NATAÇÃO : Professor Nico avalia os desafios no período de paralisação
Situação inédita na carreira do experiente instrutor do Brilhante traz reflexões históricas e atuais
Por: Henrique König
O Clube Brilhante projetava um ano positivo nas disputas da natação, mas a pandemia do covid-19 altera todo o planejamento. Experiente na modalidade das piscinas, fornecedora de muitas medalhas nos peitorais do esmeraldino, o professor Antônio Carlos, conhecido por Nico Weymar analisa os prejuízos da natação, com treinos paralisados desde 17 de março.
Nestes quase dois meses longe das atividades, o dano não é exclusivo da natação, as modalidades praticadas pelo Brilhante estão paradas. A exceção é o tênis, com possibilidade do aluguel da quadra, mas com muitas medidas de higiene e restrições, tudo pela preservação em primeiro lugar. Os impactos principalmente na saúde pública e também na economia estão gritantes pelo país.
Desde o início do ano, os treinos dos nadadores preparados para competição ocorriam diariamente no Brilhante, de segunda a sábado, com durações entre 1h45min e 2h. Uns poucos atletas conseguiam estender atividades para um segundo turno, mas Nico nos conta que é raro acontecer. Além disso, utilizavam a academia e outros exercícios como complemento físico.
“Neste período, estamos mandando exercícios de funcional para os alunos realizarem, mas é difícil a fiscalização. Eu ando assistindo a muitas lives, é a tendência, estudando o panorama da natação pelo Brasil e pelo mundo. Também utilizamos a metodologia Gustavo Borges, preparada por treinadores, nutricionistas, vários profissionais que preparam esses conteúdos”, explicou Nico. Segundo o coordenador da natação no Brilhante, o método Gustavo Borges
é aplicado em mais de 220 academias pelo Brasil e está ganhando mercado também no México e nos Estados Unidos.
Weymar começou nas piscinas aos 8 anos e, até entrar para faculdade, dos 17 para os 18 anos, foi atleta acostumado a torneios. Com a educação física cursada, passou imediatamente a ser instrutor de natação. Calcula que está no Brilhante desde 1987. São 33 dos 55 anos dedicados ao esporte no Esmeraldino.
Ele demonstra a importância do Brilhante no cenário estadual e sul-brasileiro. São vários atletas que começaram nas piscinas do clube, com destaque especial para Graciele Herrmann, primeira gaúcha a classificar em modalidade individual para uma Olimpíada. A pelotense também foi medalha de prata em Pan-Americano. Aos 28 anos, formada como fisioterapeuta, se mudou de Porto Alegre para o Paraguai e busca retornar aos treinamentos.
Expectativas
“O ano era de expectativa boa, no último Estadual foram várias medalhas. Tivemos um atleta do sub-11, hoje do sub-12, o Pedro Fickel, que venceu as suas competições e chegou ao 2º lugar no ranking brasileiro. Entre 50m peito, 50m livre, 100m peito e 100m livre, está disputando no top 10 brasileiro. Mas as categorias entre 12 e 14 anos estão muito bem, vários com índice para o brasileiro”, informou Nico.
“Creio que estamos no ápice da pandemia do covid-19 e até o final de maio nada deve mudar. Os campeonatos de inverno estão todos prejudicados. Observo que São Paulo, Rio de Janeiro, está tudo parado. No Rio Grande do Sul, o Grêmio Náutico União tentava voltar com restrições, isso também em Caxias e Novo Hamburgo, mas vai ser difícil”, desenvolve pessimista quanto à sequência.
São poucas alternativas, a não ser os treinos físicos repassados pela internet, mas com as limitações de não haver a prática específica nas águas. “Ainda que fosse verão…”, Nico imagina, na possibilidade de alguns terem piscina em casa.
Enquanto isso, fica a espera pela situação do país melhorar em um horizonte que ainda está turvo. No futuro, o Brilhante quer repetir resultados passados e continuar representando Pelotas e o Rio Grande do Sul com os talentos da natação coordenados por Nico Weymar.