Pelotenses comentam experiência da arbitragem no futebol surdolímpico
Por: Renan Turra Silva
A 24ª edição das Surdolimpíadas terminou domingo em Caxias do Sul deixando saudades. Para os atletas, é claro, mas também para quem esteve envolvido com o evento de outras formas. Como a arbitragem do futebol de campo. Neste domingo, aconteceram as finais do campeonato no Estádio Centenário. E apesar da postura sempre séria dos árbitros, nenhum deles fez questão de esconder o orgulho de viver esta experiência tão rara. Semelhantes às tradicionais decisões de Olimpíadas, as partidas decisivas do futebol tiveram EUA e Polônia, no feminino, e Ucrânia e França, no masculino. Norte-americanas e ucranianos conquistaram o ouro, em dois jogos de bom nível técnico. A principal diferença esteve na maneira de conduzir os jogos. “Os árbitros centrais utilizam, além do apito, uma bandeira, assim como os assistentes, para sinalizar infrações.
O posicionamento também muda, já que eles precisam ficar no campo visual dos atletas. Gestos também são muito utilizados”, explicou o pelotense Maicon Zuge, um dos coordenadores da arbitragem de futebol de campo da 24ª Surdolimpíada. Jean Pierre Lima foi responsável por comandar a decisão masculina das Surdolimpíadas. Atuou também como árbitro de Irã e Camarões e foi reserva em Itália e Holanda e Estados Unidos e Polônia, no feminino.”É a primeira vez que atuo em uma competição assim. Uma baita experiência. Convivência com várias nacionalidades e culturas diferentes. Não senti grandes dificuldades quanto à adaptação e à maneira de atuar”, comentou. Segundo Jean Pierre, os atletas colaboram com o desenrolar dos jogos. Uma realidade distinta dos duelos profissionais visados pelo grande público. “O jogo parece que volta à sua essência histórica como jogo de cavalheiros. Atletas muito educados, com um foco bastante amplo com o que acontece ao redor. Eles próprios, quando sentem que existe uma chance de haver infração, buscam as referências das bandeiras para se informar.”
“Outra situação interessantíssima, quando um atleta não percebe a sinalização de alguma infração, o próprio adversário gesticula e mostra que houve uma interrupção do jogo. E não existe tentativa de ludibriar seu oponente com essa situação. Por isso achei muito parecido com a essência histórica”, explicou o árbitro, acostumado a grandes clássicos do futebol. 46 árbitros estiveram envolvidos nos jogos de futebol de campo da Surdolimpíadas, sendo cinco pelotenses: Jean Pierre, Érico Andrade, Eduardo Bastos, Rui Vergara e Paulo Ivan Ávila.