Percentual de famílias gaúchas endividadas aumenta e tem maior patamar desde fevereiro de 2018
Pesquisa da Fecomércio-RS aponta endividamento controlado, porém com piora em alguns indicadores de inadimplência
De modo geral, os dados revelam quadro de endividamento ainda controlado, porém, com tendência de piora em alguns indicadores de inadimplência. A análise por grupo de renda mostra que o resultado na margem foi puxado pelas famílias com menos de dez salários mínimos (que compõem 80,7% da amostra), com avanço na quantidade de endividados e de famílias com dívidas em atraso. Já o percentual de famílias que não terá condições de pagar suas dívidas nos próximos 30 dias teve um pequeno aumento na margem.
A lenta recuperação do mercado de trabalho através das ocupações informais é um dos pontos que contribuem para o resultado, de acordo com o presidente de Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn. “A instabilidade da renda, característica da informalidade, reflete na imprevisibilidade da receita das famílias, que podem encontrar maior dificuldade para manter as contas em dia”, comenta Bohn.
A parcela da renda comprometida das famílias, na média de 12 meses, teve um pequeno avanço em relação a maio, atingindo 30,0%. No mesmo período, o tempo de comprometimento com dívidas foi de 5,3 meses, uma redução considerável comparação ao ano passado, ocasião em que o indicador era de 7,4 meses.
O cartão de crédito ainda é o principal fator responsável pelas dívidas, conforme apontado por 78,1% dos entrevistados. Na sequência, aparecem os carnês (22,9%), crédito pessoal (11,1%) e financiamento de carro (10,5%).
O percentual de famílias com contas em atraso teve o quarto aumento consecutivo na margem e se aproximou do nível registrado em junho de 2018, no entanto, o percentual manteve-se abaixo do patamar (22,1%) verificado no mesmo período do ano passado (23,0%). Paralelamente, houve aumento no grupo de famílias com dívidas em atraso com rendimento de até dez salários mínimos, passando de 19,2% para 23,2%. Já entre aquelas com rendimento maior, a variação foi pequena, de 17,8% para 17,3%. Na média em 12 meses, o indicador ficou praticamente estável (18,5%), bem como o tempo médio de atraso das contas, que registrou 62,3 dias.
Outro subindicador que registrou aumento foi o de percentual de famílias que não terão condições de regularizar nenhuma parte de suas dívidas nos próximos 30 dias (8,0%), valor acima do verificado no mês passado (7,6%) e em junho de 2018 (5,6%). Na média em 12 meses, o indicador passou de 5,6% para 5,8%. Pela estratificação por grupo de renda, o indicador registrou 8,3% em jun/19 para o grupo com rendimento até dez salários mínimos, enquanto o grupo com rendimento acima de dez salários manteve-se praticamente estável, registrando 6,5% frente a 6,4% em mai/19.
O patamar elevado do indicador em relação ao ano passado se deve, em parte, ao baixo valor registrado em jun/18, que foi seguido por oscilações em baixos níveis nos meses seguintes. Desta forma, apesar da terceira variação positiva na margem, o percentual de famílias que não terá condições de regularizar suas dívidas dentro de um período de um mês se mantém distante do maior valor da série (15,9%) registrado em out/16.