Monumento de papel é destaque na 25ª Fenadoce e nas redes sociais
Batizado de “Elena”, projeto da estudante Lúcia Sedrez retrata amor entre mãe e filha
Parece de bronze, mas não é. Mas esse detalhe talvez não seja a maior razão do sucesso estrondoso do monumento de praça criado por Lúcia Elena Koth Sedrez, 23 anos, aluna do Bacharelado em Design do IFSul/câmpus Pelotas.
A chave para tamanha popularidade, segundo a estudante, está na sensibilidade transmitida por ela ao projeto, confeccionado à base de cola e papel e que retrata a pureza do amor entre mãe e filha.
No estande do IFSul na 25ª Feira Nacional do Doce (Fenadoce) não se fala em outra coisa. Todos querem espiar bem de pertinho a escultura criada por Lúcia no Laboratório de Modelos e Maquetes, disciplina do Bacharelado em Design voltada a alunos que pretendem trabalhar com design de produtos. A estudante ressalta que, no trabalho, não foi utilizado nenhum tipo de metal. E o efeito que muitos pensam ser o do bronze, na verdade, vem do papel paraná, cortado em vários triângulos e pintado com verniz.
A professora Marina Mendonça Loder, que ministra pela primeira vez a disciplina no curso, diz que se surpreendeu bastante com o resultado obtido por Lúcia. Em seu projeto, a estudante “congelou” o exato instante em que uma mãe segura as mãos da filha e gira a menina no ar. A cereja do bolo foi um motorzinho, desenvolvido pelo pai da aluna e acoplado a uma caixa colocada sob à base da escultura. É exatamente essa engenhoca caseira que garante o diferencial ao que, até então, estava destinado a ser algo completamente estático.
“Meu pai fez o motorzinho em apenas um dia. Cheguei da aula e já estava pronto”, conta Lúcia, orgulhosa do talento do pai José Ricardo, que é formado em Eletrotécnica no IFSul/câmpus Pelotas, instituição da qual, hoje, ele é servidor.
Ela batizou o monumento de “Elena”, justamente para enaltecer o amor entre mãe e filha, o amor dela pela mãe Silvia, que também carrega Elena no nome. Assim como o marido, Sílvia é servidora do instituto federal e uma das maiores incentivadoras do talento de Lúcia.
TÉCNICAS
Marina destaca que o grande mérito de Lúcia neste projeto foi conseguir transformar superfícies planas em algo tridimensional e com movimento. Para a docente, a estudante conseguiu dar vida à criação, com muita sensibilidade e apropriação da ideia.
“Devido ao alto grau de complexidade, para fazer o que ela fez, são necessários planejamento e muito dedicação”, afirma.
A docente explica que o papel paraná foi escolhido pela facilidade de manuseio e aplicação de cola. Diversos triângulos foram desenhados, recortados e colados, dando origem à escultura tridimensional. Traços à caneta, deixados propositalmente, e o acabamento em verniz dão ao projeto a rusticidade e o efeito de metal desejados.
Conforme a professora Marina, todos os materiais utilizados foram fornecidos pelo próprio curso, menos os componentes do motor feito pelo pai de Lúcia. Antes de mergulharem no desafio de criar um monumento de praça, proposta apresentada na disciplina deste semestre, os alunos trabalharam, em disciplinas anteriores, conteúdos importantes como desenho geométrico, geometria descritiva, estudos volumétricos, resistência de materiais e noções de perspectivas.
PORTAS ABERTAS
As redes sociais de Lúcia estão bombando. As da professora Marina também. Tudo por causa do sucesso que o projeto “Elena” vem tendo não só na Fenadoce e nos corredores do câmpus Pelotas, mas, sobretudo, na Internet. Os telefones celulares das duas não param um só minuto. A todo momento chegam notificações parabenizando ambas pela criação. Até mesmo uma empresa da área do design fez contato e rasgou elogios ao trabalho.
“É uma porta que se abre. O interesse de empresas é sempre bem-vindo, e tenho que estar preparada para agarrar as oportunidades”, avalia a estudante, que confirmou seu desejo profissional de direcionar a carreira para o desenvolvimento de protótipos e maquetes.
Lúcia foi aluna do curso técnico integrado em Edificações, no IFSul/câmpus Pelotas, e chegou a cursar a faculdade de Turismo por dois anos até desistir de vez para fazer o Bacharelado em Design, sua grande paixão no momento.
“Minha família me apoiou bastante nesta decisão. Foi meu pai quem me apresentou o Design, e estou muito feliz com a escolha que fiz”, conta a estudante, que desde criança já gostava de apreciar e fazer artesanato.
Além do dia a dia puxado na sala de aula, Lúcia também é estagiária na Pró-reitoria de Extensão e Cultura do IFSul, onde atua há mais de um ano. Para o futuro, ela tem planos ousados: quando se formar no bacharelado em Design, vai se dedicar ao design de um produto que envolva algum tipo de tecnologia que possa tornar menos sofrida a vida de pessoas com necessidades específicas.
Fotos/Créditos: Alexandre Abreu