Diário da Manhã

sábado, 23 de novembro de 2024

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LIVRO : Negritude e resistência no romance “Terência”

28 janeiro
09:30 2022

Autora pelotense Rosana Soares divulga ebook com o primeiro romance

Por Carlos Cogoy

        Na década de oitenta, estertores da ditadura civil-militar no Brasil, grupo de jovens negros, residente na periferia urbana, depara-se com o anseio pela dedicação à dança, gravidez na adolescência, dificuldades para encontrar trabalho, e o explícito preconceito racial. À época, as festas com música black, ainda embalavam a juventude nos ginásios. A ingenuidade juvenil, contrasta com os dramas familiares. Maria Terência, ou Vó Matê, é a matriarca de família com quatro mulheres negras. No cotidiano, também a cultura ancestral através da religiosidade afro. Alguns dos tópicos do romance “Terência”, autoria da escritora pelotense Rosana Soares. Ela está divulgando a publicação, e o ebook pode ser adquirido na Amazon.

            ROMANCE foi sendo reescrito desde 1996. A autora menciona que, além do ímpeto inicial pela trama, foi mantendo o escrito guardado. Assim, a cada novo aprendizado e descoberta, tratava de também rever o texto. E, na trajetória de 25 anos, desde a primeira versão, Rosana Soares teve diferentes experiências. Nos anos noventa, ela participou de oficina de criação literária, ministrada pela escritora Hilda Simões Lopes. O contato proporcionou a publicação dos contos “Guerra Muda”, “Luzes de Neon” e “O Acerto”, que integraram a coletânea “Tarde Demais para Não Publicar II”, lançada em 1999. Em 2004, Rosana Soares também teve escritos publicados. Ela participou de coletânea do grupo LART, e publicou o conto policial “Lara Bianque”, e o cômico “Enrolando silêncio”. A autora acrescenta sobre a obra de estreia: “Esperei décadas por esse momento e, durante esse tempo, mantive firme o propósito de realizar meu sonho. Mas não queria fazer qualquer coisa. E já não lembro quantos títulos teve esse romance. Mas, Terência, foi o título que resumiu o que gostaria de dizer. E é só o começo da estória. Descobri que o leitor não tem paciência para livros extensos, e o enredo tem que ser cativante. Então preferi escrever em três partes. É um teste, pois deixei várias pontas soltas, segredos, mistérios. E o principal, muitas risadas, eu garanto”.

LITERATURA – Moradora do bairro Simões Lopes, Rosana menciona que aprendeu a “ler”, quando ouvia histórias infantis. Ela escutava atentamente, e já ia imaginando outras tramas e relações entre os personagens. Na escola, quando era sua vez de ler para os colegas, saía do roteiro e acrescentava seu toque à narrativa. Adolescente, desde os dezessete anos, passou a rabiscar em cadernos, imaginando suas próprias criações. Como recorda, era leitora dos romances “açucarados” Julia e Bianca. Ele ainda guarda os cadernos, embora alguns já quase apagados, pois foram escritos a lápis. Posteriormente, ganhando e trocando livros, passou a ler clássicos da literatura. “Inventar tramas e criar personagens, dando vida a eles, me faz bem, e posso dizer que me completa. Não se trata de fuga da realidade, pois ela está o tempo todo ali. Mas, de uma maneira que logo as coisas serão resolvidas. Duas ou três páginas, ou no final. E depois já posso começar uma outra estória, e outra, mais outra. Isso me faz muito bem”, diz Rosana. Desde o ano passado, ela tem publicado contos no Istagram: @rosoares146.

Rosana Soares

ARTESANATO – Mãe do Liader, Rosana divulgou as primeiras crônicas numa Feira do Livro em 1996. À época, era trabalhadora doméstica. Posteriormente, fase desempregada. Em período mais recente, durante oito anos esteve trabalhando na UFPel. Atualmente, seu vínculo com a UFPel, é como estudante, pois cursa a licenciatura em música. Profissionalmente, dedica-se ao artesanato. Há quatro anos, ela cria bonecas negras. Identificadas como “Erê Doyá”, evocam a identidade e o lúdico. Já os “Cassengues”, são bonecos confeccionados a partir de filtros de café. Rosana explica: “O filtro de café é sujo porque os escravos não tinham direito a banho, quanto mais a roupas limpas. E da cor marrom, chocolate. Tudo que cair na minha mão, quero começar pela ‘raiz’, o começo de tudo, é assim que me relaciono com a ancestralidade”. No Facebook acesse RôArt Cicla. E no Instagram: @ eredoya

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