LEI MUNICIPAL : Pelotas institui o Conselho dos Povos de Terreiro
Cores, tambores e rezas. As variadas formas de expressão das religiões de matriz africana tomaram conta da Prefeitura na noite de segunda-feira para celebrar a assinatura da Lei nº 6.584, que institui o Conselho Municipal dos Povos de Terreiro.
A atividade integrou a programação da Semana da Consciência Negra 2018, que teve como tema “130 anos de abolição?!”, e ressaltou a importância da cultura destes povos para a construção da história de Pelotas.
A criação do Conselho foi proposta pelos vereadores Ademar Ornel (DEM), Daiane Dias (PSB), Reinaldo Elias (PTB), Rafael Braga (PTB) e Fernanda Miranda (PSOL), e busca ainda mapear os centros e casas em que essas tradições são cultuadas, além de auxiliar para que novas políticas públicas, com base em dados e na experiência desses povos, sejam sancionadas e se reflitam em benefícios para a população.
Durante a cerimônia realizada na Sala Frederico Trebbi, que sedia ainda uma mostra de trabalhos escolares sobre a cultura negra, a prefeita Paula Mascarenhas destacou os significados envolvidos no momento, abrangendo a cultura e religiosidade.
“Avançamos no sentido de inclusão e é nisso que acredito: valorizar a cultura de matriz africana formadora de Pelotas. Este é o coroamento de um trabalho desenvolvido ao longo de anos, envolvendo as escolas, Dia do Patrimônio e a Virada Cultural”, afirmou a prefeita.
A presidente do novo Conselho, Gisa Oxalá, nascida num terreiro de umbanda, lembrou que essa conquista representa a luta de um povo pela valorização das suas práticas, e abençoou todos os presentes e aqueles diretamente envolvidos na concretização do projeto. Já a representante estadual do movimento, Isau de Oxum, deu ênfase ao papel da mulher negra nestas religiões, e como a ocupação de espaços de poder por elas precisa crescer em outras esferas. Ela ainda ponderou que, em um Estado laico, há lugar para todas as formas de cultuar o sagrado, e que todas essas manifestações merecem respeito.
A igualdade e a diversidade, o cuidado e a aceitação, é o que espera a prefeita a partir desse passo. “Com essas políticas, colocamos em evidência as nossas raízes, o que nos caracteriza e singulariza. Tenho orgulho da nossa diversidade, que estimula um olhar mais humano e tolerante”, encerrou Paula.
Acompanharam a assinatura os secretários de Governo, Clotilde Victória, e Cultura, Giorgio Ronna; os vereadores proponentes da lei, além do vereador Marcos Ferreira (PT); o presidente do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra, Fábio Gonçalves; lideranças municipais e estaduais dos povos de terreiro.