Diário da Manhã

segunda, 18 de novembro de 2024

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LIVRO : Desconcerto dos afetos na cultura que desumaniza

14 novembro
08:41 2019

Nesta quinta das 16h às 18h, Olga Pereira lança “DesHumanidade: a cultura do medo”

Por Carlos Cogoy

A fluidez do mundo líquido do polonês Zygmunt Bauman (1925/2017), a reflexão sobre a linguagem de autoria do russo Mikhail Bakhtin (1895/1975), estudos culturais do jamaicano Stuart Hall (1932/2014), a luta social do sul-africano Nelson Mandela (1918/ 2013), a sensibilidade poética da Cora Coralina (1889/1985), e o humanismo da indiana Madre Teresa de Calcutá (1910/1997). Algumas das referências dos ensaios que estão coligidos no livro “DesHumanidade: a cultura do medo” (editora Versejar), autoria da escritora e pesquisadora Olga Pereira. Conforme acrescenta, a publicação que resulta do pós-doutorado realizado na UFPel, terá lançamento hoje na Bibliotheca Pública Pelotense (BPP). Olga estará autografando das 16h às 18h, numa iniciativa do Coletivo de Autores de Pelotas.

Escritora Olga Pereira

Escritora Olga Pereira

ENSAIOS integram o livro que, diz Olga, enfoca a “desumanização do ser humano diante de um mundo envolto pela brevidade de relações tão superficiais”. A autora menciona os capítulos: DesHumanidade; Territórios do medo; Desafetos sociais; Templos do silêncio; Conexões traumáticas; Cultura dos contrastes; O desumano mundo dos humanos; Porões da memória; Refugiados urbanos. No décimo capítulo, síntese de princípios dos pensadores Bakhtin, Bauman e Stuart Hall. O prefácio é autoria do professor dr. Adail Sobral (FURG), e a apresentação é da dra. Raquel Sparemberg (FURG).

DESACERTO – Olga reflete: “Nossa sociedade é a de seres apressados que não mais se reconhecem como espécie única e irrepetível. Somos tais quais andarilhos atônitos nessa selva que engole sonhos promovendo constantes pesadelos. Experienciamos uma forte contradição: viver numa era a qual o contemporâneo já é pretérito e o agora não mais nos pertence. Fazemos parte de legiões de humanos que há muito já perderam suas referências e identidades, de uma cultura emoldurada pelo apagamento proposital da história de seus sujeitos. A serenidade está morrendo e carregando consigo a lucidez que tanto nos diferenciava dos demais animais. Nessa caminhada, o remorso rouba sonhos, e as emoções são abduzidas, deixando dentro de nós uma imensa cratera desconcertada e deprimida”.

SOLIDÃO – A escritora acrescenta: “Emoções e laços afetivos são facilmente substituídos e, nessa perversa permuta, a despedida provoca formas invariáveis de solidão e de desencantamentos. Analisando, embora superficialmente, a história da humanidade e, de forma mais amiúde, o comportamento dos seres humanos no decurso dos séculos, podemos deduzir que, em se tratando de evolução afetiva e solidária, o tempo não foi suficientemente capaz de torná-los menos egoístas. Assim vamos pintando esses quadros fantasmagóricos e pitorescos de uma sociedade que agora sobrevive apenas como mero e empobrecido conceito. Trata-se de um mundo onde cenários perigosos e confusos se perdem na miséria psicológica alimentada por egos desorientados, que relegam a segundo plano o abraço e a escuta. Trata-se de uma coletividade de servos adestrados em constante surto psicótico buscando as sobras de uma pseudoidentidade sobre si e os outros, e mais, de uma humanidade se desumanizando pela omissão e negação de laços afetivos. Estamos imersos na cultura do medo segundo a qual o medo mais gritante é aquele que se cala em razão da agressividade e da anulação da dignidade do outro”.

Feira do Livro Olga Pereira obraOBRA – A autora já publicou: Reinterpretando silêncios: reflexões sobre a docência negra na cidade de Pelotas-RS; Cicatrizes da Escravidão: da história ao silenciamento; O negro no espelho: legado e oralidade; Dias em que o Ego precisou dormir mais cedo; Vozes& Versos: o dito e o que ficou por dizer; Roza Gonzales: a mulher que driblou a loucura; Racismo no Barbante da Pipa. Em 2020, Olga estará lançando o romance homoafetivo “Adhara & Sankofa: a travessia de um amor valente”, “Colo de Mãe” e “O grito das palavras.

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