Moradores e escola aprovam prédio da Câmara na Praça Palestina
Aberta a toda a população, em especial aos moradores e à comunidade do Colégio Estadual Dom João Braga, localizados no entorno da Praça Palestina, a audiência pública encerrou com a aprovação para que a Câmara Municipal de Pelotas possa construir seu futuro prédio próprio naquela área.
O sim veio depois de quase duas horas de questionamentos em que os vereadores deixaram claro que o Legislativo “fará pela Praça Palestina o que ainda não foi feito, pois vai ocupar somente 30% do total da área, revitalizando os outros 70% em benefício dos moradores, como sempre sonharam”, afirmou o presidente Ademar Ornel (DEM).
Para quem não reside naquela área da cidade, e passa por ali somente durante o dia, o entorno da Praça Palestina dá a ideia de ser um recanto tranquilo da cidade. Mas os moradores convivem com assaltos, drogas e cenas de prostituição e violência que gostariam que acabasse. Esse foi o principal motivo para que participassem da audiência, realizada na noite de sexta-feira, às 19h, no auditório do Colégio Dom João Braga.
Delaine Gastmann mora no edifício localizado na rua Voluntários da Pátria, em frente à Praça. “Da minha sacada vejo assaltos e cenas de prostituição. E confesso que fiquei preocupada quando soube da intenção da Câmara de construir um prédio bem em frente à minha janela. Mas mudei de ideia ao saber que serão poucos andares e que vai manter a Praça. Mas tem que dar iluminação e policiamento”, afirmou.
Para o diretor do Colégio Dom João Braga, Marcelo Denis, a presença do Legislativo no local soa como um alívio à insegurança com que a sua comunidade vive e pela qual ele se sente responsável. São alunos que saem da escola tarde da noite para buscar um ônibus do outro lado da cidade ou ir a pé para suas casas e que, muitas vezes já foram assaltados nas imediações da Praça. São jovens dependentes químicos que se escondem no lixão existente no matagal ao lado da Praça, como dois alunos que ele precisou retirar de lá com a ajuda da Brigada Militar e chamar os pais para informar do que estava ocorrendo.
“A violência aqui prejudicou muito a escola. Tínhamos 3.500 alunos, hoje lutamos para manter mil”, afirmou na audiência o diretor.
As moradoras Cláudia Braunstein e Daniela Pieper também fizeram questão de se manifestar. “Se a Câmara vai construir em somente 30% do terreno, sou muito a favor”, garantiu Cláudia. Para Daniela, a revitalização da Praça foi fator fundamental ao seu voto favorável. “Hoje é um campinho que não tem nada. Os moradores é que plantam e cuidam das árvores.”
PROJETO – Ademar Ornel considerou fundamental o apoio dos moradores. “Eles entenderam que a nossa proposta vai acrescentar qualidade de vida à sua região, pois o projeto é ecologicamente correto e só ocupará 1/3 da área”, disse o presidente da Câmara.
O arquiteto Paulo Oppa, contratado pelo Legislativo para coordenar o processo de construção do prédio próprio da Câmara, explicou que a localização da Praça foi fundamental para a escolha. “Os moradores de todos os bairros se deslocam para o centro da cidade e esta é uma área central”. O prédio será construído com recursos próprios da Câmara e sua manutenção e segurança também ficarão a cargo do Legislativo. A proposta inclui a revitalização da Praça com espaço para brinquedos, bancos e área de lazer e no prédio um auditório para utilização da comunidade pelotense.
“A Câmara tem segurança própria, câmeras de vídeo, e tudo isso será reforçado com a construção do novo prédio”, explicou o arquiteto. Um concurso público, em nível nacional será realizado, para que arquitetos de todo o país apresentem suas propostas, que devem incluir desde o reaproveitamento da água da chuva, placas solares e tetos verdes.
Os vereadores Beto Z3 (PT), Marcos Ferreira (PT), Ricardo Santos (PDT), Anderson Garcia (PTB), Toninho Peres (PSB) e Roger Ney (PP) participaram da audiência. Roger Ney posicionou-se contra a localização do prédio na Praça Palestina, dizendo ser a favor do terreno ao lado do Terminal Rodoviário, doado pela Prefeitura.
Mas foi contestado por Maria Amélia Farias, que veio da Avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira para o encontro. “Tenho que discordar do vereador, quando ele diz que a cidade está crescendo para o lado da Rodoviária. Neste lado da cidade já temos a maioria dos órgãos públicos, como o Fórum, a Defensoria Pública, os cartórios. Nada mais justo que termos também a Câmara de Vereadores”, afirmou.
Documento do Centro de Estudos Ambientais que questiona a localização do prédio na Praça Palestina foi lido na audiência, mas nenhum dos integrantes do CEA se fez presente para defender seu ponto de vista.
“A aprovação da escola e dos moradores nos dá o respaldo para seguirmos em frente”, concluiu Ademar Ornel.