PESQUISA EMATER : Levantamento mostra que Jovem quer ficar no campo
Mais de 90% dos jovens que estão hoje no campo pensam em permanecer nas propriedades rurais e fazer a sucessão. Esse foi o dado que mais chamou a atenção entre as questões que apareceram em uma pesquisa realizada pela Emater/RS-Ascar em 493 municípios gaúchos. O resultado do levantamento foi apresentado ontem, na Casa da Instituição, na Expointer, em Esteio, pela coordenadora da pesquisa, Clarice Bock. O objetivo foi conhecer a realidade dos jovens assistidos pela Extensão Rural e Social.
Foram analisados 7.896 questionários que foram aplicados com agricultores familiares, indígenas, quilombolas, pescadores artesanais e assentados da reforma agrária. “Quase 5.000 respostas foram positivas para o desejo do jovem de permanecer no campo e a renda ficou em terceiro lugar”, comentou Clarice. O desejo de ficar no campo está nos laços familiares, pelo vínculo com o rural, pelas questões financeiras e pela dificuldade de adaptação ao urbano.
Outro dado que ficou demonstrado foi que a maioria dos jovens que permanecem no campo está buscando qualificação profissional. A grande maioria tem o ensino médio completo e, aproximadamente, 800 estão cursando o terceiro grau. Além disso, 74% dos jovens que estão à frente dos empreendimentos familiares são solteiros e do sexo masculino e 68% estão satisfeitos com a remuneração atual. E 96% das famílias pesquisadas entende ter condições de permanecer na propriedade.
“A pesquisa servirá para termos uma radiografia que irá nos ajudar a planejar ações, criar estratégias que incentivem o jovem a permanecer no meio rural com qualidade de vida”, avaliou o diretor técnico da Emater/RS, Lino Moura.
Exemplo de perseverança
Luciana Loewenstein Justin, jovem produtora de Itati, que está participando do Pavilhão da Agricultura Familiar, na Expointer, traz na expressão a felicidade em ter permanecido na “roça”. “Não queria ficar na roça. Era muito cansativo ficar embaixo do sol forte. Hoje não. Temos outras formas de trabalhar, por exemplo, em estufas e com a agroindústria da família”, reflete a jovem, que tem mais três irmãs que também tiram o sustento da agricultura. Duas delas fizeram faculdade, mas não exercem as profissões escolhidas. Luciana, que já trabalhou no sistema bancário, hoje toca a agroindústria Cantinho da Natureza, que produz chips de banana, batata-doce e aipim. “Quero muito buscar mais qualificação. Já estou agendada para fazer, em janeiro, curso de morangos e tomates em estufa. Tudo orientado pelo Escritório Municipal da Emater. E vou fazer o curso com os meus pais também. O meu projeto para um futuro próximo é investir na agroindustrialização de produtos à base de morangos.”