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domingo, 24 de novembro de 2024

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MEMÓRIA : Despedida a dois pioneiros da cultura negra em Pelotas

MEMÓRIA :  Despedida a dois pioneiros da  cultura negra em Pelotas
06 outubro
09:32 2022

MC Boca e Elton Lemos faleceram recentemente

Por Carlos Cogoy

Dois pioneiros que, através das experiências e legado, destacaram-se na cultura afro-pelotense. No fim de semana, ocorreu o falecimento do terapeuta ocupacional Elton Lemos, que contribuiu para o fortalecimento do cursinho pré-vestibular “Desafio” da UFPel. Já ao fim de setembro, houve o falecimento de João “MC Boca” Manoel, considerado como um dos primeiros rappers da cidade.

Terapeuta Elton Lemos

DESAFIO – A equipe do cursinho menciona sobre Elton Lemos: “O Elton atuou durante vários anos como educador de sociologia, fortalecendo a missão de incluir quem o sistema exclui, como um grande parceiro nessa luta da educação como um direito de todos. Contribuiu com os debates sobre políticas de cotas nas universidades públicas. Egresso da formação em Terapia Ocupacional pela UFPel, foi um profissional sensível e competente. Como militante, dedicou-se a práticas engajadas no movimento negro de Pelotas. Um guerreiro que parte precocemente e deixará lindas memórias conosco. Gratidão por fazer parte da nossa história nesse projeto de resistência como o Desafio. E por transformar a vida de várias pessoas que cruzaram pelo teu caminho”. O líder comunitário Giovane Lessa, conviveu com Elton na juventude, e lembra que ele trabalhava num engenho, ao lado do pai Lourival. Nos anos oitenta e noventa, a amizade também contou com o poeta e professor Miguel Delmar Dias.

Pioneiro Manoel “Boca”

BOCA – O rapper, DJ e pesquisador, Jair “Brown”, lembra que conheceu João “MC Boca” Manoel, num festival dos anos oitenta. Era uma das promoções, organizadas pelo Mister Pelé. Para Brown, “Boca” foi o precursor do Rap em Pelotas. Nas letras, em conjunto com o parceiro Mabeiker, abordagens sobre o amor e o cotidiano. À época, anos oitenta, as gravações eram em fitas cassete. Boca era presente nos bailes do Pelé e de equipes de som, como a 4.6.0. Mabeiker e Boca, lembra Brown, abriam shows nacionais que vinham à cidade. “Ele nunca chegou a gravar em estúdio, e parou de cantar, quando virou DJ em casa noturna. Mas o Boca chegou a cantar em Rio Grande, e algumas outras cidades da região, sempre acompanhando as equipes de som, que embalavam os bailes. O Boca nunca deixou o Rap, mas se afastou por causa do trabalho. Com o tempo, observou que estavam desaparecendo as festas black, e estava surgindo um novo jeito de fazer Rap. Acredito que ele nunca conseguiu acompanhar a geração que veio depois, e daí foi desanimando acerca de uma retomada na cultura de rua. Em período recente, estava enfermo e reclamava que nem sempre conseguia se alimentar adequadamente”.

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