LITERATURA : Fábula regional no livro “O baile no Céu”
Amanhã às 19h30min na livraria Vanguarda no Shopping Pelotas, Diogo Osório autografará “Primavera – O Baile no Céu”
Por Carlos Cogoy
Série com quatro livros, e cada um dedicado a uma estação do ano. Nos volumes com 72 páginas, e ilustrados pela equipe da Cria Ideias, fábulas com sotaque regional. As histórias provenientes de localidades como Piratini, Pinheiro Machado, Pedro Osório, Canguçu, Arroio Grande e Herval, foram resgatadas e recriadas pelo autor pelotense Diogo Osório. O projeto começou há dez anos, e a temática aborda “costumes, linguajar, fauna, flora e culinária da região”. As fábulas estão ambientadas no “Mato Encantado e seus habitantes”, título da série. A publicação é da editora Edibook. O primeiro volume da série, “Primavera – O Baile no Céu”, será lançado amanhã às 19h30min na Vanguarda do Shopping Pelotas. Quinta-feira, lançamento na livraria Vanguarda do Shopping Rio Grande – avenida Engenheira Lucia Maria Balbela Chiesa, 2.842.
MATO ENCANTADO – Sobre “O Baile no Céu”, que abre a série: “A curiosidade é a principal característica da Tartaruga Lili, que sempre ficou inconformada em não poder saber todos os detalhes da festa anual promovida por São Pedro, apenas para os bichos que voam. Mas nesse ano, ela resolve dar um jeito de participar do baile”. Em dezembro, lançamento de “Verão – O compadre Folharada”. Sinopse: “Na estação mais quente do ano, os animais do Mato Encantado mobilizam-se para lidar com a falta de água. A exceção é o Macaco Fuxica, que não quer saber de ajudar ninguém. No meio dessa história, aparece o misterioso Compadre Folharada, um bicho jamais visto por aquelas bandas”. No outono acontecerá lançamento de “O mais valente entre os valentes”. Autor acrescenta: “Qual o animal mais corajoso de todo o Mato Encantado? Essa é a pergunta que todos se fazem no início dessa divertida história, que tem como protagonistas o feroz leão-baio ‘Caxanga’ e o esperto macaco ‘Fuxica’”. E, para o inverno, volume “A Casa de São Pedro” aborda: “A estação mais fria do ano traz problemas para a bicharada do Mato Encantado. A situação fica mais difícil para o zorrilho ‘Tavico’ e o veado ‘Pitonga’, que envolvem-se em uma baita confusão em busca de um novo lugar para morarem”. Saiba mais acessando: reinograndedosul.com.br
IDEIA – O escritor menciona acerca do projeto literário: “Comecei a escrever em 2006. A ideia inicial era somente registrar as histórias que escutava na minha infância, pois descobri, conversando com amigos, que ninguém as conhecia. Com o passar do tempo achei que poderiam se tornar um livro, uma vez que fui em várias livrarias e todos os atendentes diziam que havia procura por literatura infantil gauchesca, mas não tinha produção. Vi ali um nicho inédito e transformei as histórias em fábulas, por ser um estilo cada vez mais raro e com um objetivo final, ensinamento, que eu gostaria de passar aos pequenos. Então as histórias resultam de pesquisa, e não só criei um ambiente, o ‘Mato Encantado’, para todas elas, como fiz uma releitura buscando uma linguagem atual. Por fim percebi que esta poderia ser uma ferramenta maravilhosa para ensinar as crianças sobre o regionalismo da serra sudeste. A faixa etária, inicialmente, é entre sete e onze anos. Mas acho que muitos adultos irão se divertir com as fábulas e a maneira que estão escritas. Outro trabalho que vem sendo realizado, em paralelo, são músicas infantis sobre as fábulas. Este projeto já está em andamento e logo estará a disposição
EDITORA – Diogo há dois anos inscreveu o projeto da série no PROCULTURA. Porém, lamenta que, além de não constar entre os vinte selecionados, não ficou nem como suplente. “A Edibook foi maravilhosa. Comprou o projeto desde o início. Eles estavam editando a série ‘Prendas e Peões’, releituras de clássicos infantis, colocando eles no ambiente gaúcho. Então, quando entrei em contato, eles viram o potencial do trabalho. Antes disso busquei outras editoras, mas nenhuma retornou. Também inscrevi as fábulas no Procultura de Pelotas em 2014, mas não fiquei nem entre os vinte escolhidos ou os vinte reservas. Não estou desfazendo dos trabalhos escolhidos, mas infelizmente foi preciso uma editora de fora de Pelotas para valorizar um escritor pelotense”, diz.
NOVOS LEITORES – O autor observa em relação a leitura: “Sobre leitura e criança, acho que esta é a geração que está recebendo as melhores condições para criar o hábito da leitura. É só observar as feiras de livro, onde a cada ano é maior o espaço à literatura infantojuvenil. Sem falar na metodologia das escolas. Na minha época eu precisava ler ‘A Moreninha’ com doze anos. Como criar gosto pela leitura se um dos primeiros livros que precisas ler é um clássico com mais de 150 anos, com uma linguagem praticamente incompreensível para a juventude? Hoje em dia este método de ensinar sobre leitura e literatura mudou muito, graças a Deus”
TRAJETÓRIA – Diogo lembra sobre o interesse pela literatura: “Começou realmente aos dezoito anos. Lembro que, nessa época, falei para minha mãe que meu sonho era ser escritor. Aos vinte anos iniciei as faculdades de Jornalismo e Publicidade na UCPel. Foi neste período que aprimorei meu conhecimento junto à literatura. Minha influência são os clássicos: Machado de Assis; Eça de Queiroz; Simões; Dostoievski; entre outros do século dezenove. Aprendi a escrever com eles, lendo muito. E passei a criar vários contos experimentais, tentando, assim, encontrar meu estilo e foco. A escrita simplesmente surgiu. Foi, e é, algo inexplicável, apareceu na minha vida desde a infância, quando escrevia ‘livros’ como uma brincadeira. Mas o amadurecimento e clareza vieram com a leitura incansável, a busca por um estilo próprio”. Em 2010, Diogo publicou a biografia do empresário caxiense Raul Randon.