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Lei que atribui o nome de Andréia Fetter Zambrano ao Largo em frente ao Theatro Guarany causa polêmica

Lei que atribui o nome de Andréia Fetter Zambrano ao Largo em frente ao Theatro Guarany causa polêmica
28 abril
15:14 2025

Parte da Família Zambrano contesta homenagem e diz que Andreia foi a principal responsável pelo conflito familiar e que não cuidou adequadamente do Theatro

O que era para ser uma singela homenagem proposta pelo vereador Marcos Ferreira, o Marcola (UB) está se tornando mais uma etapa no conflito estabelecido entre os membros da família Zambrano.

A Lei 7.377 atribuiu o nome de Largo Andréia Fetter Zambrano, no trecho da Rua Lobo da Costa localizado entre as Ruas Gonçalves Chaves e Félix da Cunha, no Bairro Centro, na cidade de Pelotas, a fim de homenagear tal cidadã, falecida em 18 de setembro de 2024, aos 61 anos. A proposta foi sancionada pelo prefeito Fernando Marroni e já está em vigor.

Foi o que bastou para uma parte da família se insurgir contra a iniciativa. Nelson Guimarães Zambrano, Gustavo Zambrano Torre, Guilherme da Rocha Zambrano e Alexandre da Rocha Zambrano representam os interesses da Sra. Maria de Lourdes Guimarães Zambrano que é detentora de 50% dos direitos sobre o Theatro Guarany. A outra metade era administrada por Andreia.

Eles fazem parte da Associação Amigos do Theatro Guarany (ATG), criada em 2021 e disputavam na Justiça a administração do Guarany, com pedidos de despejo da homenageada.

Em carta direcionada ao autor da Lei, vereador Marcola, eles apontam os motivos pelos quais consideram a homenagem injusta e desmedida. Entre as alegações, dizem que a falecida administradora não cuidou adequadamente do teatro, sendo responsável pela sua deterioração e citam ações judiciais cujas “provas dos processos indicam prováveis prejuízos até para a arrecadação de tributos do Município de Pelotas”.

O DM reproduz na íntegra, devidamente autorizado, a correspondência enviada (os grifos estão conforme o original):

“Excelentíssimo Sr. Vereador Marcos Ferreira,

Aproveitando o ensejo para cumprimentá-lo, vimos, pela presente, dizer que tomamos conhecimento da Lei Municipal n.º 7.377/2025, que aprova projeto de sua autoria.

Embora não tenhamos nenhuma objeção à motivação da Lei, expressa no art. 2º, como condôminos e titulares de fração ideal correspondente a 50% do Theatro Guarany, discordamos veemente do local escolhido para a homenagem do art. 1º, que fica bem em frente ao Theatro Guarany.

O local escolhido para a homenagem não faz justiça à memória de nossos antepassados e nem aos nossos direitos enquanto proprietários do Theatro Guarany.

A Sra. Andreia Fetter Zambrano foi a principal responsável pelo conflito familiar materializado nos três processos judiciais que tramitam na 3ª Vara Cível de Pelotas e que incluem uma ação anulatória da locação cumulada com indenizatória, uma ação de despejo e uma ação renovatória da locação.

Além de ter ocupado o Theatro Guarany litigiosamente e contra a vontade de outros condôminos, assim prejudicando gravemente as relações familiares, a Sra. Andreia Fetter Zambrano não cuidou adequadamente do Theatro Guarany, cujo estado de conservação é deteriorado a cada dia e a olhos vistos, e não cumpriu sequer com as obrigações que ela própria estabeleceu para a locação, o que deixou a idosa Sra. Maria de Lourdes Guimarães Zambrano em situação de penúria e de dependência econômica de seus descendentes, apesar do direito que tinha à metade dos resultados econômicos do Theatro Guarany.

Por outro lado, várias outras pessoas da família Zambrano mereceriam muito mais do que ela a homenagem em frente ao Theatro Guarany: além do Sr. Rosauro Zambrano e de sua esposa Flora Botelho Zambrano, que foram os primeiros proprietários, o Sr. Francisco de Paula Zambrano (avô de Andreia), os Srs. Paulo Lhullier Zambrano e Gilberto Lhullier Zambrano (tio e pai de Andreia, respectivamente) e a Sra. Suzana Guimarães Zambrano (prima de Andreia) trabalharam e dedicaram muito mais tempo das suas vidas e muito mais do seu patrimônio ao funcionamento e à conservação do Theatro Guarany.

A Sra. Andreia Fetter Zambrano trabalhou menos de 15 anos no Theatro Guarany, sendo que em mais de 5 desses anos ela nem estava sozinha, pois tinha sido muito bem recebida como representante do seu “lado” da família pela Sra. Suzana Guimarães Zambrano, que cuidou do Theatro Guarany por quase 25 anos, durante os quais as relações familiares foram harmônicas e a conservação do Theatro Guarany foi muito bem feita.

Antes dela, os irmãos Srs. Paulo e Gilberto Lhullier Zambrano cuidaram do Theatro Guarany por mais de 40 anos, durante os quais investiram muito do seu patrimônio na conservação do Theatro Guarany e inclusive venderam as suas terras para fazer as obras de conservação e restauração que foram necessárias.

Na segunda metade desse período de 40 anos, inclusive, o Sr. Gilberto ficou incapacitado para o trabalho, por um grave acidente, mas o Sr. Paulo continuou sozinho cuidando do Theatro Guarany e dividiu igualmente com o seu irmão os resultados auferidos, assim preservando a harmonia familiar, bem ao contrário do que fez a Sra. Andreia Fetter Zambrano quando ficou sozinha cuidando do Theatro Guarany.

Por tudo isso, consideramos que o espaço em frente ao Theatro Guarany não pode homenagear a Sra. Andreia Fetter Zambrano, embora reconheçamos a pertinência de que, em acordo com os condôminos do Theatro Guarany, algum outro antepassado comum seja ali homenageado.

Finalmente, se, após a avaliação das provas dos processos judiciais (que indicam prováveis prejuízos até para a arrecadação de tributos do Município de Pelotas), ainda for considerado ser o caso de homenagear de alguma forma a Sra. Andreia Fetter Zambrano, a homenagem deve ser prestada bem longe do Theatro Guarany, por todas as razões acima apresentadas.

Sendo o que tínhamos para o momento, subscrevemo-nos.

Cordialmente,

Nelson Guimarães Zambrano

Gustavo Zambrano Torre

Guilherme da Rocha Zambrano

Alexandre da Rocha Zambrano”

VEREADOR REAFIRMA SER JUSTA A HOMENAGEM

A reportagem do DM ouviu Marcola, que disse desconhecer qualquer divergência entre a família. “A Câmara levou 45 dias para votar (a lei), a gente anunciou a homenagem e nunca recebemos qualquer contato por parte da família”, disse o vereador.

“O contato que recebi foi de gratidão pela homenagem, por parte da filha Maria e de outros familiares”, explicou Marcola. Segundo ele, Andreia Fetter Zambrano escreveu seu nome na história do município, através da arte, da cultura e também da administração do Theatro. “Para mim, nada mais justa a homenagem que foi feita pelo nosso mandato”, conclui Marcola.

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