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quinta, 25 de abril de 2024

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LEVANTE CONTRA O RACISMO : Sábado às 10h20min no largo do Mercado, manifestação antirracista

LEVANTE CONTRA O RACISMO : Sábado às 10h20min no largo do Mercado, manifestação antirracista
22 julho
09:25 2021

Por Carlos Cogoy

No início deste mês, voluntária que realizava a vacinação contra a Covid-19 no Centro de Eventos, foi vítima de racismo quando realizava atendimento. O agressor proferiu ofensas, como: “Negro só atrapalha”. Ele foi preso em flagrante. No cotidiano, no entanto, são inúmeros os episódios explicitamente preconceituosos que, sem o impacto da agressão verbal, contribuem para manter a desigualdade e injustiça. Num supermercado, a caixa negra, experiente e qualificada, percebeu que muitos do clientes, quando notavam que seriam atendidos por ela, mudavam para outra atendente. Ela relatou ao gerente, e a solução apenas reforçou a prática. A trabalhadora é que foi removida para lidar com a reposição de estoque, ou seja, o preconceito venceu. Noutro relato, o garçom negro, em variadas circunstâncias, observou que os clientes, sugeriam à chefia que a mesa fosse atendida por outro profissional. Episódios locais que motivaram lideranças a negras organizar o Levante Negro Pelotense contra o Racismo. A programação será sábado, pouco depois das 10h, no Largo do Mercado Público. Entre as organizadoras, professora Ledeci Coutinho, Ìyá Sandrali de Oxum, e a historiadora Francisca Jesus.

Ìyá Sandrali de Oxum

ANCESTRALIDADE – Ela integra o Coletivo Antirracista O melhor de Cada Uma, e ano passado concorreu a vice-prefeita, Ìyá Sandrali de Oxum menciona: “Nós, negros e negras, não somos um grupo homogêneo e nem queremos sê-lo. Somos plurais, pois nossos antepassados vieram de vários lugares do continente africano e nesta terra chamada Brasil nos amalgamamos, e hoje carregamos uma ancestralidade que nos mantém resistentes numa sociedade que foi construída com nosso sangue e suor. Só somos, se todos o são, pois é a coletividade que nos faz fortes, portanto, quando um ou uma de nós, é atingido por um ato racista, toda comunidade negra é atingida. Então, na nossa luta não existe injúria racial: existe racismo; racismo que não foi criado por nós, mas que nos faz vítimas. E é isso que nos move neste Levante Negro de Pelotas, pois como refere Pai Juliano de Oxum, é a Ancestralidade que nos une”.

Professora Ledeci Coutinho

OBSERVATÓRIO – Historiadora, Francisca Jesus é pós-graduada em direitos humanos e, representando o Coletivo Infância Viva, integra a Comissão Especial de Combate ao Racismo Institucional, do Conselho Estadual de Direitos Humanos. Ela acrescenta: “A organização de resistência negra existe em Pelotas desde a década de 1930, com ligações em âmbito nacional, o que está documentado através das páginas do jornal A Alvorada. Em nossa primeira reunião ampliada no dia 14 deste mês, reunindo em torno de quase cinquenta pessoas, Júlio Domingues, lançou a ideia do observatório, o que de pronto foi ampliado, pois se faz urgente coletarmos dados e termos um raio x do povo negro da cidade de Pelotas. É necessário sim, projetar dados que sejam reais, que o povo negro da cidade de Pelotas tenha dimensão de que somos a maioria, e temos que levar ao conhecimento de toda população, tudo a que somos submetidos. Esse observatório servirá não só como fonte de dados, mas uma forma de não termos mais medo de denunciar as violências, principalmente o racismo, seja ele institucional, social ou político”.

Historiadora Francisca Jesus

MOBILIZAÇÃO – A coordenação convida a comunidade para participar e divulga: “Vista camisetas nas cores amarela, verde, vermelha, preta ou branca. Vamos colorir esse momento. Leve seu cartaz, pirulito, faixa. Nos encontraremos no Largo do Mercado”.

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