Diário da Manhã

segunda, 23 de dezembro de 2024

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Literatura, mandalas e artes visuais na expressão criativa de Maria Poeta

16 fevereiro
14:07 2022

A pelotense Maria Inez Rivas dialoga e questiona, através de diferentes manifestações artísticas

Por Carlos Cogoy

Egressa da formação em letras, e especialização em linguística, a pelotense Maria Inez Rivas, ao invés do rigor da pesquisa na área, descobriu-se autora literária. Atenta à interioridade, bem como a fontes de inspiração, como a praia do Laranjal, artisticamente passou a identificar-se como “Maria Poeta”. Alguns dos versos, reflexões e aforismos, foram reunidos no primeiro livro “No Miolo do Girassol”, lançado há oito anos. Nas redes sociais, ela regularmente segue publicando sua criação poética. Em fase recente, aproveitando fios e tecidos, passou a criar mandalas. Ela explica que as criações “não seguem nenhum padrão, nem simetria, e eu gosto que seja dessa forma, não há contagem de pontos, nem regras, cada peça é única e especial”. Já no período da pandemia, tendo como base algumas folhas de papelão, ela recorreu a diferentes técnicas para as pinturas que estão na mostra “Eu e todas que me habitam”. Os trabalhos podem ser visitados, até o fim de março, das 14h às 20h na Arteria Espaço Arte – rua Major Cícero 406. As pinturas estão sendo comercializadas. Contato com a artista via WhastApp: (53) 9 8464.4039.

Pinturas com diversas técnicas na mostra individual “Eu e todas que me habitam”

LITERATURA – O livro “No Miolo do Girassol”, diz a autora, foi elaborado artesanalmente e teve duzentas cópias. A capa em papelão, foi costurada, abrindo-se em forma de flor. A experiência possibilitou uma oficina sobre o reaproveitamento do papelão. No ano seguinte, através do Programa de Incentivo à Cultura (PROCULTURA), ela criou o projeto “Poesia no Ponto”, reunindo literatura e artesanato. Sobre a vertente poética, a escritora menciona: “Comecei a publicar como Maria Poeta, pequenos textos poéticos, crônicas, haicai, poesias e algumas narrativas. A partir dessa divulgação, surgiram oportunidades importantes, e passei a me sentir incluída no cenário cultural da cidade. Em parceria com alguns instrumentistas, criei algumas letras. Meus poemas foram apresentados na Bibliotheca Pública, e representei a cidade em eventos em Arroio Grande, Herval e Jaguarão. Também levei minha arte ao Piquenique Cultural, Oncocentro, Mercosul. Além disso, integrei a coletânea ‘Intimidades en Voces Amigas’, publicada na Venezuela”.

MANDALAS – Identificando-se como “mandaleira”, Maria Poeta acrescenta: “As mandalas são instrumentos de meditação, um meio de comunicação entre o mundo externo e o interno. Na psicanálise, podem representar um desejo inconsciente de organização e, portanto, de cura. Também são instrumentos de cura para índios e monges. Já, como objetos de decoração, elas têm efeito reenergizante no ambiente onde estão expostas. E mandala significa ‘círculo’, simbolizando uma poderosa ferramenta terapêutica para atrair abundância, amenizar conflitos, resgatar a criatividade e a inteligência emocional, bem como alinhar a conexão do ser com a própria consciência. As minhas são confeccionadas com fio de malha num círculo de 60cm, em diversas cores. Algumas estão expostas na Arteria. Além disso, comercializo pelas redes sociais”.

Maria Inez Rivas também cria mandalas usando fios de malha

PINTURAS – Maria Poeta divulga sobre a mostra individual: “A exposição “Eu e todas que me habitam”, começou a tomar forma em 2020, no início da pandemia. Nesse período, com medo, insegurança e isolamento, algumas questões vieram à tona. Por exemplo, ‘Qual meu papel no mundo? Como posso atuar nesse contexto tão brutal em que estamos vivendo? Qual a importância da arte?’. Acabei não encontrando respostas exatas e precisas, porém, me dei conta que, numa sociedade doente, precisamos estar sãos e lúcidos, e a arte, por escolha, é minha cura e precisava trabalhar nisso. Como não me encaixo em nenhum segmento profissional definido, pois não sou apenas uma escritora, nem pintora, nem artesã, nem professora, sou tudo isso, e o que mais me dê prazer de fazer, minha identidade é múltipla e fluídica, além de questionadora. Então, resolvi criar, experimentar texturas, escrever, tecer e principalmente me conhecer. Para as pinturas, escolhi papelão de 1,20mx1m, tintas variadas, guache, nanquim, óleo, além de tecido e barbante, e comecei a me reconhecer em diversos corpos, ou esboços humanos, seres sem rostos definidos, com a pele negra, e apresentados em diversas posições e situações. Essas pinturas passaram a conviver comigo, e mostrar caminhos de superação, autoestima e força. Daí o nome ‘Eu e todas que me habitam’, pois sei que as pinturas fazem parte da minha história, e continuarão me habitando”. Maria Poeta também já expôs na Fenadoce e Feira do Livro.

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