JUSTIÇA SOCIAL : Trabalhadores denunciam falta de condições para trabalhar
A convocação do secretário de Justiça Social e Cidadania, Luiz Eduardo Longaray, na manhã de ontem, no Legislativo, a pedido do vereador Marcos Ferreira (PT), transformou-se em uma reunião com a presença do Sindicato dos Municipários e de trabalhadores dos abrigos, dos centros de referência de assistência social (CRAS), do Centro Pop, dos serviços de proteção social e outros atendimentos a pessoas em situação de vulnerabilidade.
A falta de condições para trabalhar foi a tônica das denúncias. Mesmo convivendo com usuários com potencial de risco elevado, os servidores não contam com a proteção de agentes de segurança. Muitos relataram o assédio moral, como Adriana Martins, servidora concursada, há 15 anos na Secretaria e que afirmou existir um “terrorismo constante e velado”. Segundo Adriana, no dia anterior à reunião na Câmara, por exemplo, os servidores foram avisados que haveria corte de ponto para os que comparecessem.
Antônio Silva da Silva, que trabalha no Centro Pop, disse que o risco de morte é grande, principalmente para os que trabalham à noite. “Recebemos até ex-detentos e ninguém se preocupa com a gente nem conhece a nossa realidade”.
Eles também denunciaram que já houve falta de comida nas casas lares, que os trabalhadores não podem deixar o local de trabalho para almoçar, e que a insegurança dos trabalhadores durante a madrugada é muito grande.
Educadora social na Residência Inclusiva 1, Simone Martins disse ser a única na função na parte da manhã, com 17 usuários que sofrem de transtornos mentais. “Além disso, nem água temos, e mesmo assim somos perseguidos e ameaçados”, afirmou. “Eu mesma posso ser exonerada por ter vindo a essa reunião”.
Simone também contou que os técnicos de enfermagem que deveriam trabalhar no mesmo local não comparecem e que, muitas vezes, os educadores sociais se obrigam a aplicar insulina nos pacientes ou a entregar medicamentos a terceiros. “Educador social não é enfermeiro nem técnico em enfermagem e não pode aplicar insulina, mas na minha casa educadores aplicam”, denunciou a servidora.
Os trabalhadores também denunciaram a diferença entre os horários dos funcionários da Secretaria e dos demais órgãos. Segundo Adriana Martins, quem trabalha no órgão central faz seis horas/dia, e os demais cumprem oito horas/dia. A isso, o secretário Eduardo Longaray pediu que as denúncias sejam encaminhadas para serem averiguadas.
Eles receberam o apoio dos parlamentares e foi encaminhado pedido para que uma comissão visite os abrigos e os centros de referência na próxima semana. “Queremos que os próprios trabalhadores nos indiquem os locais que devemos visitar”, disse o vereador Marcos Ferreira.