Pelotense realiza sonho e se destaca no futebol americano na Áustria
Conheça a história de Patrick, criado no bairro Fragata, escalante no cenário nacional da modalidade, com convocação para seleção brasileira e atualmente jogador na Europa
Por: Henrique König
Nascido em Pelotas na manhã de 22 de novembro de 1995, no hospital São Francisco de Paula, Patrick Nunes Rubira hoje constrói uma trajetória consolidada no futebol americano, a modalidade da bola oval, predominante nos Estados Unidos, mas que se espalha pelo mundo. Atualmente joga pelo Danube Dragons, da Áustria.
Cria do bairro Fragata, Patrick vivenciou a infância na Guabiroba, na rua Campos Sales, morando com a avó e com a mãe. Trocou de endereço algumas vezes, mas sempre pelo bairro-cidade, até 2017, quando saiu de Pelotas pela primeira vez em função do futebol americano. Na modalidade, joga na linha ofensiva. Protege o quarterback, o ‘lançador’ do jogo.
Patrick chama atenção por ser alto e pesado. Sempre buscou espaço no esporte, praticando basquete por muitos anos, com os professores Ari Borba e Chocolate. Também tocava na banda do Colégio Municipal Pelotense, sendo tricampeão estadual. Mas quis o destino que se apaixonasse por outra modalidade: o futebol americano. Conheceu o jogo da bola oval em um treino no estádio do quartel, na Avenida Duque de Caxias. “Fui no primeiro treino e gostei bastante. Achei que me daria bem nesse esporte. Fui conhecendo pessoas, trocando experiência e construindo minha técnica.”
As cidades de Rio Grande e Pinheiro Machado foram fundamentais nesses novos contatos, quando os pelotenses se juntaram ao time do Pinheiro Machado Rams.
Foi para cidade de Santa Cruz do Sul jogar pelo Santa Cruz Chacais em 2017. “Aí minha vida mudou. Passei algumas dificuldades, mas consegui tirar sempre o melhor das situações. Comecei a enxergar as possibilidades no futebol americano. Então foquei na academia, na técnica e observava os melhores do que eu. O ápice para nós era almejar a seleção brasileira. Um dos meus ídolos estava lá, o Dhiego Taylor, que todos chamam de ‘o
Gordo’. Então eu sempre me espelhava nesses caras, além dos atletas da NFL”, a liga norte-americana da modalidade.
2017 – jogou nos Chacais até junho. Voltou para Pelotas, para estar perto da família.
2018 – voltou para os Chacais. Teve proposta do Santa Maria Soldiers, também de times de São Paulo e do Nordeste brasileiro.
2019 – proposta e ida ao Sorriso Hornets, no Mato Grosso. “2019 foi meu melhor ano tecnicamente, fisicamente e mentalmente.” Depois disso teve propostas dos clubes de Minas Gerais, o Atlético Mineiro e o Cruzeiro.
Fechou com o Galo Mineiro, mas não foi para lá, por conta do começo da pandemia. Realizou treinos online, mas acabou voltando para Sorriso. Aceitou proposta de Manaus, mas ficou apenas dois meses.
2021 – voltou para Pelotas, perto da família, tentando ganhar a vida durante o difícil período da pandemia. Depois retornaram para Sorriso, cidade de sua ex-esposa. Foi convidado para duas partidas pelo time de Goiânia, atuou bem, postou os lances na internet e explodiu a carreira de vez, com novas propostas e a tão sonhada convocação para seleção brasileira.
Então, Patrick recebeu proposta do Danube Dragons, de Viena, capital da Áustria. Não pensou muito: era mais um sonho realizado.
“Não tenho palavras para a estrutura aqui, é diferente de tudo que eu já tinha visto no futebol americano. O primeiro choque cultural é o idioma. Falo Português e Inglês e aqui predomina o Alemão, mas o pessoal se comunica muito bem no Inglês. Estou aprendendo sobre a cultura e a linguagem. A diferença de temperatura é grande. A cidade é bastante segura e limpa, o metrô parece novo, mas é antigo. Acho maravilhosa a cultura, com músicas, as danças, o hábito do teatro. Estou achando incrível”, revelou.
O campeonato consiste em 15 rodadas antes dos playoffs, os mata-matas. “Procuramos as primeiras posições, dando o máximo de nós para chegar às finais.” Segundo Patrick, a venda de ingressos é natural, como se fosse o hábito do futebol para os brasileiros. Os torcedores comparecem, gritam e cantam. As transmissões pela televisão também são bem completas, com câmeras por vários ângulos.
Há um limite de estrangeiros por equipe e Patrick é um deles no Danube Dragons. Afirma que tem dois colegas dos Estados Unidos, do Texas, e outros dois europeus de fora da Áustria.
“Sei jogar no ataque e na defesa. Atualmente atuo mais no ataque. A linha de frente são cinco caras gigantes para proteger o quarterback (QB). Atrás de nós tem o quarterback e o running back. O quarterback recebe a bola e pensa se vai fazer um passe ou uma corrida. Se ele resolve fazer o passe, temos que dar tempo a ele. Bloqueamos os adversários para abrir caminho a ele”, resume sobre sua função em campo. Assim como no futebol que estamos acostumados a assistir, no futebol americano, dos capacetes e ombreiras (shoulder pads), também são 11 jogadores para cada lado.
“Sou taxado como monstro, como besta, porque entro em campo para atropelar. Não deixo cair a vibe, nem minha, nem do time. Diferente do basquete, em que há várias chances durante o jogo, o futebol americano necessita estar sempre atento, o tempo todo. Quando a bola entra em movimento, muita coisa acontece ao mesmo tempo”, destaca a adrenalina.
“Meu objetivo hoje é chegar o mais longe possível e incentivar as pessoas a lutarem por seus sonhos: é para que as pessoas pensem, ‘se ele consegue, eu também consigo’. É nunca desistir. No meio do percurso vai acontecer muita coisa, mas é natural da vida. E as pessoas são diferentes e sentem diferente. Procuro me colocar no lugar delas para saber a dor que elas sentem e tentar ajudá-las”, mostra seu espírito altruísta.
Procurando se adaptar da melhor maneira ao fuso-horário e aos hábitos no meio da Europa, Patrick luta por novas convocações à seleção brasileira, para continuar vivenciando e vivendo do esporte. Um cidadão criado na cidade de Pelotas e conquistando seu espaço pelo mundo. Ele cobra mais estrutura local.
“Agradeço à minha mãe, Claudia Leite Nunes, ela que me criou, sempre, sempre me incentivando, me colocando para frente. Agradeço a meus amigos de Pelotas, aos companheiros de time. Tenho certeza que se o GE Brasil ou o EC Pelotas emprestassem um campo para treinamento, para alguns treinos por semana, ou a prefeitura disponibilizasse equipamentos, local para treinar, muitos sairiam de Pelotas no futebol americano para ganhar o país e o mundo. Agradeço aos meus treinadores, aos presidentes das equipes e às famílias que sempre me acolheram. Agradeço a Deus,
porque, mesmo que não acredite nele, você precisa acreditar em algo. Agradeço a mim mesmo por não ter desistido. Hoje sou um vencedor.”
Para saber mais sobre Patrick, o contato de seu assessor de marketing e representante no Brasil é o de Vagner Soares Farias. [email protected] ou telefones (53) 984024733 e (53) 991400268.