ligadas à natureza. Posteriormente, fui elaborando poemas com base no que estávamos vivenciando, no caso, a Pandemia, o desejo pelas vacinas contra a Covid-19, e algumas críticas sociopolíticas. Porque, considero que a escrita, tanto pode ser doce, como amarga. Então, é aquela substância que, nalgum momento da vida, todo mundo precisa de uma dose. Assim, pode ser uma grande amiga e conselheira. E a minha literatura propõe algumas reflexões. Como acredito que, sempre podemos aprender uns com os outros, tento colocar questões que vão se tornando importantes no meu contexto. Com isso, após ter iniciado a minha escrita há dois anos, a cada dia busco aproximá-la de grupos, considerados como minorias sociais, ou seja, pessoas com deficiência, causa indígena, luta antirracista, comunidade lgbtqiap+”.
ALDRAVIA de Rauita: a /cura/ procura/ o/ tempo/ saracura. Um miniconto: Prendeu-me/ teu beijo roubado, fez-me carcerário.
PROJETO – Rauita acrescenta que também desenvolve poemas exclusivos, ou cartões, para complementar presentes. Como projeto, está organizando a loja “Aura”, que terá bijuterias e acessórios. Junto à família, participa da marmitaria vegana, a Veganita Vegg, cujo contato no Instagram é @veganitavegg.
Orgulho Intragável*
se o teu fascismo te fascina
o meu desprezo, a ti, se destina
se o teu racismo chamas de “racional”
o meu desejo é que perto de mim, não tenha nenhum, a ti, igual
se do teu machismo tu te orgulha
o meu orgulho em ser mulher vai mostrar que tu é coisa pequena, fagulha
se a tua xenofobia te faz rir,
o meu silêncio sufoca a tua chamada “piada engraçada”
se o teu preconceito te conceitua
não olhes pra mim,
nunca serei nada tua.
*Criação de RAUITA GARCIA