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terça, 26 de novembro de 2024

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LIVRO : No rastro tranquilo dos temporais

14 setembro
08:29 2017

Nesta quinta às 20h na Bibliotheca Pública, Fábio Amaro estará autografando “O terceiro lado da moeda”

Por  Carlos Cogoy

Necessidade, missão, dor que precisa ser extirpada do coração. Assim, autor Fábio Amaro da Silveira Duval, expressa sobre o compromisso com a escrita. Nesta quinta, o poeta pelotense estará autografando seu segundo livro “O terceiro lado da moeda” (editora Pradense). Paralelamente ao lançamento, que terá início às 20h na Bibliotheca Pública Pelotense (BPP), ele será empossado presidente da Academia Sul-Brasileira de Letras. No evento também haverá apresentação de jazz.

Fábio presidirá Academia Sul-Brasileira

Fábio presidirá Academia Sul-Brasileira

LITERATURA – Professor no curso de Relações Internacionais na UFPel, Fábio Amaro deixou a cidade natal na adolescência. Em Porto Alegre, onde residiu por nove anos, cursou direito na PUC. Posteriormente, onze anos em Brasília, onde fez o mestrado e doutorado em relações internacionais. Durante o doutorado, esteve durante período na Universidade de Cambridge no Reino Unido. Sobre a literatura menciona: “Meu interesse e gosto pelos livros, pela literatura e pela arte em geral, começou desde muito cedo, por diversas influências familiares, principalmente meus pais, meu avô materno e minha avó paterna. Desde pequeno via meus pais lendo, e fui incentivado a fazê-lo também. Lembro bem do primeiro livro que li, o primeiro de ‘gente grande’, sem figurinhas, como eu dizia quando criança. Aos sete anos minha mãe, Maria da Graça Amaro da Silveira Duval, me deu o meu primeiro livro para ler, o autobiográfico ‘O meu pé de laranja lima’, do José Mauro de Vasconcelos, que desde pequeno queria ‘ter uma gravatinha de poeta’. É possível que tal imagem tenha permanecido no inconsciente, e despertado minha fascinação pela figura do poeta. Essa fascinação certamente foi insuflada por dois tios meus que eram poetas, o já falecido Marco Aurélio Amaro da Silveira e Luiz Felipe Amaro da Silveira. Nas festas de família, em Jaguarão, era comum que os dois declamassem seus poemas, e aquilo me encantava. Então, a poesia sempre esteve de alguma forma presente na minha vida. Mas foi entre os treze e os dezesseis anos, que tive a minha grande surpresa com a poesia. Foi nessa época que descobri William Blake, Rimbaud, Fernando Pessoa, Drummond, Ferreira Gullar, Manuel Bandeira e todos os modernistas”.

LIVROS – Em 1999, Fábio Amaro publicou “O Carrossel dos Desvarios Voláteis – ensaios poéticos”. Além disso, com poemas e contos, tem participado de coletâneas. Em Porto Alegre, integrou grupo de poetas que lançou a Revista Escriba. Sobre o livro “O terceiro lado da moeda” (131 páginas) – será comercializado a R$25,00 -, observa que o título é de poema que não chegou a ser incluído no volume. “Trata-se de uma metáfora sobre a possibilidade de descobrir o ‘lado oculto das coisas’, aquilo que os olhos não percebem, mas que os outros sentidos podem captar”, diz. Do poema “Rouge”: Para sentir o gosto imenso do mar/ muitos diques tiveram que se quebrar/ E uma flor nasceu do jamais,/ no rastro tranquilo dos temporais.

Obra com seleção de poemas

Obra com seleção de poemas

Artesania verbal para lapidar a inquietude

Nas leituras atuais, autor Fábio Amaro informa que tem preferido a poesia contemporânea. Em especial na língua portuguesa, portanto, brasileira, de Portugal e também de Angola e Moçambique.

ESCREVER – O poeta explica sobre o seu processo de criação: “Meu processo de escrita varia bastante, mas na maior parte das vezes, quando sou tomado por algum assombro, vou direto ao computador para registrar, Com o tempo vou fazendo a artesania verbal. Vários temas me inquietam, principalmente as emoções humanas, os temas sociais e as relações do homem com o tempo. Tenho um grande amigo, poeta, com quem divido minha produção, o poeta Armindo Trevisan, além da minha namorada, a Verinha, e costumo publicá-los na minha página do Facebook, em primeira versão, para sondar as opiniões dos leitores. Mas no mais das vezes é um processo solitário”.

INFLUÊNCIAS que também motivaram o interesse literário de Fábio Amaro, conforme salienta, foram o avô materno Vasco Amaro da Silveira Filho, ex-deputado federal e conhecido como Vasco Amaro, avó paterna Nilda Carpena Alves, artista plástica, e o pai Gastão Fernandes Duval Neto. Sobre o pai, diz o autor: “Com minhas irmãs, tínhamos o hábito de deitar em sua cama para ouvir histórias. Mas não eram histórias comuns, ele subvertia os contos de fadas e inventava tramas engraçadíssimas e insólitas. Isso foi fundamental para o desenvolvimento da minha criatividade, e o gosto por contar casos e histórias”.

Limiar

No meu caminho,

um pé vai no chão,

o outro na lua.

 

A fantasia?

Eu a desenho

com lápis de cor.

 

Não tenho medo

de tudo arriscar

à beira do mar.

 

Nos meus naufrágios,

ninguém mais sabe

dos escafandros.

 

Alçarei voo

quando chegado

o tempo ideal.

 

A vida é pouco

para lamentar

os desvarios.

 

O dom da visão

é poder colher

a imensidão.

 

Fábio Amaro

Setembro/MMXVI

 

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