NOVO PRESIDENTE DO BRASIL : “Uma das minhas prioridades é proteger e revigorar a democracia” , diz Bolsonaro
Bolsonaro diz a brasileiros que quer acabar com corrupção e favores políticos
O já empossado presidente da República, Jair Bolsonaro, convocou os brasileiros para um movimento de valores éticos e morais no Brasil. Segundo ele, o governo que começa nesta terça-feira (1º) vai acabar com a corrupção e a troca de favores políticos.
A declaração fez parte do primeiro discurso que Bolsonaro proferiu no Parlatório do Palácio do Planalto, para o povo brasileiro, como presidente. Ele disse, ainda, que quer combater o desemprego e desburocratizar a máquina pública.
Após desfile em carro aberto pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília, Jair Bolsonaro fez discurso, nesta terça-feira (1º) no Congresso Nacional já como presidente do Brasil.
Em cerca de 10 minutos, ele falou que o seu governo quer unir o povo brasileiro, valorizar a família, e respeitar as religiões. Reafirmou o compromisso de construir uma sociedade sem discriminação ou divisão.
O presidente disse que montou o governo com uma equipe técnica, sem viés político. Na economia, disse que o Estado brasileiro não gastará mais do que arrecada e que reformas estruturantes serão essenciais, segundo Bolsonaro, para a saúde financeira do país.
Bolsonaro pede ajuda a parlamentares; Eunício diz que governo terá trabalho mais fácil no Congresso
Jair Bolsonaro entrou no plenário da Câmara dos Deputados sob aplausos e gritos emocionados, e na mira dos celulares dos parlamentares e dos convidados, que fizeram questão de registrar todos os momentos da cerimônia de posse.
Na hora do discurso, que estava redigido, ele precisou da ajuda de óculos. Saudou os presentes, a esposa, Michelle Bolsonaro, e agradeceu a Deus por estar vivo. E lembrou também do trabalho dos médicos que o atenderam quando ele sofreu a facada, durante ato de campanha, em setembro do ano passado.
Prometendo austeridade, Bolsonaro falou sobre a postura que pretende adotar na economia. “Na economia traremos a marca da confiança, do livre mercado e da eficiência. Confiança de que o governo não gastará mais do que arrecada e que os contratos serão respeitados. Realizaremos reformas estruturantes, transformando o cenário econômico e abrindo novas oportunidades”.
E, dirigindo-se aos parlamentares, Bolsonaro pediu ajuda para reestruturar o Brasil. “Aproveito este momento solene e convoco cada um dos congressistas pra me ajudarem na missão de reerguer nossa pátria, libertando-a do jugo da corrupção, da criminalidade, da irresponsabilidade econômica e da submissão ideológica.”
O presidente do Congresso, senador Eunício Oliveira, reagiu e afirmou que o governo de Bolsonaro vai ser mais fácil porque o Congresso aprovou reformas importantes. “Aqui, neste Congresso, não houve pauta bomba, nem deixou-se qualquer herança maldita. Houve, sim, muito trabalho para avançar na pauta que era necessária ao Brasil. Destaco as iniciativas na área da segurança pública e da microeconomia, que, conforme ressaltei neste mesmo plenário, há 11 meses, foi a tônica do ano legislativo 2018, como foi feito um destaque. Na campanha de Vossa Excelência e é um reclame urgente de toda a população brasileira.”
Eunício disse, ainda, que política é a arte de construir consensos e não será com autoritarismo que se conseguirá o apoio do Congresso Nacional.
Parlamentares comentam expectativas que têm do governo Bolsonaro; oposição não vai à posse
Parlamentares presentes na cerimônia de posse de Jair Bolsonaro comentaram as expectativas com o novo governo. E a oposição compareceu com poucos representantes na posse.
O senador eleito por São Paulo, Major Olímpio, do PSL, partido de Bolsonaro, defende que a prioridade deve ser a reforma da Previdência e aposta em mudança na relação entre Executivo e Legislativo.
O coordenador da Frente da Segurança Pública, também conhecida como Bancada da Bala, o deputado capitão Augusto, do PR paulista, defendeu que o Congresso será o calcanhar de Aquiles do presidente, e que é preciso aumentar a articulação com os partidos, e não apenas com as chamadas bancadas temáticas, como a ruralista e a evangélica.
Já o deputado Fábio Ramalho, do MDB mineiro, argumenta que Bolsonaro teve sete mandatos na Câmara, conhece bem a casa e tem articulado com todos os grupos de congressistas.
Com 29 deputados e três ministros no governo, o Democratas é um provável aliado de Bolsonaro. Mas, o presidente do partido, o prefeito de Salvador ACM Neto, presente na posse, diz que é preciso esperar qual será a agenda econômica do novo governo para decidir a posição da legenda. “O Democratas vai se reunir, em fevereiro, pra decidir se integrará a base do governo, a partir do conhecimento mais aprofundado dessa agenda que o governo tem, principalmente para o início dos trabalhos no Congresso.”
Partidos de oposição, representados pelo PT e o PSOL, anunciaram que não iriam à posse do presidente eleito, em parte como protesto à forma como Bolsonaro se refere às legendas. Já outros partidos de oposição, como PDT, PCdoB e PSB, mesmo sem anunciar boicote à cerimônia, não compareceram em grande número.
Um dos poucos que apareceu foi o deputado Pompeo de Mattos, do PDT gaúcho, que defendeu fazer uma oposição pontual. “Essa oposição pela oposição é uma fase que passou. As pessoas já não querem mais isso. O PDT é oposição, mas é uma oposição madura. Nós vamos ver caso a caso, projeto a projeto.”
Os parlamentares que venceram a eleição de 2018 tomam posse no próximo dia 1º de fevereiro, dando início aos trabalhos no Legislativo.