Lembrança a Tito, verdadeiro campeão por 100 anos
Aos 107 anos, as recordações do ponta-direita vencedor do Estadual pelo Farroupilha
Por: Henrique König
Uma recordação grandiosa para o futebol gaúcho é a lembrança ao ponta-direita Tito Madeira. Neste fevereiro, no dia 6, ele completou 107 anos. Nascido em 1914, é a história viva do Grêmio Atlético Farroupilha campeão do Campeonato Gaúcho de 1935, o Estadual mais importante, válido por 100 anos, por ter ocorrido no centenário da Revolução Farroupilha.
Na época, o Farroupilha, de raízes militares, totalmente vinculado ao exército, atuava de uniformes tricolores com o nome de Grêmio Atlético 9º Regimento. No elenco de 1935, que contava com o ponta-direita Tito, o time passou das fases regionais. Campeão pelotense, venceu por duas vezes o São Paulo de Rio Grande, ambos os placares por 2×0. Depois, passou pelo Rio Branco de Santa Vitória do Palmar, por elástico placar de 6×3.
Já na região metropolitana, nas fases finais, primeiro passou pelo Novo Hamburgo em dramática vitória por 3×2. Na grande decisão, em Porto Alegre, enfrentou o Grêmio na melhor de três duelos. Perdeu a primeira por 3×1. Se recuperou na segunda com triunfo firme por 3×0. No desempate, 2×1 para o quadro do 9º Regimento, tornando-se o campeão farroupilha de 1935. Na grande final, Cardeal e Cerrito marcaram os gols.
No programa Tupanci Futebol Clube, de apresentação de Sidney Kwecho, na Rádio Tupanci, o campeão de 107 anos contou parte de suas histórias. Nas lembranças de Tito, alguns dos companheiros do quadro campeão gaúcho na era profissional. “Quem me fez jogar foi o Cardeal. Eu estava que não queria jogar. O Cascudo me disse ‘tem que jogar’, aí fiquei naquela dúvida.” No exército,
Tito recorda de Ruy, que atuava no meio de campo do Tricolor. “Fiquei naquela turma boa. Fiz um jogo em Santa Vitória, tive a ideia de servir” e acabou entrando para o time.
Tito jogava pela ponta direita e seguia os conselhos do companheiro Dias, para jogar do lado dele e explorar a velocidade.
Sobre as finais contra o Grêmio, Tito recorda: “Foi a coisa mais linda que teve. Ninguém acreditava no Farroupilha. Quando voltamos a Pelotas, com o título ganho em Porto Alegre, a banda tocando, as pessoas nos esperaram no bairro Porto” – relembrou da viagem feita pela Laguna dos Patos.
O melhor depoimento foi sobre o lendário e histórico Cardeal, craque do Farroupilha, que depois vestiu a camisa do Fluminense no Rio de Janeiro e do Nacional em Montevidéu. “Pelé não chegava perto dele. Em Porto Alegre, ele mostrou quem era o Cardeal. Uma coisa nunca vista”, relatou com carinho sobre o companheiro, considerado um dos maiores jogadores de todos os tempos, naquela época em que o futebol transitava do amador para o profissional.
Diversas equipes participaram daquele Campeonato Gaúcho de 1935, totalizando 29 clubes. Entre eles, ficaram para trás o Flamengo de Caxias do Sul, o Guarany de Bagé, o Santa Cruz, o RioGrandense de Santa Maria, o Lajeadense, os Militares de Quaraí e São Gabriel e o Grêmio Santanense.
O Farroupilha, então Grêmio Atlético 9º Regimento, se sagrou campeão, considerado o campeão por 100 anos. No quadro pelotense que jogou a final: Brandão, Jorge, Chico, Ruy, Itararé, Celestino, Birilão, Bichinho, Cerrito, Cardeal, Gasolina, Folhinha e Coruja. Time do técnico Carlos de Andrade Leão.
