Pelotas comemora 113 anos com festividades na Boca do Lobo
Jogo de ex-atletas movimentou domingo no estádio mais antigo do país em funcionamento
É um período difícil para a história brasileira e também para o EC Pelotas. Aos poucos, o país vai vencendo a pandemia e o Lobão projeta o futuro, com a eleição para suceder o presidente Gilmar Schneider e pensar 2022. Antes disso, o passado entra em campo. Na Boca do Lobo, domingo especial com o encontro de ex-atletas do Áureo-Cerúleo, pelo aniversário de 113 anos do clube.
Coordenador da base do Pelotas, Felipe Müller, organizador do evento: “além do jogo, tivemos a festividade no Clube Esportivo Gonzaga. Grandes presenças: doutor Marquinhos (Marcos Dall’Oglio), cirurgião, operou até ex-presidente da República (José Alencar), mas foi nosso volante/meia. Passou pelo Internacional antes de estudar medicina. Ademir Alcântara, artilheiro do Gauchão de 1984, mais uma vez confirmado. São vários atletas, até por isso foram dois jogos”.
Amigo de Felipe e zagueiro formado na base áureo-cerúlea, Pablo discursou emocionado sobre o tema: “A base é a alma do clube. Sou feito na escolinha do Pelotas. É grande a importância da formação, a maioria dos clubes pelo Brasil trabalha nessa linha. É importante para aproveitar no profissional, não só para futuros negócios, mas também para identificação no clube. Tínhamos jogadores vinculados, identificados no vestiário: Eugênio, Perivaldo, Alexandre Gaúcho, Roger. Isso também gerava economia para o clube. Jogadores locais diminuem custos. O sonho é o Pelotas, pela estrutura que tem, investir mais nesse trabalho. A gente conversa sobre a região do extremo sul ser muito rica em talentos.”
Pablo Alves Almeida mora em Florianópolis, onde é representante comercial. No Pelotas, foi do Infantil e dos Juniores. “Profissionalizado pelo Galego no Brasileiro de 1989, quando tinha 20 anos. Fomos campeões do interior gaúcho naquele ano. Em 1992, com o Cassiá, quase chegamos às finais do Gauchão. Ganhamos no Olímpico, em Porto Alegre, mas perdemos na volta. Tínhamos o Perivaldo, o Alexandre Gaúcho, que até foi para o Grêmio depois. Fiquei no Pelotas até 1996 e depois saí para outros clubes.”
Pablo sabe da grandeza do Pelotas e espera por uma retomada do Lobo: “o torcedor vem conforme o momento. Ao fazer grandes campanhas, com time forte, a torcida vem junto. Hoje o Pelotas precisa voltar a pensar grande. Pensar nacionalmente”, destacou.
GRUPO VIRTUAL CHEGOU A 100 ATLETAS – “Nos organizamos com mensalidade, com a ajuda a ex-jogadores e também ações solidárias, como reformas em casas.” O grupo de WhatsApp dos ex-atletas começou com 10 jogadores em 2016. Por fim, Pablo comemorou o grande fim de semana de aniversário do Lobo: “Rever os amigos daqui, de São Paulo, de tantos lugares do Brasil, é show de bola. Reencontrar-nos, rever as famílias. O defensor Claudemir há quase 30 anos não vinha a Pelotas. Não tem preço, é um grande presente para nós”.
De história mais recente, a palavra do atacante Jefferson Luís, de 37 anos: “Foram momentos bons que vivemos em Pelotas. Conseguimos a Supercopa Gaúcha 2013 e a Recopa 2014. Estávamos perdendo para o Inter e viramos abaixo de chuva, com o torcedor emocionado. Foi um grande feito, contra grandes jogadores. Coisas que ficam marcadas para sempre”.
“Acabamos rebaixados no Gauchão. Estava machucado e não podia atuar. Foi um sentimento frustrante pela queda. Mas tivemos a oportunidade de, em 2018, voltar ao clube e fazermos o Pelotas voltar à primeira divisão. Uma sensação de dever cumprido na ocasião. Hoje em dia no futebol está mais raro ver grupos que compram a briga e se dedicam ao máximo.”
Jefferson hoje atua pelo Sapucaiense. “O Pelotas me marcou bastante, pelo torcedor participativo e, quando vamos bem, ficamos na história do clube. Fui artilheiro do Gauchão 2010 pelo São José, pude ir ao Coritiba, ao Guarani de Campinas, mas o Pelotas foi especial. É uma honra participar com ídolos, ex-jogadores que fizeram história. Feliz de participar e até de aprender com eles para a sequência da carreira e da vida. A gente espera confraternizar com experiências.”
Um dos mais jovens na festa, responsabilidade na atuação: “Ai de mim se não corre”, brincou Jefferson Luís. “É o mínimo que podemos fazer. É legal e muito bom. Esperamos um Pelotas forte na Divisão de Acesso, que o torcedor possa voltar a ser feliz quando passar a pandemia”, encerrou.
Fotos: Lucas Canez / EC Pelotas