Municipários esperam resposta do governo
Mais de 300 servidores municipais lotaram o plenário e o corredor externo da Câmara para pedir o apoio dos vereadores contra a alteração da carga horária que será imposta a partir de 1º de dezembro quando o ponto biométrico for implementado. “Não nos importa como o prefeito vai controlar nossa efetividade”, afirmou a presidente do Sindicato dos Municipários, Tatiana Rodrigues. “O que não aceitamos é alterar a carga horária que cumprimos há mais de 20, 30 anos e ainda dizer que somos descartáveis e que, se não está bom, que podemos sair”.
Atendendo à solicitação do Simp, o vereador Marcos Ferreira (PT) pediu ao presidente da Casa, Ademar Ornel (DEM), que seja marcada audiência com o prefeito e representantes dos servidores, para discutir a implantação do ponto biométrico. Segundo o parlamentar, a reunião deve ocorrer na próxima semana. “Queremos o ponto biométrico para todos, inclusive os cargos de confiança do prefeito”, salientou Marcola. Como presidente da Comissão de Constituição e Justiça, ele reafirmou que não colocará os projetos do governo em apreciação enquanto o prefeito não receber os vereadores e o Simp para discutir o assunto.
Entre os funcionários presentes, o sentimento de indignação era o mesmo. A simples instalação de um ponto biométrico, sem a devida avaliação das condições de trabalho em diferentes órgãos, trará grandes prejuízos aos serviços prestados à população. Airma Rosa, funcionária pública há 19 anos, educadora Social na Casa do Carinho, atende desde bebês recém-nascidos a crianças com 10 anos de idade. “Lembrem que os abrigos estão na ponta, lá embaixo. Muitos chegam a ficar sem água, sem luz. Os portões fechados, porque um pai pode invadir. A Promotoria (da Infância e da Adolescência) já notificou a Prefeitura mas não fizeram nada”, disse a servidora.
Para Airma Rosa, será impossível cumprir o horário com o ponto biométrico. “Trabalhamos com crianças em vulnerabilidade. Às vezes chego a ficar 36 horas, 40 horas dentro de um abrigo. Ficamos num hospital com uma criança até 24 horas. Como vou bater ponto e estar no hospital ao mesmo tempo?”
O vereador Professor Adinho (PPS) que já havia se manifestado contra a determinação do prefeito de diminuir o período de recesso escolar das merendeiras, bibliotecárias e do serviço de orientação educacional, também se posicionou contra a forma como está sendo implantado o ponto biométrico. “Discordo da forma da cobrança. O ponto tem que vir para somar, também na zona rural, na educação infantil. Não venham querer aumentar para 40 horas de quem faz 30 horas, ou 20 horas há 30 anos”, disse o parlamentar.
Preguiçosos – O vereador Ivan Duarte (PT) fez um alerta aos municipários. Ele disse que para implantar o ponto biométrico o prefeito não precisava ter baixado um decreto. “Ele fez isso para chamar vocês de preguiçosos, para dizer à população que vocês não trabalham”. Segundo Ivan, “essa é a lógica da política privatizante que está instalada em Pelotas com a Comunitas, com a Falconi, com um grupo dos maiores empresários brasileiros, cuja ideologia é a da privatização. Eles já estão fazendo isso com o Sanep, alertou.”
Ao defender os municipários, o vereador Beto Z3 quis saber se os cargos de confiança do governo também serão obrigados a registrar suas presenças pelo ponto biométrico. “Isso vai valer para os chefes de setor, para os secretários?”, indagou. Também se manifestaram a favor dos funcionários os vereadores Anselmo Rodrigues, Tenente \bruno, Conceição Monhsam, Marcus Cunha e José Sizenando.