Percentual de famílias endividadas tem novo aumento em julho, aponta pesquisa da Fecomércio-RS
A Fecomércio-RS divulgou nesta segunda-feira, dia 09, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência das Famílias gaúchas (PEIC-RS) a qual mostra que 79,4% das famílias afirmam estarem endividadas. O dado representa o maior percentual desde maio de 2011, quando registrou 80,4%. No mês de junho desse ano, o percentual de famílias que relataram a condição de endividadas foi de 78,6%. Em relação a julho do ano passado, foram 62,8%. A pesquisa aponta para um cenário de aumento sustentável do endividamento, tendo em vista que os indicadores de inadimplência seguem bastante acomodados em patamares baixos.
A PEIC-RS também avalia a condição do endividamento por grupos de renda. Nas famílias que recebem até dez salários mínimos de renda mensal, o percentual de endividadas foi de 81,3%, e nas famílias com mais de dez salários mínimos foi de 71,6%. Apesar do aumento sucessivo de pessoas endividadas, a parcela da média da renda comprometida com dívidas foi de 19,9%, reduzindo-se na comparação mensal (20,4%) e em relação ao mesmo período do ano anterior (21,3%). O tempo de comprometimento com dívidas também reduziu (atualmente em 5,8 meses).
Segundo o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, a expansão do endividamento sugere que o crédito vem sendo a alternativa escolhida pelas famílias para assegurar o consumo, num contexto de alta dos preços e fraco desempenho do mercado de trabalho, mas também um aumento do financiamento imobiliário e de automóveis. “Contudo, ao que parece, esses fatores ainda não têm exercido pressões negativas sobre a renda das famílias”, afirmou.
O percentual de famílias com contas em atraso, dentre o total de famílias, registrou 22,3%. No mês passado, esse valor correspondia a 20,8% e em julho de 2020 a 27,8%. Embora as famílias relatem não ter tido aumento na parcela da renda comprometida com dívidas, pelo segundo mês consecutivo o percentual de famílias com contas em atraso apresentou leve aumento. Este movimento, em um contexto de baixo desempenho no mercado de trabalho e expectativa de aumento das taxas de juros, acende um sinal de alerta para a possibilidade de piora nas taxas de inadimplência para os próximos meses. Entretanto, o patamar permanece confortável do ponto de vista global e bem abaixo de marcas históricas.
A taxa de famílias que não terão condições de quitar suas dívidas dentro dos próximos 30 dias sinaliza um grau de persistência da inadimplência. Em julho passado essa taxa registrou 4,9%, o menor valor desde novembro de 2018 (4,7%). O tempo de contas em atraso também se reduziu. “A inadimplência permanece sob controle, mas num cenário de juros em alta é fundamental acender o sinal de alerta”, concluiu Bohn.