Diário da Manhã

Quando a prefeitura iniciou a elaboração do Plano de Mobilidade Urbana de Pelotas, em abril, decidiu também que todo o processo seria feito de forma coletiva com a população, considerando que o futuro do trânsito e do transporte do município deveria passar pelo senso comum dos pelotenses.

Com a premissa de que quem melhor conhece os problemas do bairro, é o seu morador, 12 consultas públicas foram realizadas na cidade e englobaram todo o perímetro urbano – zonas norte, sul, leste e oeste – a fim de diagnosticar a realidade da mobilidade de Pelotas a partir da perspectiva dos moradores.

Ao todo, 479 pessoas participaram das audiências e puderam contribuir com sugestões e críticas relativas a melhorias no deslocamento de pedestres, ciclistas e motoristas – comunidades das Três Vendas, Areal, Fragata, Laranjal, São Gonçalo e Centro foram envolvidas em todo o processo. A construção conjunta ganhou impulso quando um fórum de acompanhamento composto por instituições municipais foi instituído. Paralelo a isso, outros canais de discussão foram criados: um site para envio de propostas e a promoção de seminários técnicos com a presença de especialistas na área de cada temática proposta.

Plano foi discutido amplamente com a comunidade

Estabelecer diretrizes, que poderão orientar não só a gestão atual, como todas as sucessoras, significa buscar a qualificação de serviços essenciais à população, como saúde, educação e lazer, salienta o diretor executivo da Secretaria de Transporte e Trânsito (STT), Luiz Fernando van der Laan. “O planejamento, além de fundamental ao futuro da mobilidade, é pré-requisito aos municípios com mais de 20 mil habitantes; os que não possuírem o documento, ficarão impedidos de acessar recursos da União, emendas parlamentares e empréstimos referentes à área”, aponta o diretor.

PRÓXIMOS PASSOS

Equipe executora do Plano trabalha agora para organizar todas as informações coletadas nos últimos meses com as diferentes fontes consultadas. O resultado refletirá em um “raio-X” da cidade, que será somado a partir do levantamento de mapas e plantas do município. A redação do documento, uma exigência federal através da Lei 12.587/12, começa já nos próximos meses; o texto vai ser encaminhado à apreciação da Câmara de Vereadores e todo o processo deve ser finalizado em abril – concluindo os 12 meses previstos para a execução do Plano.

Uma pesquisa Origem-Destino em Pelotas também será realizada para incorporar à base de dados a forma da população se deslocar diariamente pela cidade. A empresa Ser Desenvolvimento Humano e Empresarial, de Concórdia, Santa Catarina, será a responsável pela execução desta e de outras duas pesquisas – o objetivo é identificar como as pessoas circulam de casa ao trabalho/estudo e como acessam demais serviços. O trabalho começa em setembro.

Representatividade

Nas 12 consultas organizadas com a população – 11 nos bairros e uma na Casa dos Conselhos, as reivindicações se concentraram, principalmente, nas calçadas, transporte coletivo, iluminação pública e pavimentação de vias. No entanto, outros aspectos relacionados à circulação urbana estiveram sempre nas pautas dos encontros, como acessibilidade, implantação de ciclovias e melhoria da sinalização, além de problemas pontuais específicos de cada região.

A macrorregião das Três Vendas representa o número mais expressivo das audiências: 182 pessoas, ou 38% do público geral atingido. Na área, foram realizadas três consultas, abrangendo moradores da Santa Terezinha, Pestano, Getúlio Vargas, Cohab Lindóia, Sanga Funda, Arco-íris e arredores. Logo após, Areal e Fragata foram os locais com o maior número de participantes, com 109 pessoas (23%) e 86 (18%), respectivamente. A 12ª consulta teve um público específico: os membros dos conselhos municipais do Idoso e das Pessoas com Deficiências e Altas Habilidades.

PARA COMPARTILHAR CONHECIMENTO

Simbolizando um espaço de troca de conhecimento e explanação de ideias, foram realizados três seminários técnicos, trazendo especialistas nas temáticas propostas. Cada um deles abordou um aspecto da mobilidade: o primeiro tratou sobre o deslocamento de pedestres e ciclistas; o segundo foi a respeito do transporte público; e o terceiro, discutindo a implantação de modais alternativos – ferrovias, hidrovias e aerovias. O quarto será promovido amanhã, com foco no sistema viário.