Pelotas registra menor índice de gravidez precoce em duas décadas
Mesmo com declínio dos indicadores, Município segue com ações do Pacto Pelotas pela Paz, que envolvem Saúde, Educação e Assistência Social
Pelotas registrou, em 2018, o menor índice de gravidez precoce em 20 anos. O dado foi divulgado no 1º Encontro de Estratégias para Prevenção da Gravidez na Adolescência no Município, organizado pelo Pacto Pelotas pela Paz, através do programa Infância Protegida. O evento reuniu cerca de 60 profissionais das redes de Saúde, Educação e Assistência Social, entre médicos, enfermeiros, professores, orientadores, psicólogos e assistentes sociais.
De acordo com a coordenadora do programa, Carmem Viegas, o objetivo é transcender os muros das instituições e trabalhar, cada vez mais, em rede e de forma intersetorial, com vistas a intensificar o declínio destes indicadores. As ações de prevenção no Município, em 2018, refletiram na menor taxa registrada nas últimas duas décadas: 12,1%. O valor é referente à porcentagem de bebês com mães adolescentes, com idades de 10 a 19 anos, em relação ao número de nascidos ao ano.
Mesmo com a redução gradativa evidenciada nos últimos anos – desde 2013, os índices apenas diminuem –, o número de meninas e meninos envolvidos em gestações precoces ainda preocupa a Prefeitura. No ano passado, nasceram 502 bebês com mães adolescentes. O aspecto é um dos fatores de risco ligados à violência que o Pacto Pelotas pela Paz busca enfrentar, por meio da difusão de conhecimento e da informação, especialmente, nas escolas – o grande centro de prevenção à violência.
ESTATÍSTICAS
Elaborado pelo Observatório de Segurança Pública do Município, o mapeamento dos casos de gravidez identificou que a incidência não está concentrada em uma região específica da cidade, considerando a existência de episódios em todos os bairros de forma homogênea. Até agora, o ano de 2019 também aponta uma redução significativa nos indicadores. Enquanto de janeiro a julho de 2018, 311 casos de gravidez precoce foram registrados entre as 2.474 gestações no município (12,6%), o mesmo período deste ano indica 208 casos dos 2.095 (9,9%)
Para a secretária de Saúde, Roberta Paganini, o trabalho em rede é fundamental para encontrar melhores resultados. Ela também defende o papel da prevenção realizado dentro dos educandários. “Ter um filho é uma grande responsabilidade e traz muitos desafios, sobretudo aos adolescentes que, devido à idade, não estão preparados, até mesmo por uma questão biológica”, afirmou.
IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO
A psicóloga Marlise Flório Real foi a convidada do evento para conversar sobre a temática com os profissionais. Com mais de 40 anos de experiência e especialização na área, ela defendeu a relevância destas pessoas, envolvidas diretamente com crianças e jovens inseridos neste contexto, adquirirem conhecimento, a fim de que possam ajudar estes adolescentes com informações e não julgamentos.
“Eles vão sempre buscar conversar com quem confiam; às vezes, estas pessoas são vocês”, disse. A psicóloga também abordou questões científicas, como as diferenças entre puberdade e adolescência, e as características e sentimentos inerentes a cada etapa.
INFÂNCIA PROTEGIDA
O programa do Pacto também está voltado para outros aspectos da proteção com a primeira infância, entre eles a erradicação do sub-registro civil, a atualização e consolidação do fluxo de atendimento a menores vítimas de violência – que envolve o Ministério Público, a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente e o Conselho Tutelar – e o fortalecimento de vínculos familiares.
No ano passado, com a meta de instrumentalizar os professores das redes de ensino municipal e estadual, a Prefeitura preparou dois materiais gráficos para os profissionais debaterem o tema em sala de aula: um guia aos estudantes e um jornal para os professores. Aos alunos da rede de ensino, foram destinados cerca de 25 mil exemplares do material e, aos docentes, aproximadamente 3 mil. O Programa Saúde na Escola (PSE) é um dos agentes fundamentais para a realização destas atividades nos educandários.
A responsável pela 5ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Alice Maria Szezepanski, e o coordenador do Pacto, Samuel Ongaratto também estiveram no encontro da última semana.