Meia Fernando conversa sobre carreira, venda de roupas durante pandemia e como futebol profissional já vinha desvalorizado no estado
Jogador defenderia o Farroupilha em 2020 e elogia as pessoas que querem reerguer o Fantasma: “ambiciosos, querendo fazer um clube diferente”
Por: Henrique König
O meio-campista Fernando era promessa de bom futebol nas bandas do estádio Nicolau Fico para o Farroupilha em 2020. Fernando Silva, também conhecido como Negrinho, é jogador de 23 anos e começou no profissional do próprio Tricolor, em 2016. O Fantasma apostou no atleta desde jovem, das categorias sub-17, fato que o faz agradecer à confiança do presidente Félix Penedo pela parceria já antiga, além do diretor João Degrandis, que também o oportunizava na temporada.
O pelotense jogou em 2017 no vovô Rio Grande, em 2018 passou pelo EC Pelotas e depois no segundo semestre pelo Blumenau. Em 2019, atuou pelo Cruz Alta na Segunda Divisão Gaúcha (Terceirona) e pelo Nova Prata, da serra, na Copa Verardi, quando foi destaque por essas equipes.
No Farroupilha, a continuação: “Tínhamos uma forte ambição de subir novamente para Divisão de Acesso. Clube vinha de um rebaixamento, mas tínhamos em mente que dava para subir, pelos jogadores contratados e pela ideia posta, pelos trabalhos que vínhamos fazendo, em uma evolução muito grande, tanto física quanto tática. Tínhamos muito desejo pela vaga ao Acesso.”
A pandemia de covid-19 acabou interrompendo a carreira de diversos jogadores e Fernando é mais um a lutar contra esse revés. “Antes do cancelamento da Terceira Divisão, o preparador Ícaro (do Farroupilha) vinha fazendo videoconferências conosco, separados em grupos e horários. Nos passou trabalhos que no início foram difíceis porque não estávamos acostumados. Mas mantemos contato e trabalho para não ficarmos parados.”
Trabalhos alternativos são a saída para tantos profissionais do mundo da bola: “Hoje consigo me virar com venda de roupas, uma loja em parceria com meu irmão, Jorge Pedra. Por sinal, ele está indo para Espanha tentar a carreira, passou quatro anos no Inter, passou pelo Aimoré. Então a loja tem sido como me viro. Houve o cancelamento também do futebol amador. Dificilmente eu jogo o segundo semestre, porque o Amador tem dado mais dinheiro que o Profissional. Infelizmente é isso, é a realidade dos clubes de Terceira e até Divisão de Acesso. Então, pra mim era mais vantajoso jogar o Amador. Às vezes num final de semana com o Amador se consegue tirar mais de 600 reais”, explica Fernando, que confirma que em um ou dois fins de semana pelo futebol amador era possível ganhar mais do que o salário mensal disputando copinha em segundo semestre profissional.
Para 2020, o meia afirma que ainda recebeu proposta em Santa Catarina e no Paraná e estão avaliando. “Projeto continuar no futebol. Se o Farroupilha prosseguir o projeto de 2020, quero fazer parte, ficaria muito grato. Foram ambiciosos, querendo fazer um Farroupilha diferente dos anos anteriores, já vivemos momentos horríveis com o clube”, mas finalizou elogiando a João Degrandis, ao presidente Félix Penedo e ao técnico Eugênio Lopes: “cara muito inteligente, que vai abraçar a chance como treinador, sabe conversar com os atletas e arrancar o melhor de cada um para dentro do campo. Se seguir assim, será uma revelação no Rio Grande do Sul”.