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sábado, 16 de novembro de 2024

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No braço morto do Canal, o desumano sobrevive

No braço morto do Canal, o desumano sobrevive
29 março
09:49 2014

Canal Santa Bárbara 03Se Pelotas enfrentasse uma situação de guerra, o cenário encontrado seria exatamente igual ao que existe junto à Travessa Nossa Senhora de Lourdes, localizada no chamado “braço morto” do Canal Santa Bárbara: ruínas de casas, restos de móveis, entulhos, pedaços de roupas e utensílios domésticos que parecem ter sido deixados para trás por alguém que teve que fugir às pressas do inimigo. E sujeira, tanta sujeira e mau cheiro, que circular pelo local é quase um desafio.

Para quem não sabe onde fica a Travessa com nome de santa, mas que de abençoada não tem nada, ela se localiza na divisa entre a Praça 20 de Setembro e o Parque do Sesi, logo ali, quase no centro de Pelotas, onde prédios históricos são admirados pelo passado de opulência da cidade. Atrás do matagal onde se esconde a miséria subumana, podem ser vistos os apartamentos mais altos do Residencial Ana Terra.

É ali, naquele pedaço de chão pelotense que deveria ter sido desocupado pela Prefeitura e devidamente fiscalizado para que ninguém mais voltasse a ocupar que, aos poucos, famílias sem-teto estão erguendo barracos com pedaços dos destroços que se acumulam à volta do Canal.

Alertado por denúncias, o vereador Ricardo Santos (PDT) esteve no local na tarde de quinta-feira, 27/03, e o que viu deixou-o assustado. “As famílias que moravam aqui antigamente foram levadas para as casas do PAC Mauá (programa federal Minha Casa, Minha Vida), e a Prefeitura se comprometeu em limpar o local, retirar os entulhos e fiscalizar para que as casas abandonadas não fossem ocupadas de novo”, afirmou o parlamentar.

TRAVESSA Nossa Senhora de Lourdes Fotos/Pacheco

TRAVESSA Nossa Senhora de Lourdes
Fotos/Pacheco

Mas, segundo Santos, a destruição e a presença de famílias no meio daquele ambiente “me deixaram chocado”. De acordo com o parlamentar, o
compromisso do governo incluía também a limpeza do próprio Canal, que não recebia manutenção por causa dos antigos moradores. “Mas eles foram retirados e nada foi feito”, disse o vereador.

“Com esta visita estou comprovando as denúncias que recebi de que famílias inscritas nos programas habitacionais, há vários anos, que vivem em situação de risco, nunca foram chamadas e resolveram se instalar aqui, apesar de toda a sujeira e dos perigos que correm”, alertou.

APROVAÇÃO – O Legislativo aprovou, por unanimidade, na quarta-feira passada, 26, o pedido de informações em regime de urgência, do vereador Ricardo Santos, sobre a situação de inúmeras pessoas inscritas no programa Minha Casa, Minha Vida. Os nomes, situação cadastral, número do NIS e outras informações estão anexas ao documento. “Esta é a terceira vez que apresento a solicitação porque faltaram dados nas vezes anteriores”, explicou Ricardo Santos, “e precisamos conhecer a real situação das pessoas cadastradas, que se encontram vulneráveis à espera de serem chamadas no programa”.

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