Diário da Manhã

Menos dois meses depois de um processo demorado para escolher o presidente do Pelotas para a gestão 2016/2017, o assunto volta à pauta na Boca do Lobo por conta da renúncia de Flávio Gastaud. A reunião de terça-feira terá a finalidade de escolher o novo ocupante do cargo, mas o debate será mais amplo: a situação financeira do clube e as opções para superar a crise ao curto prazo.

O presidente do Conselho Deliberativo, Moacir Elias, antecipa que não haverá convite oficial a candidato para assumir a presidência do clube. A ideia é permitir a construção da candidatura a partir dos debates entre conselheiros. “Vamos manter a mesma postura na condução do processo. É claro que as coisas são muito dinâmicas e pode surgir uma situação nova então vamos trabalhá-la”, completa o dirigente.

Conselheiros do Pelotas se reúnem na terça: reencontro após renúncia
Foto: Alisson Assumpção/DM

CRISE – Na carta de demissão, ex-presidente Flávio Gastaud alertou para o risco de o clube perder patrimônio por conta das dívidas e afirmou que a situação financeira é a pior dos 107 anos de existência do Pelotas. Um ponto da carta que gerou preocupação. Moacir Elias concorda que a situação é complicada. “É uma situação difícil, mas não posso avaliar se é a pior da história, até porque não vivi esses 107 anos. Cada momento tem sua característica. O certo é que vamos superar, com o apoio da torcida, esse momento difícil”, afirma.

Para o ex-presidente Manoel Soares, a crise não é tão grave assim. “Não concordo que seja a mais grave da história do Pelotas. Já vi outras mais graves e nem assim houve perda de patrimônio. O que houve foi uma acomodação nos últimos anos, com as diretorias não buscando recursos fora porque tinha a verba do Gauchão, quando o Pelotas estava na primeira divisão. Com o rebaixamento, a arrecadação caiu”, avalia.

O vice-presidente Roberto Larrossa vê um agravamento na situação atual, por conta dos dois condomínios de dívidas trabalhistas e pela adesão ao Profut. “São dívidas que se não forem pagas, o Pelotas perde o parcelamento. São situações que antes se podia empurrar com a ‘barriga’, mas agora não dá mais.”

Presente

O vice-presidente Roberto Larrossa (foto), que presidiu o clube em 2011/2012, vê quadro financeiro do clube mais grave neste momento. “Eu tenho dois condomínios trabalhistas, que preciso honrar todos os meses. Tenho o Profut, que se eu não pagar, deixou de ter um compromisso mensal para voltar a ter uma dívida de R$ 2 milhões com a União. Eram situações que antes se podia empurrar com a ‘barriga’, mas agora não pode mais”. Ele admite seguir no cargo de vice-presidente se houver afinidade com o presidente a ser eleito.

Futuro

O presidente do Conselho Deliberativo, Moacir Elias (foto), afirma que dois assuntos estão encerrados no clube. “A discussão sobre o aluguel ou não da Boca do Lobo é passado; a demissão de Gastaud também é passado. Vamos olhar para o futuro”. Para ele, a solução do momento difícil só será possível com o apoio da torcida. Moacir Elias tem demonstrado equilíbrio para coordenar as questões políticas do clube – até mesmo nos momentos mais tensos como o que caracterizou a discussão sobre a proposta de aluguel do estádio.