Diário da Manhã

segunda, 23 de dezembro de 2024

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LIVRO : A vida e arte do Bob Dylan de bombachas

13 janeiro
08:50 2022

Biografia apresenta relatos, imagens e letras inéditas, do arroio-grandense Basílio Conceição

 

Por Carlos Cogoy

Nativista mas também influenciado pelo Pop, country e rock. O compositor e músico arroio-grandense Basílio Marçal da Conceição – falecido num acidente automobilístico em 1990 -, tinha como referências, desde Teixeirinha, Noel Guarany e Gildo de Freitas, até Rolling Stones, David Bowie e Bob Dylan. Conhecido como “Peninha”, “Diabo” ou “Bucha”, artisticamente identificou-se como Basílio Conceição. Em meados dos anos setenta, já dedilhava o violão, apresentando-se em festivais na cidade natal. Na década de oitenta, inscreveu-se em festivais nativistas da região e Estado. Bancário, durante período em Pelotas, residiu no Fragata e Cohabpel. Na cidade, Basílio e amigos frequentavam espaços como “Americando” e “Aguada”. Dois anos após a morte precoce do músico, a jornalista Mara Braga produziu o disco “Violarei”, com músicas de Basílio. Há vinte anos, através do Decreto 149/2000, Basílio Conceição foi homenageado com a designação do Centro de Cultura em Arroio Grande. Em 2009, o advogado Pedro Jaime Bittencourt Jr – conviveu com Basílio durante quinze anos -, percebeu que as novas gerações já não conheciam sobre o artista. No ano seguinte, ele então passou a registrar memórias, e buscar material para um livro. Após interrupção, o projeto foi retomado e concluído em 2020. Ano passado, contemplado no edital “O Autor é daqui” da Secretaria de Cultura de Arroio Grande, Pedro Bittencourt conseguiu viabilizar a publicação de “BASÍLIO – A vida e arte de Basílio Conceição, o ‘Bob Dylan’ de bombachas do Arroio Grande” (240 páginas).

LANÇAMENTOS – A 9 de dezembro, houve pré-lançamento da biografia. No dia seguinte, lançamento oficial na Feira do Livro do Arroio Grande – o “do” ao invés do “de” Arroio Grande, como explica Pedro Bittencourt, é quase um dialeto local. A 28 de dezembro, lançamento no espaço cultural “Tu Casa” em Jaguarão. Já o lançamento que estava programado para 15 de janeiro, na praia do Hermenegildo em Santa Vitória do Palmar, teve de ser cancelado devido ao agravamento do contágio pelo Coronavírus. Sobre o lançamento em Pelotas, Pedro Bittencourt esclarece: “Dependendo de como estiver a situação sanitária, a jornalista e produtora Mara Braga se propõe a organizar uma reunião com parceiros e admiradores da obra do Basílio, para lançamento do livro, em Pelotas, provavelmente no mês de março”. Em Arroio Grande, o livro pode ser adquirido na Academia Camerini, coordenada por Verônica Camerini – esposa do autor. Em Jaguarão, no “Mercadito”, espaço cultural de Maria Fernanda Passos. Em Pelotas, na Livraria Vanguarda – lojas do Shopping e Gonçalves Chaves -, e também na Vanguarda em Rio Grande, bem como através da venda online.

Autor Pedro Jaime Bittencourt Jr

LIVRO – O autor menciona sobre a obra: “O livro possui cerca de uma centena de fotografias. São doze capítulos. Contando do nascimento à infância e a juventude do Basílio. Fala também das influências sobre o seu cancioneiro. Os capítulos, todos relativamente curtos, buscam revelar um lado do artista, sendo que muitas dessas faces eram até hoje desconhecidas do grande público. Ao final de cada capítulo, foi criada uma espécie de ‘janela’, intitulada ‘O Basílio que eu conheci’. São depoimentos de pessoas que conviveram com o músico, como amigos e familiares, mas, principalmente de artistas ligados à obra do Basílio, tais como Gilnei Silveira dos Almôndegas, Regina Bainy, Kininho Dornelles, Gil Soares – o Gil da Flauta -, Edu ‘Caboclo’ Damatta, Marcela Mescalina, entre outros. Os depoimentos que fazem parte do livro foram, na sua grande maioria, tomados em 2017. Também naquele ano, o livro seguiu para a diagramação, aos cuidados luxuosos do Valder Valeirão, da Nativu Design, outro arroio-grandense. O material que me foi disponibilizado pela irmã do Basílio, a Clarice, pela filha Janis Joplin, pela ex-mulher Mirian Peter, pela jornalista e produtora Mara Braga, e por uma amiga em comum, agora residente em Portugal, Josiane Oliveira, foi todo fotocopiado, com a devida devolução dos originais. Mas, a maior parte do material eu já possuía. A obra então, conclui com a transcrição completa de cinquenta composições de Basílio Conceição, dez delas inéditas”.

VIOLAREI foi o disco póstumo com canções de Basílio. O biógrafo do artista observa: “O disco do Basílio, com o nome de ‘Violarei’, só saiu postumamente, em 1992, sob a organização da jornalista Mara Braga, amiga do músico, que vinha trabalhando, desde 1990, com a finalidade de sistematizar a obra do artista a fim de viabilizar o ‘elepê’. É um registro sintetizado, mas importante, do cancioneiro do Basílio, que, entretanto, somente participa cantando a canção tema ‘Violarei’, numa gravação caseira, que foi aproveitada para o disco, além de atuar em ‘Os trovões de Ana Luz’, interpretada por Kininho Dornelles, em que foi utilizada a versão clássica com o Basílio ao violão”.

INDECIFRÁVEL – Bittencourt acrescenta: “O Basílio era um artista multifacetado. Compositor, poeta, músico, tinha um poder de criação muito peculiar, acima da média de outros artistas da região no período. O ‘Basílio nativista’ foi uma opção ‘momentânea e circunstancial’ do artista, para aproveitar os espaços que aquele tipo de manifestação proporcionava, através dos inúmeros festivais que existiam na época, sendo que alguns deles se mantêm até hoje. Mas, eu considero que o Basílio, pela sua qualidade, poderia ter enveredado por outros gêneros musicais que igualmente brilharia, em face do imenso talento que possuía. O seu poder de criação não se vinculava a uma única vertente musical. Existem composições dele, fora do chamado ‘nativismo’, que são verdadeiras obras poéticas. É muito difícil decifrar esse camarada, em qualquer tempo. Eu mesmo, convivi com o Basílio por cerca de quinze anos. Depois, levei um bom tempo escrevendo sobre a vida do músico. Agora, após a publicação da obra, há cerca de um mês, já li e reli cuidadosamente o livro uma meia dúzia de vezes, procurando detalhes, significados. E, mesmo assim, não encontrei qualquer definição sobre ele. Desisti. Vou ficar apenas com o nome, Basílio Conceição, simplesmente”.

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