Diário da Manhã

Quinta às 19h, escritora Etienne Magalhães Nunes estará autografando “De galinhas e de um porto” e “Portugal – uma viagem de amor”

Por Carlos Cogoy

Acredito que sempre esteve presente em mim a consciência de que poderia escrever. E, mais do que isso, queria escrever. Apenas penso que, para tudo na vida, há o momento certo, em que você tem, sim, principalmente a inspiração. Simplesmente a história te procura, de alguma forma, pelo desencadear de um fato concreto e real, ou simplesmente através de devaneios, sonhos ou visões mágicas. Afirmação da pelotense Etienne Magalhães Nunes que amanhã estará lançando dois livros. Suas obras “De galinhas e de um porto” e “Portugal – uma viagem de amor”, serão autografadas na Livraria Vanguarda do Shopping Pelotas.

Pelotense Etienne Magalhães Nunes no rio Douro em Portugal

PELOTAS – Radicada em Itajaí, onde há mais de dez anos trabalha na distribuidora Centrais Elétricas de Santa Catarina (CELESC), Etienne escolheu a cidade natal para assinalar sua estreia literária. Ela explica: “Nem pensei noutro lugar, que não fosse minha cidade natal, para viver esse momento de realização de um sonho, algo que sempre esteve determinado em minha mente. Apenas eu precisava acordar isso com a editora, que deu o aval e tudo acontecerá como eu queria. Além de ser fã incondicional de Pelotas, tenho filhos, netos, mãe, alguns primos, amigos de outras épocas e muitos conhecidos diretos ou indiretos, o que dá sentido a evento como esse. Com isso, também, estou tendo a chance de fazer contatos com pessoas que não via há muito tempo, e que fizeram parte de uma época maravilhosa de minha vida. Espero que todos me deem a enorme alegria de estarem comigo nessa hora tão importante. Considero ainda a real vocação de Pelotas para a valorização de todo tipo de eventos culturais, de pequeno, médio ou grande porte”.

TRAJETÓRIA – Filha da artista plástica Arlinda Nunes, Etienne desde cedo foi incentivada à arte e cultura. Ela diz que aos três anos, após ouvir história, conseguia memorizar trechos. Nalguns casos, lembrava integralmente a história. A alfabetização ocorreu com a tias Antonia e Anna – irmãs de Arlinda. Posteriormente, Colégio Pelotense desde o “Admissão” até a conclusão do segundo grau. E menciona o professor Isvani Ortiz Pinto como excelente no ensino de língua portuguesa. Alguns autores que a influenciaram na adolescência: Hermann Hesse; Saint-Éxupéry; Morris West; Ernest Hemingway. Aos dezenove anos ela casou e foi cursar odontologia em Uberlândia. Os três filhos nasceram em Minas Gerais, mas atualmente residem em Pelotas.

Autora Etienne e a lápide de Pascal em Paris

GOTUZZO – Etienne foi “modelo” do pintor Leopoldo Gotuzzo. Ela recorda: “Ser filha de uma artista plástica fez, sim, com que eu tivesse um maior contato com expressões artísticas e, consequentemente, com que tivesse especial interesse cultural. Lembro que, numa época em que minha mãe começou realmente a pintar, mesmo sendo formada já há mais tempo pela Escola de Belas Artes, comprou uma coleção sobre grandes pintores, eu via as figuras com encantamento, e lia sobretudo os textos sobre os pintores cujos quadros mais me fascinavam. Com especial atenção para os franceses, como Monet, Manet, Dégas, Renoir, Cézanne. Nunca desenhei ou pintei, a não ser em aulas de desenho e educação artística, e realmente nunca me interessei pela execução em si, apesar de sempre valorizar obras principalmente no que tange à pintura. Há um fato interessante, quando eu estava com dezoito anos. Estava no Brasil e, naquela data em Pelotas, o pintor Leopoldo Gotuzzo, que participou de uma palestra com os alunos do curso de arte moderna da saudosa Inah Costa, do qual minha mãe fazia parte. Fui com ela assistir e, como eu era a única não aluna, posei de modelo a pedido do artista. Com isso, hoje possuo um retrato em ‘crayon’ autografado pelo próprio Gotuzzo”.

