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quinta, 14 de novembro de 2024

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Na linha de frente do diagnóstico da Covid-19

Na linha de frente do diagnóstico da Covid-19
16 junho
08:45 2020

Profissionais da saúde que realizam coletas domiciliares para detectar coronavírus contam sobre suas rotinas durante a pandemia

Ficar em casa durante a pandemia do novo coronavírus é um dos hábitos que mais contribuem com a preservação da vida ao evitar a propagação do vírus na população. Para atender aqueles que apresentam sintomas e se enquadram no quadro de grupos protocolado para testagem tipo RT-PCR pelo Município, a Vigilância Epidemiológica (Vigep) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) tem atuado com profissionais da saúde para realizar coleta a domicílio.

Seguindo todos protocolos de segurança, a preparação para um dia de coleta começa logo no início da manhã, quando as técnicas em enfermagem e as enfermeiras que realizam a atividade se paramentam com macacão, avental, luvas, pro-pé, touca, máscara de proteção N95, face shield e óculos.

EQUIPE segue todos os protocolos de segurança

EQUIPE segue todos os protocolos de segurança

Em duas vans, as equipes se dividem para atender as comunidades de diferentes bairros pelotenses. Segundo a enfermeira Natália Vargas, o paciente suspeito é notificado pelo seu médico ou pela unidade de saúde o qual atendeu e, posteriormente, analisado pela Vigep.

“Vemos se ele se encontra dentro dos nossos protocolos de coletas, contatamos a pessoa para preencher dados e pegar mais informações, além de avisar o dia previsto para a visita”, explica uma das profissionais responsáveis pela coleta, bem como pela organização do fluxo das equipes.

As coletoras atuam com pacientes que estão entre seu terceiro e sétimo dia de sintomas e realizam, em média, 15 coletas por dia. Esses exames são encaminhados para o Laboratório Central do Estado do Rio Grande do Sul (Lacen/RS), onde são analisados e o resultado da amostra é enviado de volta para a Vigilância, a qual comunica o paciente e o profissional ou unidade de saúde que notificou.

Natália conta que as profissionais acompanham as mudanças de protocolos que o Estado realiza, que vêm buscando ampliar seu grupo de testagem. Atualmente, todas as pessoas com sintomas de síndrome gripal avaliadas por médicos podem ser testadas, sendo esses grupos os prioritários:

  • Pessoas com 50 anos de idade ou mais;
  • Gestantes (em qualquer idade gestacional) e puérperas;
  • Profissionais que trabalhem em veículos de transporte de cargas e transporte coletivo de passageiros;
  • Profissionais do setor portuário (portos e navios);
  • Trabalhadores de Estabelecimentos de Saúde que atendem pacientes com síndrome gripal e síndrome gripal aguda grave e da Vigilância em Saúde;
  • Trabalhadores da Administração Penitenciária – SEAPEN que exerçam atividades operacionais e aqueles da área da saúde dessas instituições;
  • Trabalhadores da Segurança Pública que exerçam atividades operacionais e aqueles da área da saúde nestas instituições;
  • Trabalhadores da Assistência Social;
  • Trabalhadores do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente;
  • População Quilombola;
  • População Indígena.

A enfermeira destaca que as equipes estão sendo bem recepcionadas nas residências dos pacientes.

“Chegamos nos identificando desde o veículo. Acredito que os pacientes nos acolham bem porque sabem que estamos preocupados em cuidá-los e com sua situação. Vamos preparados para entrar em um ambiente que é potencialmente contaminado; às vezes as pessoas se assustam porque chegamos com aquele monte de roupas, mas na dúvida precisamos entrar naquele local assim, não podemos arriscar”, ressalta.

A mudança na rotina pessoal 

Natália lembra que estava de férias no início da pandemia em Pelotas, no mês de março, e precisou retornar antes. Ela diz que a doença é um desafio diário e cobra muito aprendizado. “Temos os protocolos e as notas informativas que saem frequentemente, tendo que estudar e entender para saber orientar os profissionais de todo município, através de um celular destinado apenas para essa função, todos os dias, durante 24 horas”, conta.

“Eu me afastei da família. Moro sozinha e não vou visitar meus pais e meu irmão, eles também não vão lá em casa. A preocupação maior não é nem comigo mesma, mas é eu transmitir isso para as pessoas.. Acredito que seja uma preocupação geral dos profissionais de saúde”, afirma a enfermeira.

Outra enfermeira que atua nas coletas de exames a domicílio, Bruna Berny, conta que sua maior dificuldade é em relação à proteção do filho, de dois anos. “O cuidado é redobrado ao ter contato e não tenho como me afastar dele, trabalho aqui pela manhã e em uma [Unidade Básica de Atendimento Imediato] Ubai no turno da tarde, então é uma rotina de chegar, tirar a roupa que estava, colocar outra para ir até o banheiro, tomar banho e depois pegar meu filho”, relata.

Ela frisa que o desconhecido da situação motiva atender aqueles que a procuram atrás de informações e orientação. “As pessoas estão preocupadas e conversar com elas é muito importante, principalmente na coleta”, acredita.

A técnica em enfermagem, Betânia Pozzedin, também enfrenta a alteração de rotina visando proteger seus filhos e compartilha que o trabalho em equipe ajuda nos momentos de apreensão. “A gente lida como se tudo tivesse contaminado. Já é hábito passar álcool gel em tudo que vamos tocar. O motorista nos ajuda para que a gente não tenha contato, ele passa o álcool na gente para tentar evitar ao máximo a contaminação”, comenta.

Betânia finaliza: “Mas é gratificante estar na linha de frente. Quando chegamos na casa das pessoas, nós somos acolhidos porque as pessoas se sentem acolhidas”.

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