Pelotas : Em entrevista ao Diário da Manhã presidente do Pelotas projeta novos horizontes para o clube
APÓS DOIS MESES : “A fase terrível já passou”
Lúcio Barreto, 34 anos, assumiu a presidência do Pelotas no dia seguinte ao último jogo da equipe no Campeonato Gaúcho. Uma despedida melancólica, com derrota de 3 a 0 para o Grêmio, em Novo Hamburgo, e com o clube rebaixado à segunda divisão. Depois de ocupar o cargo como presidente em exercício, por causa da renúncia de Ítalo Gomes, Barreto foi oficializado no posto de comandante do clube no dia 2 de abril.
Após dois meses, Lúcio Barreto vê o Pelotas com perspectiva de crescimento. O time está praticamente pronto para tentar “salvar” a temporada com o acesso para a Série C do Brasileiro. O técnico Julinho Camargo representa a esperança. “É de um treinador assim que nós estávamos precisando”, destaca o dirigente.
Fora de campo, o Pelotas necessita ampliar as fontes de receita, porque no restante da temporada terá duas despesas paralelas: a folha salarial do atual elenco e o pagamento das parcelas de negociação dos débitos contraídos no Gauchão. O apelo é para que o torcedor se associe. O plano é chegar ao final do ano, com, no mínimo, com 3 mil associados.
Há também negociação com investidores, envolvendo o patrimônio do clube. Uma das propostas – se avançar (e for aprovada) vai se constituir num marco histórico no Pelotas. Mas promete também dividir opiniões – e gerar polêmica -, separando os conservadores dos arrojados.
DIARIO DA MANHÃ – Já deu para virar a página do rebaixamento?
Barreto – A gente começou meio assustado, mas com um quadro dentro do esperado. Não só pelo rebaixamento, mas também pelo lado financeiro. A dívida do Gauchão estava em torno de R$ 540 mil. Mas depois de dois meses, conseguimos, com o Gastaud (Flávio, vice-presidente) e Marcelo (Neves, diretor financeiro) negociar 95% dessas dívidas. Isso é importante, porque com ações trabalhistas esse valor poderia chegar a R$ 1,5 milhão. A fase terrível já passou.
DM – Como enfrentar as despesas do clube, pagando os salários do atual grupo e cumprindo com esses compromissos acordados na negociação de dívidas do Gauchão?
Barreto – A gente tem vários projetos de marketing. Algumas coisas estão em andamento e poderemos ter boa notícia qualquer dia desses. São projetos iniciados ainda na gestão do Roberto Larrossa. Temos muito coisa na rua. Mas nosso patrocinador no momento é o associado. Sempre se pede o apoio da torcida, mas agora o dinheiro investido volta ao torcedor, através dos benefícios oferecidos pela ferramenta da i9card, um a rede que dá descontos na compra de produtos. Posso dizer que o calendário para o ano que vem, com o Pelotas na Série C, depende da participação do torcedor.
DM – Quanto sócios o Pelotas tem hoje?
Barreto – Está em torno de 1.000 associados. Mas temos um cadastro de 10 mil, que serão contatados agora para retornar. Nosso planejamento é chegar ao final do ano com número entre 3 a 5 mil sócios.
DM – Logo em assumiu a presidência você falou do mapeamento de espaços publicitários, que seriam comercializados na Boca do Lobo. Como anda essa iniciativa?
Barreto – É um dos projetos que se encontra com a área de marketing. São 85 espaços possíveis de comercialização na parte interna e externa do estádio.
DM – … E a terceirização da administração das cadeiras cativas?
Barreto – Havia esse projeto, mas não decolou. O Jorge Votto é que está cuidado de nosso patrimônio e deve fazer alguma coisa em relação às cadeiras cativas.
DM – E o aproveitamento comercial do espaço do lado da Rua Doutor Amarante?
Barreto – Tínhamos um projeto de uma empresa local, uma construtora (Zanin), mas chegou outro projeto de um investidor de Porto Alegre que é bem maior. A proposta da Zanin é de explorar aquela área embaixo da arquibancada da Amarante por 20 anos, com a construção de 15 lojas e mais um hotel com 32 suítes. Mas demos um tempo nessa negociação, porque o Conselho (Deliberativo) está analisando uma proposta bem maior, que envolve a Boca do Lobo e o Parque Lobão. É algo muito grande, que está com o Conselho. A diretoria executiva nem tem como decidir.
DM – O grupo, que está sendo formado é para a Série D. Depois, terá que começar tudo de novo para a Divisão de Acesso?
Barreto – Acho difícil, muito difícil mesmo manter a maioria desses jogadores e o próprio treinador. Até porque, a Série D pode terminar para nós em setembro, caso não se consiga a classificação. E de setembro até o início da Divisão de Acesso o tempo é muito longo. Vamos jogar agora o Brasileiro e depois planejar o próximo ano. Não estamos pensando na frente. Vamos dar um passo de cada vez. Neste momento, acreditamos numa grande campanha no Brasileiro. Formamos um grupo, em conjunto com o treinador, de muita qualidade. Estamos muito contentes como trabalho, principalmente com o Julinho, que é a peça fundamental nesse projeto.
DM – Qual a posição do Pelotas a respeito da proposta de apenas uma equipe ser promovida da Divisão de Acesso para a primeira divisão em 2015?
Barreto – Estamos acompanhando, mas não tem nada oficial ainda. Esta proposta é encabeçada pelo Fabrício Marin (diretor executivo do Brasil, a qual prevê a queda de três times da primeira divisão, mas o acesso de apenas uma equipe nos dois próximos anos). O curioso é que, quando o Brasil estava na segunda divisão, ninguém pensou nisso. Agora que eles subiram, a proposta de reduzir as vagas para o acesso partiu deles. Pelo que eu sei isso vai dar ainda muita discussão. O Pelotas vai apresentar sua posição na reunião da federação, no momento certo.