Diário da Manhã

Quinta às 20h, tributo ao compositor e intéprete Belchior, falecido neste ano no RS

Por Carlos Cogoy

Ele completaria 71 anos a 26 deste mês. Mas o poeta cearense Belchior, após período de ostracismo e recolhimento, faleceu a 30 de abril em Santa Cruz do Sul. Para lembrar fases de sua criação poético-musical, nesta semana acontecerá tributo. A programação acontecerá quinta a partir das 20h, e reunirá o músico Matheus Sacramento, que será acompanhado pelo pai Gilmar. Em agosto, a parceria musical homenageou o baiano Raul Seixas. Nesta semana, o tributo será no espaço “Dom Bier”, situado à rua D. Pedro II 1.076 A. Ingresso antecipado a R$15,00, pode ser adquirido na CD House, ECO restaurante e Dom Bier.

Matheus Sacramento e o pai Gilmar tocarão juntos

PAI E FILHO divulgam: “Seremos os responsáveis por passear sobre as observações, pontos de vistas e a ‘Alucinação’ de Belchior, figura sempre presente nas conversas, audições e lazeres na casa da família”. Matheus comenta que “realizar essa homenagem no dia do aniversário deste ícone, é também uma forma de agradecer a quem tanto fez para clarificar nossa observação de mundo. E mantendo vivo esse trabalho, nos sentimos como mais uma voz ativa na transformação que ele buscava”. Eles acrescentam que “desenvolvem trabalho musical de amplo espectro, aliando a canção popular brasileira, com a cultura concertista da viola de arco. Nosso envolvimento com a música começou muito cedo”. Gilmar ainda na adolescência, tocava violão nas rodas de choro e quintais de samba de Pelotas, compartilhando da amizade de grandes nomes da cultura musical pelotense como Avendano Júnior, Possidônio Tavares e Aloim Soares, compondo e participando de festivais de música de Pelotas e região. Já o filho Matheus, influenciado pelo pai e a mãe Cristiane, também musicista e professora de música, teve contato com os instrumentos e conteúdos musicais desde a mais tenra idade. Bacharel em violino pela UFPel, dedica-se a diferentes gêneros, abrangendo a música popular e também erudita. Para breve, informa, planeja lançar trabalho com obra autoral. Em 2006, a família fundou o grupo “Som de Fato”, que atua em diversos eventos artístico-culturais. Gilmar menciona: “Sempre tocamos juntos, então a criação do grupo foi algo natural, já que estamos próximos e gostamos de fazer as mesmas coisas. Assim, é inevitável que surjam projetos em parceria”.

Belchior

BELCHIOR entre “O sonho e o som”, título do tributo. Conforme Matheus: “Na infância, Belchior foi cantador de feira e poeta repentista. Arte, literatura e filosofia sempre foram amantes do nordestino que viu, como muitos outros brasileiros de sua época, uma chance de mudar de vida nas grandes cidades do sudeste do país. Mas, assim como a grande maioria que tomou esse rumo, a decepção de perceber que persistem as amarguras do sistema. E ele, numa de suas letras, se autointitulava ‘cantador das coisas do porão’. A desilusão com a vida aparece em obras como ‘Fotografia 3x4’, ‘Não Leve Flores’ e ‘Como Nossos Pais’, esta a mais difundida. Por outro lado, preservava sua certeza de que sempre podemos ‘arriscar tudo de novo, com paixão’, e manter uma atitude transformadora com relação ao mundo que vivemos, com novas ideias de liberdade”.