O encanto da população pela Praça
Projeto Pelotas Doce Natal supera as expectativas até mesmo dos organizadores
Não há como negar. Quem passa pelo entorno da praça Coronel Pedro Osório, no centro histórico de Pelotas, rende-se à beleza da iluminação cênica dos casarões e os enfeites misturados às árvores, capazes de remeter qualquer um ao espírito do Natal. Os arcos e suas lâmpadas azuis mais parecem portais que dão passagem para um espetáculo na Fonte das Nereidas e suas águas dançantes.
Pais, mães, filhos, avós, tios e tias. À noite, a praça mais parece o sofá da sala quando reúne todos para um encontro familiar. E mesmo com o sucesso e a repercussão do espaço, ainda há quem não tenha desfrutado do belo clima natalino oferecido pelo projeto Pelotas Doce Natal. Mas não há motivos para tristeza. A praça continuará decorada até o dia 6 de janeiro de 2014, portanto, é só preparar o chimarrão e ir respirar um pouco do aroma do Natal presente no coração da cidade.
Luís Otávio e Eliane Andrade são casados há 42 anos. Uma vida inteira juntos fez o casal apreciar a companhia um do outro e compartilhar cada momento. Frente ao espetáculo montado na praça tão próxima de prédios carregados de história e tradição, estar com a companheira e amiga é motivo de recordar. “Estamos juntos há muito tempo. Sempre fizemos tudo juntos”, conta o aposentado Luís Otávio Andrade. E na hora de ver pela primeira vez com os próprios olhos a decoração tão elogiada e comentada na cidade, não seria diferente. “Ainda não tínhamos visto. Está tudo muito lindo”, disse Eliane. Mas o que mais chamou atenção foi a Fonte das Nereidas e suas águas movimentando-se em sincronia e beleza. “Um verdadeiro espetáculo. Salta aos olhos”, ressalta Luís Otávio.
O sucesso do projeto Pelotas Doce Natal é tanto que superou até mesmo as expectativas dos organizadores. De acordo com a gerente do Centro de Eventos e uma das coordenadoras do projeto Michele de Lima, a demanda de tempo e recurso dificultou a execução de alguns itens. Mas diante de tamanha adesão do público que tem frequentado a praça Coronel Pedro Osório, ela ressalta a importância do retorno deste tipo de atividade cultural. “As pessoas vão para a praça seguras. Famílias inteiras acompanhando as programações e curtindo o visual da decoração. Estamos felizes e surpresos com a repercussão do trabalho que reuniu diversas empresas parceiras e que fizeram tudo isso acontecer.”
Além do lazer diferenciado oferecido pelo espaço, o potencial turístico e do comércio também é destacado pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). “Temos pessoas de fora visitando a praça. O comércio também lucra, pois muita gente aproveita para ir às lojas e depois apreciar as decorações. Já que temos uma Fenadoce no inverno, por que não fazer do Pelotas Doce Natal nosso forte no mês de dezembro? Temos potencial e muito ainda para fazer na nossa cidade”, projeta Michele.
O ESPÍRITO REASCENDE
É claro que uma decoração de Natal exige a presença dele. O responsável por manter o sentimento de pureza das crianças que refletem o verdadeiro espírito natalino. Papai Noel ou Bom Velhinho. Como quiser. O importante é que ele e seus ajudantes estão sempre prontos para ouvir os inúmeros pedidos dos baixinhos que fazem fila para vê-lo na praça Coronel Pedro Osório.
Flávio Carril Pereira é Papai Noel há 32 anos. A história de uma vida inteira dedicada à representação do personagem mais ilustre do Natal é relembrada com alegria. Até mesmo por isso, a volta das decorações natalinas espalhadas pela cidade é motivo de comemoração para Carril. “A comunidade está muito feliz que neste ano o encanto e a magia do Natal estão de volta a Pelotas. Espetáculos, eventos religiosos, culturais e sociais acontecendo harmonicamente. Isso toca a gente.”
Carril perdeu a conta de quantos pedidos de presentes ouviu durante o tempo em que protagoniza o Papai Noel. Perguntado sobre uma história marcante que lhe ocorreu neste longo período, ele lembra de várias. Mas nenhuma que tenha surpreendido tanto quanto uma atitude especial presenciada neste ano. Em uma noite quente, o Papai Noel recebeu a visita de um grupo de crianças e adolescentes de uma casa de abrigo, vítimas de violência doméstica. Contentes em ver o Bom Velhinho, elas faziam seus pedidos enquanto a fila se acumulava. Terminada a visita, Carril estava pronto para receber as próximas crianças. Foi quando duas meninas, de mãos dadas, perguntaram se aquele grupo era de um orfanato. Ele respondeu que sim, e logo perguntou:
– O que vocês vão querer do Papai Noel, meus anjos?
– Nada, Papai Noel.
– Como assim, o Papai Noel sempre traz alguma coisa.
– Nós queremos que o senhor dê presentes para aquelas crianças que estavam aqui antes de nós.
As lembranças do diálogo vinham à tona, assim como as lágrimas escorriam de seus olhos. Não de tristeza, mas de emoção. Afinal, era um atitude especial. Daquelas que não vemos com frequência. “Foi, sem dúvida, o momento de maior emoção em todo o meu tempo como Papai Noel. É indescritível o que senti”, conta Carril, visivelmente emocionado. No outro dia, as duas meninas foram novamente até a Casa do Papai Noel e entregaram dois presentes e pediram para o Bom Velhinho entregá-los àquelas crianças carentes. Ações que mantêm a chama da fraternidade acesa e espalham o verdadeiro espírito que a data merece.