PÉ NA TRILHA SUL : Três dias na travessia São Lourenço a Pelotas
Treze praticantes de “trekking”, percorreram a beira da lagoa, realizando a travessia entre São Lourenço do Sul e Pelotas
Por Carlos Cogoy
Duas pesquisadoras, nas áreas de biologia e agronomia, também um geógrafo, advogada, secretário de cultura e turismo Rodrigo Segóvia (Jaguarão), major da Força Aérea, dois sargentos da Brigada Militar, piloto de voo livre, atleta maratonista, e três universitários. Eles participaram do desafio promovido pelo grupo Pé na Trilha Sul, e percorreram sessenta quilômetros à beira da lagoa. O “trekking” teve início na sexta, com saída pela manhã de São Lourenço do Sul. O primeiro acampamento ocorreu após a transposição do rio Arroio Grande. No sábado, informa o coordenador Daniel Nunes Vieira, o grupo acampou na ilha da Feitoria. A chegada em Pelotas, ocorreu no domingo. Ao meio-dia, acrescenta o maratonista Michel Soares, o grupo chegou à colônia Z3.
OBSTÁCULOS – O grupo reuniu participantes entre 23 e 52 anos, sendo cinco mulheres. Daniel menciona: “Percorremos sessenta quilômetros pela orla da praia, onde foram transpostos terrenos de arreia solta, banhados com junco e alguns cursos d’água. Assim, houve necessidade do uso de técnicas de flutuação. Todo o equipamento teve que ser carregado pelos participantes, como barraca e sacos de dormir. Já a água foi coletada e tratada no caminho com o uso de filtros e ‘clorin’. Em relação à alimentação, usamos barras protéicas, ração de sobrevivência e comida enlatada, sendo que o peso das mochilas ficou entre doze e vinte quilos. Creio que, entre os principais obstáculos, está o peso das mochilas, também o terreno irregular que mantém a tropa com o pés sempre molhados. O sol esteve presente, porém a vista deserta da laguna compensa qualquer dificuldade. Então, escutar o vento nas árvores, e ver as estrelas à noite, fazem a jornada valer a pena”.
PARTICIPAÇÃO – Daniel salienta que o grupo não tem cunho financeiro, e cada participante arca com os seus custos de transporte e alimentação. Além disso, também a condição física, e o equipamento básico como botas, mochilas e óculos. “O nível de dificuldade e os equipamentos necessários, são explicados conforme cada tipo de trekking (caminhada). A periodicidade das trilhas é semanal, e as principais estão entre dez e vinte quilômetros, percorrendo a zona rural, ou cidades próximas. Mas já fomos ao cânyon de Cambará do Sul, Uruguai, Argentina, Chile e visitamos Machu Picchu no Peru. Não há mensalidade nem pagamento aos participantes, mas estamos abertos a parcerias e patrocínios. As nossas atividades são propostas e combinadas no Facebook e WhatsApp”, diz o coordenador.
INSTITUTO – Ano passado, além da ONG destinada ao trekking, hikking e trilhas, foi criado o Instituto Pé na Trilha Sul (PNTS), presidido pela historiadora Amanda Basílio. O objetivo é fomentar atividades de educação ambiental e patrimonial. Contatos também podem ser feitos no email: [email protected].
Geógrafo coordena o grupo que terá desafio de 230 quilômetros
Entusiasta da prática do “trekking” e também da locomoção através de bike, o professor Daniel Nunes Vieira (Foto), idealizou o grupo há mais de cinco anos. Geógrafo, ele coordena o Pé na Trilha Sul, e acrescenta que o “esporte é a chave para a integração entre as pessoas, melhorando o convívio, e contribuindo para fugir do cotidiano conturbado da vida moderna”.
TREINO – Os treinos, diz Daniel, são realizados no “Campo Escola do Cerro das Almas” no Capão do Leão. O local, ressalta, oferece vegetação densa, aclives e oportunidade de exercitar a orientação. Além disso, a prática contribui para o condicionamento físico. “A equipe é multidisciplinar e voluntária, sendo que, quando se formam os grupos para travessias ou ‘trekking’, cada integrante ajuda com a aptidão que possui”, diz o coordenador.
DESAFIOS – Daniel informa sobre os desafios do Pé na Trilha. Neste ano, travessia de 230 quilômetros, entre o Cassino e a barra do Chuí. A duração será de oito dias. Também haverá trajetos menores, como Pelotas a Rio Grande, Tapes a Barra do Ribeiro, e São José do Norte a Tavares. Outro projeto, para janeiro de 2020, já está definido. Trata-se de “mochilão” de dezessete dias pela Argentina e Chile. O grupo fará trilhas no deserto do Atacama e Peru.
Atleta na trilha
O jovem atleta pelotense Michel Soares (22 anos), que já participou de três maratonas, sendo uma no Chile, integrou a travessia São Lourenço a Pelotas. Ele expressa agradecimentos ao Pé na Trilha Sul, Academia Forma Física, Comercial Arca, e Associação de Cabos e Soldados Policiais Militares João Adauto Rosário (ACSJAR), onde coordena o projeto “Chutando as drogas”.
TRAVESSIA – Michel menciona: “Foram três dias e duas noites de travessia. Os equipamentos foram transportados nas mochilas, e tivemos de suportar o desconforto e fadiga. Numa maratona, o trajeto é de 42 quilômetros, e já corri três provas. Já na travessia, o percurso foi de sessenta quilômetros, e dispondo de poucos recursos. Então, um teste de sobrevivência”.