Pelotas poderá ter sua Casa de Cultura
Clube Caixeiral fomenta resgate à história regional
A agenda do presidente do Clube Caixeiral de Pelotas, Victor Hugo Siqueira, no Rio de Janeiro, nesta terça-feira(4), está focada em tratativas voltadas ao crescimento cultural da cidade. O dirigente tentará ajustar as possibilidades da fundação da Casa da Cultura de Pelotas, com olhares a todas as culturas que desfilam pela Princesa do Sul.
O foco da proposta que já está em andamento no Centro Cultural do Brasil, na Cidade Fluminense, é a preservação e fomento da história e cultura de Pelotas e região, na Metade Sul do Rio Grande do Sul. Segundo Victor, já há uma comissão local trabalhando para viabilizar a proposta ancorada pela história do Clube Caixeiral.
Victor Hugo Siqueira
HISTÓRICO CAIXEIRAL
Fundado em 25 de dezembro de 1879, sob liderança do imigrante espanhol Manuel Morales, o Clube Caixeiral de Pelotas tinha por finalidade agregar os caixeiros de loja da cidade, cujo objetivo seria a reivindicação de seus direitos trabalhistas, iniciando por seu descanso do trabalho, onde manifestavam o desejo do fechamento do comércio local aos domingos e dias santos (feriados). Surgia então o Clube União e Progresso.
O grupo permaneceu forte em seus ideais, conquistando assim a admiração de grandes nomes da sociedade local, os quais ao longo do tempo se uniram para defender a mesma causa: os direitos do trabalhador pelotense. Dos grandes nomes destacam-se Eugênio Belmondy, Germano Duarte, Dr José Brusque, Dr. Bruno Chaves, Dr. Edmundo Berchon, Dr. Joaquim Luís Osório, Carlos Echenique e Manoel Meira.
A atual sede social, na Praça Coronel Pedro Osório, centro histórico teve sua edificação concluída no ano de 1904, tendo o grande nome da arquitetura. Caetano Casaretto, assinado sua obra como o Palácio da Praça Coronel Pedro Osório. Imponente perante as demais edificações, ao longe se podia ver suas duas torres, que simbolizavam a vitória do caixeiro. Desde então o Clube Caixeiral de Pelotas se destaca por sua beleza arquitetônica e a por sua valorosa contribuição ao desenvolvimento de nossa Princesa do Sul.
Em sua fachada principal avista-se quatro estátuas, cada uma com um significado para o clube. No alto os deuses Mercúrio (comércio) e Hefesto (indústria), símbolos da forte ligação do Clube Caixeiral com a indústria e o comércio. Abaixo observa-se duas musas, uma com um livro (literatura) e outra com uma lira (música), símbolos das recreações do clube. Já em sua fachada lateral, observa-se ao alto cachos de uva, espigas de milho, ramos de louro e moedas de ouro simbolizando a riqueza. Além disso pode-se avistar máscaras, diversos instrumentos musicais de época, simbolizando o teatro, a arte e a cultura. A âncora nos define a navegação, meio de transporte mais utilizado para as mercadorias vindas de fora naquela época.
Em seu interior, aprecia-se em sua entrada belas escadarias em mármore de Carrara, piso em madeira de Pinho de Riga, uma das madeiras mais nobres existentes. Seus trabalhos em escaiolas e seu teto trabalhado vindo da Bélgica, seus espelhos bisotês e seus lustres de origem francesa dão ao ambiente um aspecto nobre e sugestivo, trazendo a memória tudo o que se depositou de bom gosto e o que a boa condição financeira poderia oferecer com fino mobiliário vindo da Europa. Neste majestoso salão grandes acontecimentos, importantes conferências e diversas solenidades marcaram sua trajetória com a participação de ilustres visitantes. Seu apoio incondicional ao esporte, a cultura e a educação são visíveis até hoje. Quanto a beleza feminina destaca-se Yolanda Pereira, primeira miss universo brasileira, além de Ezilda Lisboa, miss Rio Grande do Sul, ambas filhas desta casa.
Seus tradicionais bailes de carnaval culminando com o amanhecer a volta do redondo da praça e suas noites de gala nos tão esperados bailes de debutantes e coroações de soberanas estão eternizados na lembrança do povo pelotense. Este é o clube Caixeiral de Pelotas. O clube social mais antigo da Princesa do Sul.