LITERATURA – A escritora considera que a leitura deveria ser incentivada pelas famílias. Nas escolas, ao invés da leitura “obrigatória”, o estímulo ao prazer de ler. Entre as leituras que destaca, ela cita “O livro do desassossego” de Fernando Pessoa, “Os Portugueses” de Silvia Scott e “Os Franceses” de Ricardo Correa Coelho. Sobre a leitura reflete: “Os livros puramente comerciais, que viram moda, e que enchem as prateleiras principalmente das grandes livrarias, nem sempre valem a leitura como crescimento cultural e intelectual, mas funcionam muito mais como um manual de ‘como fazer como todo mundo diz que é bom’. É uma espécie de pensamento em série”. Em relação a necessidade de escrever: “Para mim significa realização!  Está entre as necessidades mais básicas da alma, da explosão de sentimentos, do desafio da vida, dos meus sonhos e projetos, minha realização como pessoa, aprendendo com os outros e comigo mesma. Posso inventar alguém que quero ser, posso (re)descobrir alguém que já fui, e, principalmente, posso ser quem realmente sou. Basta querer e me permitir voar em meus próprios pensamentos e fantasias”.

PRIMEIRO livro (Foto) de Etienne foi iniciado em 2011 e concluído em 2013. Ela conta: “No ano de 2010, a Revista Quatro Rodas da Editora Abril, em parceria com a Prefeitura do Município de Ipojuca/PE e a rede hoteleira da praia de Porto de Galinhas, lançaram o Concurso ‘Dê um Nome para a Galinha’. O objetivo era nomear o famoso símbolo daquela praia, criado artisticamente pelo artista/artesão pernambucano ‘Carcará’. Dentre quase cinco mil participantes via Internet, fui contemplada com o primeiro lugar. O nome que sugeri, ‘Jujuca’, fazia clara alusão ao município ao qual pertence Porto de Galinhas – a cidade de Ipojuca que, no meu entendimento, deveria ser a real homenageada. Isso, com certeza, foi levado em conta pela comissão julgadora. A partir daí, no ano de 2011, comecei, de brincadeira, a imaginar a vida da galinha, caso ela existisse e fosse quase humana. Gostei de divagar a respeito, e fui construindo a história da penosa, aliando as descobertas e o conhecimento que fui buscando da história do nome da praia e do que aconteceu na época de seu surgimento”.

EDITORA – Sobre a publicação na Editora Giostri, a autora divulga observações do editor: “O estilo narrativo é muito bem resolvido, o narrador está claro e é bem conduzido pelo autor. Todo o desenvolvimento de ações e personagens também está claro e a trama é bem domada, amarrações muito boas, o que é um mérito. O seu modo de descrever é preciso. O título é muito interessante, muito bem pensado. E é uma obra com inúmeras menções nas entrelinhas e muito bem estruturadas”. As obras de Etienne serão distribuídas em livrarias como Saraiva e Cultura. Nas pequenas livrarias, ela estará coordenando a divulgação. Na internet: giostrieditora.com.br

VIAGEM na temática do segundo livro (Foto). Etienne menciona: “Portugal – uma Viagem de Amor’ também será lançado agora, como o outro, em primeira mão. Ambos são da Editora Giostri, de São Paulo. O livro não é um guia de viagem, em que se tem detalhes de pontos turísticos, assim como endereços gastronômicos e de hospedagem.  Ao contrário, é um livro desses que ajuda o ‘viajante’, não o simples turista, a se empolgar com uma possível experiência que, até, já pode estar com uma semente de aventura na região anteriormente plantada em sua mente.  Mostro, no início do livro, o roteiro planejado antes da viagem, assim como pequenas adequações feitas na execução, por motivo de necessidade ou mesmo de vontade.  Nada seria rígido no cumprimento dos planos. Nos deixaríamos levar pela vontade do momento, apesar de termos um projeto antecipado que contemplaria tudo, ou quase, do que queríamos realmente ‘viver’ por lá, e não apenas conhecer. E assim foi. Após, coloquei nosso roteiro efetivamente realizado, com a expressão de sentimentos e sensações, assim como observações pessoais sobre lugares, pessoas e situações. Tudo com algumas fotos ilustrativas, todas pessoalmente executadas”.

PROJETOS literários da escritora: “Como não poderia deixar de acontecer, estou com um projeto em andamento sobre a França. Minhas viagens e vivências por lá. Também uma compilação de trabalhos meus, que fui juntando desde que comecei a escrever. São crônicas, minicontos, poucas poesias, e fragmentos textuais, que fazem parte de projeto paralelo. Além disso, muito me encantaria escrever sobre Pelotas, pois minha cidade natal está permanentemente em meus pensamentos e no coração, assim como o Rio Grande do Sul. Quem sabe um dia, não muito distante? Será uma enorme alegria poder escrever sobre a nossa Princesa do Sul”.