MEIO AMBIENTE : Mais de 60 espécies de aves habitam no banhado urbano próximo ao BIG em Pelotas
Preservação do banhado como Parque contribuirá com a qualidade de vida
Por Carlos Cogoy
Na área central, um banhado urbano contrasta com os canteiros de obras no entorno. Encravado entre as avenidas Bento Gonçalves, Juscelino K. de Oliveira e rua Gen. Argolo, o banhado é área nativa remanescente. Em dezembro, pesquisa da UFPel, registrou cerca de 1.200 aves da espécie Maçarico-de-cara-pelada. O local é apropriado para o acasalamento das aves, e foram localizados seiscentos ninhos. Mas, acrescenta o advogado ambientalista Antônio Soler – representante do Centro de Estudos Ambientais (CEA) no Conselho Municipal de Proteção Ambiental, o COMPAM -, na área verde já foram identificadas 63 espécies, sendo quatro migratórias, que “nidificam no local e migram para o norte da América do Sul”. Ele exemplifica com a Andorinha-de-bando, que se reproduz nos EUA e Canadá. A preservação do banhado, no entanto, embora legalmente integre a Área de Preservação Permanente (APP) do arroio Pepino, tem sido ameaçada pela intensificação das construções.
NATUREZA – Soler, ex-titular da então Secretaria Municipal de Planejamento Urbano (SEURB), e um dos responsáveis pelo fomento ao 3º Plano Diretor de Pelotas, acrescenta: “O local é habitat de diversas espécies da fauna e flora, típicas dos banhados do Pampa. No banhado, encontramos uma espécie ameaçada de extinção, em âmbito estadual e nacional, que é o Gavião-Cinza, e também uma espécie endêmica do Pampa: o João-da-Palha. Também outras espécies típicas ocorrem, como a Saracura-do-Banhado, e a Sanã-Parda. Vale ressaltar que as zonas úmidas, como os banhados, são os ecossistemas mais ameaçados no planeta, sendo que já desapareceram 95% do total. O Pampa é o segundo bioma mais degradado do Brasil. Só restam 40% dos ecossistemas originais”.
MINISTÉRIO PÚBLICO – No início do ano passado, atendendo solicitação do Fórum em Defesa da Democracia Ambiental (FDAM) – reúne diferentes entidades e instituições – a Prefeitura, através da Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA), explanou sobre o banhado numa reunião do COMPAM. Como a área é protegida por legislação local, estadual e federal, à época, recorda Soler, a manifestação foi contrária a construções no espaço. Mas, observa o ambientalista, posteriormente o poder público alterou a posição sobre a preservação. Atualmente, o Ministério Público está investigando a denúncia apresentada pelo FDAM. Em 2016, menciona Soler, diante da mobilização de segmentos ambientais, o judiciário proibiu o avanço de loteamento no Pontal da Barra. Foi uma forma de reparar áreas degradadas.
PARQUE urbano seria a destinação mais acertada para o banhado. Assim, além da fauna e flora, a preservação contribuiria com: drenagem urbana, evitando alagamentos; regulador térmico, impedindo mudanças drásticas no microclima; diminuição de doenças respiratórias; benefícios não materiais como lazer, recreação, espiritualidade, cultura e integração social.