MÚSICA : Excesso, contradição, dualidade… NEURA
Nesta quinta às 20h30min na Bibliotheca Pública Pelotense, Juliano Guerra apresenta show de lançamento do disco “Neura”
Por Carlos Cogoy
A tropicália e o psicodelismo brasileiro dos anos sessenta e setenta, temperados com o rock americano da década de noventa. A receita demarca as influências do compositor Juliano Guerra, para a criação do seu terceiro disco “Neura” (Escápula Records). Com doze faixas, o disco foi sendo elaborado a partir de 2015. Conforme o talentoso Juliano Guerra, natural de Canguçu, que já lançou os discos “Lama” (2012), e “Sexta-feira” (2015), apenas as músicas “Terra Treme” e “Cilada”, são anteriores ao processo do novo disco. Para conhecer “Neura”, show de lançamento acontecerá nesta quinta às 20h30min na Bibliotheca Pública Pelotense. Ingressos podem ser adquiridos online, e incluem o recebimento do CD. As opções variam e podem ser acessadas no espaço: bit.ly/neurapelotas
NEURA desde o dia 22 deste mês, está disponível nas plataformas digitais. Sobre o disco, Juliano Guerra acrescenta que reflete sua maturidade musical atual. Em relação à temática, explica acerca da proposta e a realidade social do País: “‘NEURA’ dialoga diretamente com essa perversidade no cenário político brasileiro em pelo menos dois momentos: ‘O Sonho’ e ‘Cilada’. ‘O Sonho’ foi composta às vésperas do Impeachment que removeu Dilma Roussef do poder em 2016, presidenta legitimamente eleita por mim e milhões de outros brasileiros. ‘Cilada’ foi composta logo após os levantes de junho de 2013, quando a polarização ferrenha começou realmente a mostrar a cara que hoje conhecemos muito bem. Eu, entretanto, não gosto do conceito de ‘realidade social’, uma vez que qualquer interpretação da realidade não pode ser vista como mais que isso: uma leitura possível entre muitas outras. Creio que as contradições que apresento ao longo das letras de NEURA, são também um comentário sobre a cegueira ideológica que temos observado nesses últimos anos, em que vemos gente de esquerda e direita defendendo fascínoras e ditadores, unicamente porque estão ‘do mesmo lado’ na guerra pelo controle das narrativas. O disco é minha produção mais complexa. Toda obra que lancei publicamente tem essa intenção de comunicar-se com o coletivo. Não acredito no mito do artista que produz ‘apenas para si mesmo’. Quem produz apenas para si mesmo pode ficar em casa tocando sozinho, e não passar por todo o trabalho que é gravar, produzir e lançar um disco”. O download gratuito pode ser feito no site: julianoguerra.com
NÁ OZZETTI – Das doze canções, nove são de autoria exclusiva de Juliano e três são parcerias, com Mateus Porto (Ano Bom e Só) e Miro Machado (Vai e Vem). Neura conta com uma série de participações especiais, entre as quais se destaca a da cantora Ná Ozzetti. Juliano conta sobre a parceria especial: “A ficha técnica completa do NEURA lista mais de vinte músicos. Tive muitas participações de pessoas muito queridas e talentosas, a grande maioria da cena musical de Pelotas. A participação da Ná tem, na verdade, uma história incrível. Eu compus a canção ‘Fica’ como um dueto romântico típico da tradição da MPB, e sempre imaginei a voz da Ná Ozzetti, que é minha intérprete preferida em toda a música brasileira. Depois de tomar coragem, enviamos um e-mail pra Ná convidando-a para participar do disco e ela aceitou prontamente. Fomos a São Paulo gravar e, dessa primeira parceria, acabou surgindo também a possibilidade de, alguns meses depois, produzirmos pelo Escápula Records, nosso selo, um show dela e do Zé Miguel Wisnik aqui na cidade. Ter a participação da Ná nesse disco pra mim é de fato ter um sonho concretizado. É uma honra”. O disco teve produção de Juliano, sendo gravado e masterizado por Lauro Maia no A Vapor Estúdio. No estúdio “Cabeça de Algodão”, foi mixado por Vini Albernaz. Nesta quinta no lançamento, também há a opção para aquisição do disco “Sexta-feira”. E, após a apresentação em Pelotas, Juliano Guerra amanhã tocará em Porto Alegre. No sábado, show em Esteio.