Pelotas vacina população indígena contra o coronavírus
Marco Salvador, de 27 anos, morador da Aldeia Kaigang Gyrô, na Cascata, foi o primeiro indígena a ser vacinado contra o coronavírus em Pelotas. Com o frasco do imunizante nas mãos, posou para fotos e comemorou a chegada da vacina .”É um privilégio grande receber a vacina, todos esperavam esse momento, toda a nação, não só os indígenas. Agora quero incentivar outros a também se protegerem contra essa doença”, disse Salvador após receber a dose. Além de Marco outros 27 indígenas, moradores de duas aldeias localizadas em Pelotas, receberam a primeira dose da CoronaVac na manhã desta quinta-feira (21).
O diretor do Theatro Sete de Abril, Giorgio Ronna, que representou a prefeita Paula Mascarenhas na ação, juntamente com a responsável pela Saúde Indígena da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Bianca Medeiros, entregaram as vacinas aos técnicos da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) para serem aplicadas nos aldeados. Ronna salientou a importância da priorização dessa população na primeira fase da campanha.
“Eles têm um trabalho cultural muito importante, temos um diálogo muito próximo com eles sobre a preservação da cultura indígena. Essa é mais uma demonstração da preocupação em cuidar desse povo tão importante para todos nós”, afirmou o gestor municipal.
A aplicação na aldeia Kaigang foi acompanhada de perto pelo cacique Pedro Salvador, que como manda a tradição estava de cocar e não escondeu a satisfação em ver os liderados serem imunizados.
” Eu me esforcei para segurar o meu povo na aldeia, para que ninguém ficasse doente. Tentei impedir ao máximo que fossem para cidade vender os produtos que nós fazemos. Agradeço a ajuda que tive com alimentos, principalmente da prefeita Paula. Agora estou feliz com a vacina”, afirmou sorridente o cacique que também acompanhou a vacinação de seu pai, de 74 anos, na casa em que ele mora dentro da aldeia.
Como há uma orientação do Ministério da Saúde para que gestantes, mulheres que estejam amamentando e menores de 18 anos não sejam vacinados, dos 48 moradores da comunidade Kaigang, 25 receberam a primeira dose da Coronavac. Já na aldeia Guarani, localizada na Colônia Maciel, das sete pessoas que vivem no local, três foram imunizadas. Entre elas a cacique Santa Vilhalva de 58 anos, que falou pouco durante a imunização, mas expressou no olhar a alegria em receber a vacina.
Porque grupo prioritário
A inclusão dos indígenas nos grupos prioritários para a vacinação, prevista no Plano Nacional de Imunização, foi determinada pela forma como eles vivem- em aldeias, o que pode facilitar surtos da Covid-19 se um integrante tiver contato com um positivo para coronavírus, explicou a responsável da SMS por essa população.
“Já houve pesquisas que mostram que para eles os sintomas tendem a ser mais graves podendo levar a óbitos. Em função disso os indígenas são considerados população de risco”, explicou Bianca.
Em nenhuma das comunidades indígenas do Município houve registro, até agora, de casos positivos de Covid-19. A partir de agora, a SMS irá monitorar os vacinados e a segunda dose deve ser aplicada em um prazo de até 30 dias.