Pelotas realizou cerca de 1,8 mil exames para o novo coronavírus
Procedimentos incluem os efetivados pelo Lacen e pelos laboratórios privados, além dos testes de pesquisa da UFPel sobre o contágio do Sars-CoV-2
Desde os registros dos primeiros casos suspeitos de infecção pelo novo coronavírus no município, em março, iniciou-se a coleta de material dos moradores de Pelotas para análises laboratoriais, através de testes rápidos ou o chamado PCR. Confirmar ou não a contaminação é o objetivo da realização dos exames. Até essa semana, cerca de 1,8 mil pessoas foram testadas por meio dos dois diferentes métodos.
A Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde contabiliza aproximadamente 800 exames efetuados em menos de dois meses. De acordo com a chefe da Epidemiologia, Carmem Viegas, do total de amostras colhidas na cidade, quantidade em torno de 250 unidades foram encaminhadas ao Laboratório Central do Estado (Lacen/RS). O restante se divide entre testes rápidos e exames PCR, feitos por laboratórios privados.
Além das análises controladas pela epidemiologia local, há, ainda, o contingente testado durante as duas primeiras fases da pequisa da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que mapeia a expansão da pandemia no Estado: um total de mil moradores. Do montante de testados, o município tem confirmados, hoje pela Vigilãncia, 24 casos de infecção por Sars-CoV-2.
Profissionais têm primazia
Os profissionais da saúde e segurança entram nessa conta, como prioridade quando o assunto é análise. Pelotas recebeu duas remessas de testes rápidos para serem aplicados nas equipes dentro dos hospitais de referência no tratamento da Covid-19.
A Prefeitura, em parceria com a 3ª Coordenadoria Regional de Saúde, empreende esforços no levantamento em todas as instituições de saúde para efetivar essa testagem. Ela é realizada a partir do protocolo determinado pelo Ministério da Saúde (MS), como a percepção de sintomas de síndrome gripal.
“Os exames, segundo a Organização Mundial da Saúde, a OMS, são uma estratégia importante no controle da pandemia, juntamente com as ações de prevenção – como o isolamento e os hábitos de higiene”, salienta Carmem.
Tipos e diferenças
De acordo com os dados da Vigilância Epidemiológica, dois tipos de exames são utilizados para notificar os casos de Covid-19: os testes rápidos e o PCR – este último é a análise adotada pelas unidades de saúde para a confirmação de pacientes internados com suspeita de infecção pelo novo coronavírus. Existe um terceiro exame, o ELISA, um teste de sorologia, não disponível no Brasil.
Segundo a infectologista do Hospital Escola da UFPel, Danise Oliveira, o PCR identifica o vírus quando ele ainda está agindo no organismo e pode ser feito até o sétimo dia a partir da presença de febre e sintomas respiratórios, como tosse, secreção nasal e dor de garganta. O resultado do PCR chega a demorar até três dias e é realizado a partir da coleta de material biológico do paciente — secreções oral e nasal — à procura de material genético do vírus. Além de determinar a infecção, o procedimento é capaz de constatar se a pessoa ainda é transmissora do Sars-CoV-2.
“Essa é a grande vantagem do PCR, pois, a partir da carga viral, podemos determinar se o paciente ainda é fonte de contágio ou não”, explica a especialista. Conforme a médica, aqueles que forem considerados leves transmitem o vírus e mantém o teste positivo por até 14 dias, enquanto os doentes graves são transmissores por mais tempo, alcançando 30 dias.
Já os testes rápidos, como o próprio nome diz, têm diagnóstico em poucos minutos e são feitos com apenas uma gota de sangue. Essa modalidade revela os anticorpos existentes no organismo, ou seja, se já houve o contágio.
“O IgM e o IgG, as imunoglubinas-moléculas produzidas pelo organismo em resposta a antígenos, nesse caso o coronavírus, positivam simultaneamente se a coleta for feita a partir do oitavo dia dos sintomas”, esclarece Danise.
Falsos negativos
A médica alerta para a necessidade de respeitar a janela epidemiológica de cada teste, ou seja, o período que ele é recomendado para ser feito: um cuidado que evita “falsos” resultados. “Se você pedir um PCR quando a pessoa tiver mais de dez dias de sintomas, ele virá negativo. Mas ele não deveria ter sido solicitado nesse período, e, sim, dentro do espaço de tempo entre três e sete dias de apresentação dos sintomas”, compara Danise.
Deve-se proceder ao teste rápido após oito dias dos primeiros indícios da enfermidade. “Se hoje eu tenho um paciente com mais de dez dias de sintomas, por mais que o PCR possa ver o vírus, fazer genoma viral, ele não serve mais: provavelmente, virá negativo. Então, eu tenho de utilizar o outro teste, de anticorpos”, justifica a infectologista.