MORADIA : Mutirão constrói habitação para família
Voluntários do “Kilombo Urbano Canto de Conexão”, estão construindo residência para mãe e filha no loteamento Barão de Mauá
Por Carlos Cogoy
Chalé nas Doquinhas foi entregue para Marina e filha há um ano
No dia internacional da mulher, a 8 de março, será entregue a casa que está sendo construída, através de mutirão, à rua 7 do loteamento Barão de Mauá. A iniciativa é de voluntários, estudantes e integrantes do Centro Cultural Canto de Conexão – desde 2020 autodeclarado “Kilombo Urbano” -, atendendo a solicitação de mãe e filha que estavam sem moradia. A ação solidária segue etapas do chalé, entregue há um ano nas Doquinhas. Naquela ocasião, foi reconstruída a habitação – danificada por alagamento – para Marina e filha. O resultado repercutiu em comunidades da periferia e, durante o ano passado, o “Kilombo Urbano Canto de Conexão” recebeu pedidos de apoio. Ao fim do ano, foi definido que seria construída a residência no loteamento Mauá. A comunidade pode colaborar, com a doações de material de construção, bem como móveis e utensílios. O contato pode ser feito via Facebook, acessando Ocupação Canto de Conexão.
Família solicitou apoio do “Kilombo Urbano” para a construção
PARCERIAS – A entrega da segunda casa, edificada através do trabalho coletivo, além de ajudar a mãe sexagenária, e a filha de 25 anos, também terá significado especial. Afinal, no dia 17 de março, a ocupação estará completando quatro anos. Mas, para construir a casa, houve etapas como a limpeza do terreno, terraplanagem, medição e chegada dos primeiros materiais. A sequência ao trabalho acontece conforme a disponibilidade de turnos e horários. No entanto, o trabalho não cessa, e as jornadas acontecem diariamente. Os voluntários comparecem mais cedo pelas manhãs, e também após as 15h. Como destaque, a equipe do serviço de assistência residencial Eficiobra. A empresa que surgiu no Centro de Incubação de Empresas da Região Sul (CIEMSUL/UCPel), oferece a coordenação técnica para obra. As responsáveis, Isadora Passegio e Cris Rozisky, junto à família que residirá no local, têm definido os detalhes da casa,
Equipe do Eficiobra é parceria na coordenação técnica
MATERIAIS – O Kilombo Urbano Canto de Conexão criou o Banco de Material de Construção Reciclado (BdMDCR). A ideia é arrecadar materiais de construção, muitas vezes já descartados, para os projetos solidários. A UFPel tem sido uma das instituições que colabora com a doação de materiais. A equipe divulga: “Estamos precisando de quinhentos tijolos para a construção do banheiro, vaso, pia, tábuas, fios, cimento, um metro de areia, um metro de brita. É o que está faltando neste momento, mas, como todos sabem, sempre falta alguma coisa”. Doações também podem ser feitas através da chave Pix 53999051134.
INFRAESTRUTURA – A casa que está sendo construída terá dois quartos, cozinha, sala, banheiro e mezanino, que poderá ser adaptado como quarto. O loteamento Mauá, no entanto, requer infraestrutura. Cerca de sessenta famílias ainda não dispõem de água e energia elétrica. “Notamos que as esferas governamentais não oferecem um programa de moradia digna à população mais necessitada”, afirmam os voluntários da obra.
CANTO DE CONEXÃO à rua Benjamin Constant 1.327 é ocupação que está consolida, através das inúmeras ações comunitárias. O local – esquina com a rua Álvaro Chaves -, estava abandonado e servia como refúgio para criminosos. Em 2017, estudantes da UFPel e lideranças populares, foram até o local e começaram a reorganizar o espaço. Assim, em quatro anos houve inúmeros projetos, desde promoções artístico-culturais, como mostras, shows e debates, até a acolhida para estudantes, e sem-teto. Entre as iniciativas, o grupo criou uma horta orgânica, que é compartilhada com os vizinhos. Com a colaboração da Livraria Monquelat, foi organizada uma biblioteca comunitária. O espaço interage com visitantes de diferentes Estados do País, bem como do exterior. Durante a pandemia, a ocupação foi um dos pontos de distribuição de máscaras cuidativas.
KILOMBO URBANO é autodeclaração que corresponde à trajetória libertária de fomento e interação, com as mais variadas concepções de resistência e luta por condições dignas de sobrevivência.
