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MÚSICA : Som mineiro aberto ao samba, jazz e Rap

MÚSICA  : Som mineiro aberto ao samba, jazz e Rap
11 maio
18:12 2016

Por Carlos Cogoy

Nesta quinta-feira às 20h, Miro Machado estará tocando no Restaurante Sushi M – rua Gen. Osório 1.228. Ele estará acompanhado do saxofonista Otávio Dellevedove e o couvert é de R$10,00. No sábado às 20h, show “Miro toca Miro e outros Negros”. Ele será acompanhado pelo baterista John Bellomo – integra a banda Solo Fértil -, e o repertório terá interpretações de Milton Nascimento, Gil, Bob Marley, Steve Wonder, Michael Jackson, Luiz Melodia, Mano Brown e Di Melo. No show com duas horas, haverá participações especiais. Plateia colabora espontaneamente com o “pote de ouro”, e o local será o Centro Cultural Marrabenta – rua Cel. Alberto Rosa 302. Radicado em Pelotas há um ano, onde cursa música na UFPel, mineiro Miro Machado tem tocado em diferentes espaços e feito parcerias com vários artistas. Em julho ele estará no Terça com Música do Mercado, e apresentará o show “Rizoma”. Conforme explica, trata-se de “mistura de sons. Na mesma harmonia cabem Criolo, Baden Powell, Amy Winehouse e Racionais. Nesse projeto contarei com a ilustre participação de Alisson Alanis no baixo, e Renato ‘Popó’ na bateria”. Contatos no email: [email protected]

Miro toca piano, violão, baixo, bateria e cavaquinho. Músico mineiro Miro Machado apresentará shows nesta semana

Miro toca piano, violão, baixo, bateria e cavaquinho. Músico mineiro Miro Machado apresentará shows nesta semana

PELOTAS – Em Belo Horizonte ele já havia estudado dois anos de administração e quatro de psicologia. Casado, dedicava-se à música, tocando violão, cavaquinho e guitarra, gravando jingles políticos, ministrando aulas. Porém, mesmo sendo músico movido “99% pela intuição”, acalentava o desejo de ingressar na universidade. Aprovado no ENEM, verificou que poderia cursar na UFPel. Sem conhecer o sul, conta que a motivação por Pelotas, era a proximidade com o Uruguai. “Com minha vida mais arrumadinha do que nunca pintou o desejo do novo. No mesmo dia descobri que seria pai e, com a aventura aumentando, optamos pela mudança para Pelotas. Como ela estava grávida, fiquei por aqui uns cinquenta dias. À época no alojamento provisório da UFPel. Aos poucos fui me situando. E fui muito bem recebido nos bares aos quais oferecia meu trabalho musical. E foi no Seu Boteco no Shopping, onde comecei a tocar mais vezes e pude financeiramente trazer minha esposa. Aos poucos consegui tocar no João Gilberto e o Hostel no Laranjal. No Hostel fiquei hospedado durante período, e surgiu amizade com os donos, que são padrinhos do meu filho Simba”. Em Pelotas, Miro foi encontrando apoiadores e amigos: Renato Popó; duo Shaka Bullets; Juliano Guerra; grupos Matudari e Causobeats; banda Mato Cerrado; Tom Neves.

HISTÓRIA – Aos dois anos Miro tocava com as panelas da mãe. Aos quatro participava de apresentações nos cultos da igreja evangélica do bairro. Até os nove, tocou bateria. Influenciado pelo irmão, aprendeu violão. Aos oito, ganhou teclado. Aos nove foi ser tecladista noutra igreja. O repertório restringia-se ao gospel e música evangélica.

BLACK – Após a fase evangélica, e muitas outras influências e aprendizados, em 2010 acompanhou cantora de samba. Ano seguinte, ingressou na banda Black Sonora. Foi a primeira experiência na guitarra, e inúmeros shows pelo País. Ele conta que várias vezes acompanhou artistas como Otto, B Negão e Di Melo. Com Otto ficou a amizade. Com um baixista da “Black Sonora”, em 2014, surgiu a ideia de novo projeto. Período de descobertas como o Clube da Esquina e o sax de John Coltrane.

EDUCAÇÃO – Desde março, Miro desenvolve na Escola Edmar Fetter, o projeto “Música de Escola”, que visa aprimorar a metodologia do ensino de música nas escolas.

Culto à música

Miro Machado menciona sobre a mudança na adolescência. Do culto evangélico migrou para a música dos bares. A opção ampliou sua formação musical, o que proporcionou a gravação de cinco EPs.

MUDANÇA – “Aos catorze anos, na ebulição da adolescência, o contexto ideológico da igreja evangélica já não me agradava. O que me mantinha na igreja era a música. E foi a música o elemento de transição. Minha última passagem pela igreja evangélica se deu numa banda de ‘rock gospel’ que montei com amigos do bairro. Mas essa banda começou ‘gospel’ e terminou ‘profana’. Saí da igreja e bateu o vazio. Não era falta da igreja, era a falta de fazer música. Foi aí que um grande amigo, indicou-me para vaga num barzinho perto da minha casa. Já tinha repertório razoável, pois assistia DVDs do Djavan, João Bosco, Ana Carolina, Jota Quest. Foram os meus maiores professores. Grande parte do que sei hoje, em relação a violão e harmonia, aprendi vendo os arquitetos da musica brasileira tocar. No dia que iria tocar para o dono do bar, ainda tentei desistir, pois a empreitada ‘comercial’ era novidade pra mim. Mas fui convencido pelo amigo, e desde então nunca mais parei de tocar na noite. É meu culto e meu ganha pão. Desde a época da igreja eu já compunha canções evangélicas e participava de diversos festivais, sempre ficando entre os primeiros lugares. Aos dezesseis anos comecei a compor canções de amor e de vida, e desde então nunca mais parei. Aos dezessete gravei um EP com cinco músicas e, além das composições e tocar os instrumentos, também estive à frente das edições e masterização”.

DISCO – Os EPs podem ser ouvidos no SoundCloud. Como projeto, Miro pretende lançar campanha de financiamento coletivo, para reunir em CD as melhores músicas.

Projeto “Gafieira samba e tal”

Na Fenadoce, Miro estará participando com o projeto “Gafieira samba e tal”. Ele salienta a parceria com os músicos Renato Popó, Menega e Otávio Dellevedove (sax). Recentemente houve apresentação no aniversário de Dija Vaz no João Gilberto. Conforme Miro: “O projeto ainda vai levar muita gafieira por esse sul”.

AUTORAL – O músico observa sobre o trabalho autoral: “Minhas composições são bem variadas enquanto temáticas, mas em geral gosto de compor sobre o cotidiano. Tenho uma música pra chuva, outra pra bicicleta, além de temas filosóficos que me intrigam como a solidão, o pensamento e as histórias mais diversas, de amores a viagens. Cada época componho com uma pegada, mas desde 2012 que a mineiridade tem soado marcante. Principalmente nas harmonias. Em fase recente, tenho composto músicas que desafiam a métrica e lógica tonal. Nas letras, em geral, uso a música pra falar da música, então ‘metamúsicas’. Também componho para meu filho, e breve planejo lançar CD de música para crianças”.

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